Inspiração

O casal Adriano e Gabriela Rosinato viaja com a filha Vitória desde quando ela tinha apenas 2 meses de idade. Eles fazem longas viagens todos os anos e já rodaram mais de 6 mil km na mesma trip!

A chegada de um filho pode modificar muitas coisas na rotina de uma família. Ter um bebê em casa exige cuidados específicos e atenção redobrada. Mas, nada disso precisa ser um empecilho para que pais e filhos curtam muitas viagens e aventuras juntos.

Nós conhecemos recentemente a história da família Rosinato e eles são a prova viva de que é possível aproveitar intensamente a vida, seja como casal ou com a companhia de um bebezinho. Os pais, Adriano e Gabriela Rosinato, sempre gostaram de estar em contato com a natureza, de viajar e se aventurar em montanhas, praias e até no céu, em voos de paraglider. Quando receberam a notícia de que a filhota, Vitória, estava à caminho eles tomaram a decisão de continuar a viver da mesma forma e apresentar à filhinha desde bebê como a vida ao ar livre é maravilhosa.

A primeira grande viagem deles após o nascimento da Vitória aconteceu quando a filha tinha apenas 8 meses. Os três saíram de Caxias do Sul (RS) e partiram em uma caminhonete rumo a Santiago (Chile). Foram mais de 5 mil km e 65 horas de viagem. Parece muito, mas eles garantem que aproveitaram cada segundo dessa experiência.

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato

Desde então eles não pararam mais e as aventuras e longas viagens de carro pela América do Sul se repetem a cada ano, com destinos diferentes e as mais diversas atrações e descobertas pelo caminho.

Para entender melhor como é a logística, as dificuldades e as alegrias em viajar com uma criança, nós conversamos com a mamãe, Gabriela, que nos contou tudo e garante que as viagens com crianças são excelentes oportunidades para fortalecer ainda mais os laços familiares. Segundo ela, nem existem dificuldades: “As dificuldades vêm das nossas crenças que nos limitam!”.

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato

Confira abaixo tudo o que ela contou pra gente e inspire-se nessa história 😉

The North Face Brasil: Quando e como começou a relação de vocês com viagens longas e aventuras?

Gabriela Rosinato: O Adriano já tinha feito uma viagem longa de moto. Ele é aventureiro e amante da natureza desde sempre, é piloto de paraglider, surfa, curte stand up paddle, já competiu em enduro de moto, tem moto esportiva.

Eu sempre gostei de estar em contato com a natureza. O meu pai tem um sítio onde passei a maior parte dos meus fins de semana na infância e adolescência. Sempre adorei esportes e fui muito competitiva, mas minhas viagens longas e de aventura começaram com o Adriano.

Ainda como namorados fomos fazer snow no Vale Nevado – Chile. A vibe foi tão boa que noivamos em um destes dias de snow, ainda me emociono lembrando deste momento.

Um ano depois marcamos outra viagem para mais uma temporada de snow e o Adriano queria muito repetir a viagem de moto, agora de caminhonete comigo. Porém, veio a notícia da Vitória! Então mudamos um pouco o roteiro, porque a mamãe aqui não poderia fazer snow.

Fomos ao Valle Nevado, papai fez snow, depois fomos para Iquique, onde Adriano voou de paraglaider e por último fomos até o Atacama. Ainda na barriga da mamãe, Vitória já tinha feito uma super viagem.

TNF: Vocês já eram aventureiros antes de se conhecerem?

GR: O Adriano já! Eu curtia, mas não tinha tido oportunidade ou parceria para tais coisas.

Eu tive muita sorte de ter alguém que me colocou nestas aventuras, porque temos vários exemplos nos quais os papais viajam e as meninas ficam em casa. O Adriano sempre fez questão que as aventuras fossem para a família.

TNF: Quais são as atividades preferidas de vocês?

Vitória:  viajar, acampar, trilha, andar de moto, quadriciclo, voar, ginástica, stand up paddle, fazer mandalas com a mamãe e tirar fotos.

Adriano: Ama, ama, ama voo livre, surf, moto, quadriciclo, trilhas, fotografia e viajar.

Gabriela: Eu gosto de estar em contato com a natureza, praia, me arrisco no stand up paddle, voar (aproveito o piloto e faço alguns voos duplos com ele) e viajar.

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato

TNF: Como que eram essas viagens antes da filhota? O que mudou depois dela?

GR: As viagens continuam na mesma vibe. Uma coisa que foi muito legal quando começamos a viajar com a Vitória, como ela era bebezinha e estava em fase de introdução alimentar e a alimentação é uma coisa que nunca abri mão de cuidar, começamos a frequentar apart hotéis, cabanas, hostel que tivessem uma cozinha disponível. Isso nos proporcionou vivenciar mais ainda os lugares. Adoramos ir ao supermercado local e preparar nossa comida, tentamos até receitas típicas!

TNF: Você comentou que a primeira viagem longa que fizeram foi quando ela ainda eram bebezinha. Como vocês chegaram à conclusão de que seria uma boa ir tão longe com um neném tão pequeno?

GB: Quando a Vitória fez 1 mês, fomos com ela à praia. De Caxias do Sul até a praia que fomos, foram 200km.

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato

Com 2 meses e pouquinho já estávamos em Florianópolis, a 400km. Começamos com viagens curtas e fomos aumentando, mas as viagens sempre foram bem frequentes. Na primeira grande viagem, tínhamos o objetivo de chegar em Santiago, no Chile, mas íamos numa boa, íamos passeando, viajávamos um pouco, parávamos, trocava uma fralda, dava uma voltinha, mamava e ia mais um pouquinho.

TNF: Quais foram as dificuldades dessa viagem?

GR: Não tivemos dificuldades. Estávamos bem prevenidos, tínhamos preocupações com a comida, porque ela [Vitória] estava com 8 meses, mas nem nesta e nem nas outras viagens tivemos dificuldades com a Vitória ou por causa dela. É um grande erro pensar que elas são dificuldades.

As dificuldades vêm das nossas crenças que nos limitam. Tem uma frase que gosto muito: “A felicidade é o modo de viajar e não o destino”. Se você achar que seu filho passar horas dentro de um carro vendo passagens incríveis é uma “judiaria”, teríamos tido dificuldades. Entende? Você tem que fazer a criança participar da viagem. Estimule-a a sentir, olhar, escutar, fotografar. Desde o ano passado, a Vitória tem arriscado umas fotinhos!

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato

TNF: Quais foram as principais descobertas que esta experiência proporcionou a vocês?

GR: Uma família dentro de uma caminhonete viajando é muito bom. A família entra em conexão! É uma terapia familiar muito boa, um autoconhecimento pessoal e familiar.

Nós tivemos a certeza do que já pensávamos: que um bebê ou uma criança não precisa de muita coisa. Ela precisa de amor, carinho, respeito e atenção. Isso, nós conseguimos longe ou perto, em casa ou fora de casa.

Agora a principal descoberta é o resgate. Quando se faz uma viagem longa existe um resgate do que é essencial. O trabalho deve ser de equipe, de família. Nós mesmo fazemos nossas coisas, nossa comida, montamos nossa barraca etc.

A Vitória teve oportunidade de brincar com meninas da Suíça, Holanda, Argentina, Chile… Como se entendiam? Se entendiam. Ela brincava em parques e em camping sem professores, monitores, sem muros. E quando falo em resgate, como seria bom se o legal hoje fosse o terreno em frente à praça e não naquele do condomínio.

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato

TNF: Qual é o tipo de viagem preferido de vocês?

GR: Gostamos de viajar para vivenciar, seja perto ou longe. Gostamos de viver, sentir e experimentar o lugar, não somente o que é turístic, mas sim experimentar o que os locais fazem no cotidiano.

TNF: Quais conselhos vocês dariam para alguém que tem filhos pequenos, mas tem medo de fazer longas viagens?

GR: Medo por quê? A vida também é longa e tem que ser vivida. Quando o bebê nasce, ele deve ser inserido na família e não a família nele. Se o casal gosta de tais atividades, devem inserir a criança nela. Uma criança não é melhor do que a outra, ela só é estimulada de formas diferentes. O que quer que seu filho faça, estimule-o.

Eu não recomendo começar com uma viagem longa, mas recomendo começar. Comecem com viagens curtas. Vá estimulando as crianças, incentivando, ensinando, mostrando.

Nosso primeiro grande trajeto foi um que o Adriano já tinha feito de moto. O roteiro tem muitos recursos e ele sempre falou que cruzar a cordilheira é uma experiência única!

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
[Antes de ir] informe-se sobre o que possa precisar. Leve coisas práticas, mas confiáveis (como as roupas quentinhas da THE NORTH FACE!!), não precisa de muita coisa mas o que você precisa, você tem que confiar que seja de qualidade!

É legal manter uma alimentação saudável para toda família o ano inteiro. Afinal, não é legal viajar assim com a imunidade baixa, né?

TNF: Mas, a criança aguenta uma viagem assim?

GR: “Ah, mas ele vai cansar!”

Ninguém chega a lugar nenhum sem cansar. Na vida, no trabalho, na trilha, na viagem. Eu sempre digo: cansar de coisa boa é um privilégio!

Água parada não dá coisa boa. Bora se mexer, bora explorar este mundão!

Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato
Foto: Arquivo Pessoal/Família Rosinato

Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.