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A capital catarinense comemorou o Global Climbing Day em grande estilo. Através de um desafio organizado pela Associação Catarinense de Escalada e Montanhismo, os escaladores locais foram instigados a juntar duplas e somarem esforços para escalar 1.000 metros de vias em um prazo de 24 horas.

O idealizador do evento, Adriano Pina, que também é conselheiro na Associação, nos enviou um relato detalhado e muito legal do que rolou no evento. Confira tudo no depoimento abaixo:

“Florianópolis recebeu recentemente o I Desafio BIG 1000, um projeto que tinha como objetivo escalar 1.000 metros de vias em 24 horas, em diversos setores da cidade. No total, 13 duplas de diversas cidades catarinense se inscreveram para participar da ação.

O Desafio foi promovido pela ACEMAssociação Catarinenses de Escalada e Montanhismo, com uma ideia proveniente de outros eventos similares que já aconteceram no Brasil, como o BIG 1000 do Anhangava, Paraná. Diferente do evento paranaense, em Floripa a proposta foi muito mais ousada, pois envolvia vários setores espalhados por toda a Ilha e o Continente.

As regras propostas foram simples: pelo menos um escalador da dupla deveria guiar a via (não era permitido ajuda externa), a dupla deveria escalar toda a via e a última via deveria ser escalada na Pedreira do Abraão, setor localizado no continente. O mais importante é que valeria a palavra da dupla, em relação às vias escaladas, pois não se tratava de uma competição, mas sim de um desafio.

Antes mesmo da largada, a equipe local já teve muito trabalho. Primeiro porque foi preciso conferir a extensão das vias e também porque os organizadores precisaram assegurar as condições das proteções de alguns setores. Isso foi possível graças a um guia online que apresenta informações e croquis de praticamente todos setores da região (que pode ser acessado aqui)

Durante os meses de junho e agosto, vários escaladores se propuseram a medir as vias, sinalizar as trilhas e verificar as proteções. Um esforço em conjunto imprescindível para que o projeto fosse adiante.

Dentre as principais dificuldades apresentadas para o desafio estavam as distâncias entre os setores. Para sair do Santinho, no Norte da Ilha, e chegar na Barra da Lagoa é necessário percorrer 23km, além de uma trilha de 40 minutos, por exemplo. Além disso, o tamanho das vias não é grande – a maior delas, conhecida como Tardes de Outono, na Barra da Lagoa, tem apenas 94 metros. Dessa forma, para cumprir o desafio seriam necessárias dezenas de vias.

No sábado, dia 24 de agosto, precisamente às 9h da manhã, 26 escaladores estavam espalhados por diversos setores da cidade. Somente no setor da Praia dos Ingleses 7 duplas se preparavam para iniciar o desafio. Em poucos minutos, centenas de metros de cordas coloridas estavam espalhados pela rocha e os escaladores desafiando seus limites.

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Duplas escalando na manhã de sábado. | Foto: Adriano Pina/Arquivo Pessoal

Foram escaladas vias com proteções fixas e móveis, expostas e bem protegidas, de graduação que ia do IV até o VIIa. Quem via de longe não entendia o que aquele bando demalucosestava fazendo pendurados na pedra.

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Encontro de duplas na parede. | Foto: Rodrigo Castelan Carlson/Arquivo Pessoal

Os rapeis se misturavam com os guias de outras cordadas, dividir as paradas com outras cordadas se tornou um hábito. Mas, o mais surpreendente foi isso ter sido exatamente o que tornou a corrida maluca tão incrível: companheirismo e muito respeito, vias à vista, muitas risadas, motivação coletiva e energia boa’, Sarah Cantarino.

A motivação das duplas era contagiante, nas mídias sociais da @acem_floripa eram publicados, em tempo real, fotos e vídeos das duplas mostrando os setores e vias em que estavam.

A beleza da cidade também fez toda diferença. Escalar nos Ingleses, Santinho e Barra da Lagoa por si é uma experiência única, durante o desafio esses destinos se mostraram ainda mais bonitos.

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Heitor rapelando com a belíssima praia do Santinho ao fundo. | Foto: Adriano Pina/Arquivo Pessoal

Escalar à noite talvez tenha sido o maior complicador. Com um desafio tão grande, seria praticamente impossível cumprir a meta somente com a luz do sol. Tiveram duplas que viraram a madrugada escalando, muitas vezes vias desconhecidas, com aderência e longas proteções.

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Jomi Hübner na escuridão do setor do Santinho. | Foto: Éden Alves/Arquivo Pessoal

‘Escalar a noite foi ao mesmo tempo assustador e espetacular. Assustador pois aumentou em muito a dificuldade, principalmente nas vias mais expostas. Espetacular pois a noite estava incrivelmente estrelada. Muitas vezes apagava a lanterna durante a segue para admirar o céu’, Éden Alves.

Ao final, o desafio se mostrou mais difícil do que se esperava, das 13 duplas que começaram, somente três conseguiram atingir os 1000 metros de vias escaladas. No total, foram escalados incríveis 18.002 metros em 24 horas (será que tem esse recorde no Guinness?), em 5 setores da cidade: Ingleses, Santinho, Barra da Lagoa I e II, Ponta do Rapá e Pedreira.

‘O Big 1000 foi um evento incrível! Rever amigos e parceiros de escalada, cada equipe com sua estratégia de deslocamento entre setores e técnicas de subida e descida. Parabéns aos envolvidos na ideia e elaboração do desafio. Que venham os próximos’, Thiago Meister.

Às 9h da manhã do domingo (25), todos os participantes se encontraram na Pedreira do Abraão para escalar as últimas vias, participar do enceramento do evento e de um café de confraternização.

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Confraternização ao final do Desafio. | Foto: Edson Farias Jr./Arquivo Pessoal

Para 2020 a ideia é incluir no desafio também o BIG500 para tornar o evento ainda mais acessível e mostrar que Florianópolis é também um lugar incrível para a prática da escalada.”

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As duplas na premiação. | Foto: Beto Figueiredo/Arquivo Pessoal

 


Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.