Se você faz parte do grupo de aventureiros que sempre quis ter filhos, mas ainda têm receio de como manter o estilo de vida mesmo com as crianças, você precisa conhecer a história da Priscila Basso.
Ela e o marido são montanhistas há anos e sempre foram apaixonados pela natureza, esportes e pela vida livre. Por muito tempo eles se questionaram se conseguiriam continuar a viver todas as experiências incríveis mesmo tendo filhos. Até que em um determinado momento eles pararam de focar nas possibilidades e nos “poréns” e se perguntaram: quais pais eles queriam ser. Para Priscila, a resposta era muito simples.
Foi aí que eles decidiram embarcar na maior aventura da vida: ter filhos! O resultado não poderia ter sido melhor 🙂
Confira abaixo todos os detalhes dessa história linda, pelas palavras da própria mamãe!
SPOILER: Cuidado! Você pode querer ter filhos agora mesmo.
“Meu coração não aguenta tanto amor”
“Eu sou montanhista há 16 anos e meu marido Tiago há 29. Nos conhecemos em 2004 em mais uma das tantas escaladas que fizemos, apesar de sermos muito diferentes, tínhamos um fator muito relevante em comum: o gosto pela natureza e, para nós, isso bastou. Em 2005 iniciamos o que seria uma linda trajetória com muitas viagens e escaladas juntos.
Durante 9 anos fizemos muitas viagens: escaladas, trekking, caiaque em muitos lugares lindos e remotos, tínhamos a vida que sempre planejamos: nossa casa, ambos felizes em seus trabalhos, porém começamos a nos questionar sobre filhos, sempre tivemos vontade de tê-los, mas como inserir uma criança nessa rotina louca, como levá-los a lugares remotos e se nós tivermos filhos alérgicos e asmáticos?
Após muita reflexão chegamos a algumas conclusões: primeiro, não queríamos que nossos filhos fossem culpados por abandonarmos o estilo de vida que amávamos, não seria justo com eles, não é mesmo? Segundo, de fato, não conseguimos saber ou escolher como nossos filhos seriam, mas podíamos decidir que tipo de pais queríamos ser? Ah, isso nós sabíamos responder fácil, fácil!
Bom, foi então que em 2012 durante uma viagem a Torres del Paine, na Patagônia, descobrimos que o Benjamin estava a caminho. Que grande alegria, mas agora era hora que colocar a teoria em prática…
O Benjamin sempre nos acompanhou nas escaladas, campings, trekking, caiaque, skate a cada ano que passa a companhia dele fica melhor, ele acha uma grande diversão montar barraca, fazer fogo, escalar a montanha da ‘Dora aventureira’ (sim, precisamos tornar lúdico esse universo).
Acho tão legal quando vejo meu filho dividindo as experiências deles com os amiguinhos, esses dias presenciei ele contando a algumas crianças que tinha visto um macaco – solto – e as demais crianças um tanto quanto incrédulas. Eu me peguei pensando que estas experiências são tão diferentes que realmente acabam se tornando incríveis.
Um dos vídeos que mais gosto mostra eu grávida de minha segunda filha escalando e o Benjamin, então com somente 3 anos, junto com o pai me aguardando no primeiro platô. Meu filho me encoraja com algumas frases: ‘Vem, Dora’ (aventureira), ‘você consegue’, ‘eu te ajudo’ e por fim: ‘eu estou orgulhoso de você’… Meu coração não aguenta tanto amor e eu choro!
Mas, o que isso tem de tão incrível?! O fato do meu filho repetir o que ele escuta de nós.
Em 2016 decidimos repetir a dose e em novembro a Beatriz chegou.
Confesso a vocês que não é a logística mais simples do mundo levar duas crianças em tantas aventuras, mas com muita disposição e os equipamentos corretos não passamos ‘trabalho’.
O benefício da companhia deles e as experiências que proporcionamos valem cada esforço.
Confesso que a escalada torna a educação dos meus filhos muito mais simples. Pois, através da experiência, eles aprendem a respeitar o momento do outro, a lidar com a frustração, aprendem que nos tornamos bons em algo somente através da prática, que o trabalho em equipe é fundamental e que cada um possui tarefas importantes por mais simples que sejam, aprendem a respeitar os animais e a ‘casinha’ deles e que sempre a segurança está em primeiro lugar.
Eu sempre acho que nossa última viagem foi a mais legal, mas neste caso é verdade. Em abril de 2017 estivemos no Ushuaia e apesar de não escalarmos por lá, aproveitamos para fazer trekking em algumas montanhas. A Bia tinha somente 4 meses e foi nossa pequena grande parceira, o Ben já é o experiente do grupo e foi tão legal no fim do mundo descobriu que ali era o começo da nossa longa história de aventuras, agora em quarteto!
Hoje vejo que meus filhos foram, sem dúvida, a melhor escolha que já fiz na vida. Inseri-los na nossa vida de aventuras foi a segunda melhor. Never stop exploring!”