Nós nunca cansamos de dizer que é impossível ir para a montanha, experimentar os prazeres da vida ao ar livre e voltar igual. A curitibana Luísa Mazarotto foi uma dessas pessoas “contaminadas pelo vírus da montanha”. Após passar a infância fugindo dos esportes, tudo mudou quando em um dia aleatório, quando os amigos a convidaram para uma trilha. Foi necessário apenas um dia para que tudo se transformasse.
Ela superou o medo, descobriu novas paixões, aprimorou talentos e hoje não vive sem uma boa dose de aventura e, é claro, montanha! O melhor é que todas essas vivências são transformadas em arte.
Confira abaixo essa história inspiradora:
O primeiro contato com a montanha
É impossível falar em inspiração sem pensar, primeiro, nas razões pelas quais subo (e desenho) montanhas. Durante toda a minha infância e parte da adolescência fui muito retraída, me sentia fraca e incapaz. Não me sentia apta a praticar esportes de nenhuma natureza e, na escola, fugia das aulas de educação física. Isso trouxe um efeito colateral: o sedentarismo.
Moro em Curitiba, uma cidade cercada por montanhas que eu só via pela janela do carro quando descia para o litoral. Eu era incapaz de apontá-las e dizer seus nomes ou sequer reconhecer sua importância. Um dia, a convite de alguns amigos, depois de alguma resistência, fui conhecer o Morro do Canal, uma pequena montanha nos arredores da cidade, e o que era para ser um passeio simples trouxe à tona outros medos, entre eles o medo de altura. Sem preparo, técnica, equipamentos apropriados e com muito medo, cheguei com dificuldade ao cume.
E o que era para ter se tornado uma experiência traumática se transformou em um desafio. Prometi voltar em melhores condições e, tempos depois, cumpri a promessa. E fui além.
Os primeiros rabiscos
Minha relação com o desenho vem da minha adolescência, quando comecei os primeiros experimentos de forma autodidata. Busquei formação na área e, em 2014, ingressei na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Foi lá que descobri que havia sido “contaminada” pelas montanhas, que retratei usando várias técnicas diferentes.
No final de 2015, quando estava arrumando as malas para minha primeira viagem para a Patagônia Argentina, um amigo e respeitado escalador pediu para que eu desenhasse o Fitz Roy pessoalmente.
Os materiais mais fáceis de se carregar em uma mochila lotada de equipamentos, roupas e comida eram canetas nankin e um sketchbook. Foi então que em El Chaltén fiz o trabalho que deu início ao estilo que carrego até hoje. A situação foi a melhor possível: estava em uma barraca no camping Poincenot, longe da cidade, rodeada de montanhistas do mundo todo e com a melhor vista possível do maciço do Fitz Roy.
A transformação pela montanha
Da menina que se sentia fraca e com medo, nada sobrou. Das caminhadas, segui para a escalada em rocha, grandes travessias de ataque e recentemente, para o trail running/sky running.
Aí talvez, sem medo de errar, dá para dizer que a inspiração vem exatamente delas, das montanhas, que me mostraram, ao mesmo tempo, minhas fraquezas e minha capacidade de superá-las. Foram elas que me ensinaram a ir em frente, de forma responsável, ética e pura.
Acredito que cada montanha que retrato carrega um pouco dessa trajetória. Muitas delas eram um sonho, um objetivo a ser conquistado. Hoje são memórias.
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