Como muitos sabem, o aventureiro Gustavo Ziller está encarando um dos maiores desafios da sua vida: o Projeto 7CUMES. São 30 meses focados em escalar as 7 maiores montanhas do mundo, uma em cada continente! Com isso, Ziller viajará constantemente e estará, muitas vezes, com dificuldade de se comunicar com a sua família que ficará aqui no Brasil (sem contar as saudades!).
Por isso, a The North Face entrevistou o montanhista para saber um pouco mais sobre o equilíbrio que ele mantém entre o Ziller aventureiro e Ziller pai. Confira:
TNF: Durante 30 meses você estará em diversas partes do mundo. Como os seus filhos vêem essa aventura?
Ziller: Apesar da ficha ter caído recentemente em relação à exposição ao perigo, após a exibição dos episódios do Aconcágua, eles estão apoiando incondicionalmente desde o início. No primeiro episódio do Aconcágua tem uma cena forte no Cemitério Andinista, onde estão as homenagens aos montanhistas que perderam suas vidas na montanha. Essa cena mexeu muito com a Trinca, principalmente a Iaia. Depois disso passei a envolvê-los mais ainda, não somente para terem a real noção da preparação, mas também para eles entenderem que não sou um “turista de montanha”, que de fato é a pessoa que corre muito perigo por lá. O dia a dia tem sido ótimo, Joana voltou aos esportes coletivos, Iara se tornou escaladora esportiva e Mateus está super envolvido com atividades outdoor.
TNF: Sabemos que crianças têm muitos sonhos e imaginações. Os seus filhos já te fizeram perguntas engraçadas e/ou curiosas em relação ao projeto 7CUMES? Quais?
Ziller: Costumo dizer que minha real razão de estar nesse mundo é a educação deles. Quero deixar esse legado, pessoas extraordinárias em busca da vida criativa. Desde cedo eles são expostos ao ‘sim’, expostos a tudo que minha esposa e eu curtimos, desde festivais de música à livros passando por amizade e artes em geral. O Mateus, por exemplo, pediu um atlas oficial de presente, para estudar e acompanhar as Expedições do 7CUMES. Ele também quer ir ao Campo Base do Everest. Iara quer escalar a Piramide Carstensz comigo, lá tem um big wall de cerca de 500 metros, especialidade dela. Joana está super envolvida e preocupada com as atividades do Kilimanjaro Orphanage Centre, do qual fui convocado a ser Embaixador no Brasil. Agora, sem dúvidas, a pergunta mais impactante que eles fizeram depois que cheguei da última escalada foi: ‘pops, vamos adotar uma criança?’.
TNF: Como você tem conciliado a vida de pai e de aventureiro?
Ziller: Uma dica bacana para todos é não dividir os dois mundos. Nunca dividir nada quando se trata de filhos. Lembro de amigos dizendo que eles iriam atrasar o projeto filhos para viajar mais, para curtir mais, etc. No nosso caso foi justamente o contrário, tivemos filhos cedo e nunca excluímos eles de nada, sempre estiveram por perto em todas as aventuras e desventuras. Essa ‘inclusão’ é transformadora na vida de uma criança.
TNF: Muitas vezes o filho se espelha no pai. Alguns de seus filhos sonham em explorar o mundo, igual à você?
Ziller: Ah, vou responder essa pergunta contando um caso! Mateus outro dia chamou a mãe pra conversar. Ele tinha lido ou assistido uma reportagem sobre um grupo de pessoas que está se candidatando a colononizar Marte. Isso mesmo, a primeira colônia humana em Marte. Chegou para mãe e disse sério: ‘mãe, eu vou morar em Marte, e vou levar a vovó comigo. Você e o papai vão querer vir também?’
TNF: O que o dia dos pais representará este ano para você? E para eles?
Ziller: É o primeiro dia dos pais com o projeto 7CUMES acontecendo. A primeira montanha foi escalada em fevereiro desse ano. De lá pra cá nossa vida, que já estava numa montanha russa sem freio, mudou muito – e pra melhor. Estamos mais focados nas coisas simples, nas coisas do coração e da expansão da alma. Estamos mais unidos por causa dos últimos dois anos. Eles estão cada vez mais entendedores da vida criativa. Esse ano representa essa vitória pra nossa família, vitória da busca pelo extraordinário no lugar da zona de conforto.
TNF: Se você pudesse descrever em uma palavra o sentimento de ser pai, qual seria?
Ziller: É dipopodamirigoda (leia o livro ‘Escalando Sonhos’ para entender!).
Assim, podemos concluir uma coisa: Gustavo Ziller vive a aventura mais fantástica da sua vida – ser pai! Uma aventura eterna, com muitos desafios e obstáculos mas repleta de recompensas e vitórias!
Desejamos à ele e à todos que leram essa matéria, um feliz e memorável Dia dos Pais!