Inspiração

Os últimos 3 dias foram super intensos. Eu embalei com o grupo, saí do acampamento base a 4.900 metros de altitude e subi para o acampamento 1, 5800m. Nós saímos bem cedo, pois o trekking era longo e não queríamos pegar o sol no glaciar, porque sabíamos que seria um forno e realmente foi, pegamos 45 graus quando sol saiu. Meu grupo já havia feito duas incursões até o base camp 1. Então, a turma toda já estava aclimatada e conhecia o trajeto, exceto eu.

Chegando ao acampamento 1, meu corpo reagiu bem, mantive os batimentos cardíacos baixos e com boa saturação de oxigênio, em torno de 80%. Dormimos e no dia seguinte fomos para o acampamento 2, a 6.400 metros de altitude. Estava indo muito bem para quem havia chegado na montanha há somente 4 dias e saindo do zero para 6.400 metros.

A altitude já fazia seus efeitos, e eu me sentia com o dobro do meu peso. À noite checamos os sinais e estava com uma saturação bem baixa, cerca de 58%. O meu guia, Maximo Kausch ficou preocupado, pois apesar do batimento cardíaco estar baixo (imaginamos que seja pela minha condição de atleta), uma saturação como essa normalmente já é motivo para entubar o paciente. Tomei, então, um remédio chamado sidanifila, que previne a embolia pulmonar. Nós acordamos no dia seguinte e já havia uma melhora, passando para 63%, mas o correto era descer para o base camp para comer bem e me recuperar.

Estou agora escrevendo a 4.900 metros, feliz da vida com essa altitude. Com isso, automaticamente a minha saturação de oxigênio já subiu para 85%. Ufa! Estou firme e forte. Parte do time, a Claudia, o Max e o Pedro ficaram no acampamento 2 para aclimatar.

Amanhã o grupo também volta para o campo case continuando o ciclo de aclimatação!

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O Manaslu é a 8a maior montanha do mundo. – Foto: Bernardo Fonseca/Arquivo Pessoal

Mais imprevistos

Avalanches aqui são muito comuns, mas sempre em áreas onde procuramos passar rápido ou não passar. A última grande tragédia aqui foi em 2013, que matou 13 pessoas. Na ocasião, uma grande avalanche iniciou próxima ao acampamento 3 e foi lavando tudo pela frente.

Hoje tomamos um mega susto. Escutamos pelo rádio que havia acontecido um acidente práximo ao camp 3, a cerca de 6.700 metros e que o Maximo estaria envolvido. Ele havia ido junto com os sherpas para deixar oxigênio por lá. O grupo, que contava com 6 sherpas e o Maximo, saiu do acampamento 2, a 6400m, para o 3, a 6.800m, quando uma placa de 30m x 30m com o Maximo e outro Sherpa, chamado Migma, se soltou com os 2 em cima. Ambos ficaram com metade do corpo soterrado. Maximo quebrou uma costela e o Sherpa Migma machucou o pé. Ambos ficarão alguns dias se recuperando no base camp.

Mais uma vez, Manaslu está mostrando sua força. Não existe nenhuma montanha acima de 8.000 metros de altitude que seja fácil.


Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.