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Se você é apaixonado por trilhas, certamente já ouviu falar de rotas icônicas ao redor do mundo. Appalachian Trail, Pacific Crest Trail, Caminho de Santiago, Highlands… esses são apenas alguns dos nomes mais famosos quando o assunto são trilhas de longas distâncias. No Brasil existem algumas poucas opções de rotas que se encaixam neste perfil, como a Trilha Transcarioca, os Caminhos da Serra do Mar a Rota dos Faróis, entre outros. Mas, a realidade é que nós ainda estamos longe de termos a eficiência e estrutura aplicada na Europa e América do Norte. No entanto, isso pode mudar graças a uma iniciativa da sociedade civil, que ganhou apoio e oficialização governamental, a Rede Trilhas.

O projeto foi oficializado em 2018 e tem como grande objetivo trazer para o Brasil o mesmo tipo de estrutura aplicado nas famosas trilhas de longas distâncias pelo mundo a fora. Conforme informado no site oficial do projeto, a associação é o “agrupamento de voluntários dedicado a implementar, manter e apoiar o Governo na gestão das trilhas brasileiras”.

Além de contar com as comunidades locais e aventureiros espalhados pelo país para a abertura de novas trilhas, um dos trabalhos mais urgentes e que já vem sendo aplicado é conectaras rotas já existentes, ampliando as opções e criando novos corredores de turismo de aventura que passam por diferentes paisagens, biomas e culturas.

Para exemplificar o poder que as trilhas de longa distância têm para fomentar o turismo, a preservação ambiental e, principalmente, a economia, o site traz os exemplos estrangeiros bem sucedidos. Na França, por exemplo, onde existem 180 mil quilômetros de trilhas sinalizadas, o governo identificou que, apenas no ano de 2013, mais de 20 milhões de pessoas usaram desses caminhos para atividades de turismo de aventura, resultando na venda de mais de 4,7 milhões de botas para caminhada. Em 2017, o Caminho de Santiago recebeu, em média, 301 mil visitantes, que ajudaram a manter uma rede inteira de comércio e hotelaria espalhados por suas centenas de quilômetros.

O potencial brasileiro é enorme, visto que nós temos uma das maiores riquezas em biodiversidade do mundo. Assim, criar novas trilhas e conectar as já existentes para maximizar a sua extensão e deixá-las ainda mais atrativas pode trazer diversos benefícios econômicos para as comunidades locais, promover a criação de novos parques e áreas de conservação, motivar mais e mais pessoas a viajarem pelo Brasil, além de colaborar para a conscientização da população em geral sobre a preservação das áreas verdes e de toda a riqueza natural que existe no país.

Parque Nacional de Itatiaia. | Foto: Santiago Guimarães/Arquivo Pessoal

Apesar de ter ganhado o aval do governo apenas em 2018, desde então, muita coisa já foi feita. De acordo com o site oficial da Rede Trilhas, em um ano e meio, “foram implementados 3.000 quilômetros de trilhas de longo curso no Brasil, em um ambicioso projeto de criar trilhas regionais como o Caminho da Serra do Mar, a Trilha Transcarioca, o Caminho de Cora Coralina, o Caminho das Araucárias, a Transespinhaço, a Trilha Chico Mendes entre outras dezenas de trilhas projetadas para conectar as unidades de conservação brasileiras, promovendo também a possibilidade de movimentação de fauna entre elas. Além da Trilha Nacional Trilha Transmantiqueira.”

Assim como acontece nas trilhas famosas do mundo, por aqui as rotas também ganharam uma sinalização especial. As trilhas são demarcadas com a marca de pegadas. Em um sentido as pegadas são amarelas sobre um fundo preto, e no sentido contrário as cores também se invertem, sendo a pegada preta sobre um fundo amarelo. Essa sinalização já foi aplicada na Trilha Transcarioca, considerada a primeira Trilha de Longo Curso do Brasil.

Antes da criação do sistema de Trilhas de Longo Curso, o Brasil contava com apenas 300 km de trilhas sinalizadas dentro dos 75 milhões de hectares das Unidades Federais de Conservação. Hoje, são 3.500 quilômetros de caminhos sinalizados e a meta é de chegar a 10.500 quilômetros nos próximos cinco anos, conforme informações do site oficial do Ministério do Turismo.

O site da Rede Trilhas traz detalhes sobre as diversas trilhas já demarcadas e informações sobre voluntariado, unidades de conservação, dicas e muito mais. Acesse aqui.


Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.