A bicicleta é um meio de transporte eficiente em todos os sentidos. Além de não poluir, de ser prática e uma das formas de locomoção mais rápidas em distâncias curtas e médias nas grandes cidades, a bicicleta também tem sido usada como uma solução para evitar aglomerações e contágios em cenários quarentena e pós-pandemia. Na Europa muitos países aproveitaram a crise para incentivar a população a trocar o transporte público pelas bicicletas, ao mesmo tempo em que iniciaram novos investimentos em estrutura cicloviária, para que mais pessoas comecem a usar a bike como alternativa para o dia a dia.
Mas, por que a bicicleta seria uma solução efetiva?
Existem várias respostas que poderiam justificar essa pergunta. Então, nós vamos dividir em tópicos, para que tudo se encaixe e faça mais sentido.
- Poluição
A bicicleta é, em geral, um veículo não-motor. Mesmo no caso de opções motorizadas, as mais comuns são as bicicletas elétricas. Em ambas as opções não existe queima de qualquer gás poluente, como acontece com os carros, motos e veículos motorizados à combustão. Consequentemente, se mais pessoas trocarem os carros pelas bicicletas, os níveis de poluição das cidades podem diminuir. Tratando esse assunto dentro de um contexto da pandemia causado pelo Covid-19, um estudo analisado dentro da Universidade de Harvard mostrou que as chances de morte aumentam em pacientes que moram em regiões com alto índice de poluição atmosférica. Mas, nem é preciso ter uma pandemia para querer respirar um ar mais limpo, não é mesmo?
- Aliviar o transporte público
Um dos maiores pontos levantados na Europa diz respeito à sobrecarga dos transportes públicos. Assim como acontece nas cidades brasileiras, a estrutura pública de muitos locais não permite que os passageiros sejam transportados tendo a distância necessária para evitar contágio. Além disso, o próprio toque em superfícies contaminadas dentro de ônibus e metrôs já deixa as pessoas expostas ao vírus. Sendo assim, muitas campanhas incentivam as pessoas a trocarem o transporte público pelas bicicletas. Pensando no risco de contágio ser muito melhor quando alguém se locomove sozinho, vale à pena fazer um esforço físico extra, em troca da segurança e saúde. É claro que esta não é uma solução viável para todas as pessoas por diversos motivos, mas se alguns já fizerem a troca, menos pessoas que precisam do transporte público por não terem outra opção serão expostas.
- Saúde
Ninguém sabe ainda muito bem como será a vida pós pandemia ou quando a rotina normal será retomada. Mas, o que todo mundo sabe é que estar em movimento faz bem para a saúde, reforça o sistema imunológico e combate uma série de doenças. Então, adotar a bicicleta como meio de transporte é um jeito de chegar mais rápido e ainda aproveitar esse tempo para fazer uma atividade física que pode lhe trazer uma série de benefícios. Pedalar pode ser a solução para vários problemas de uma só vez. Se você precisa de otimizar o seu tempo para organizar a vida, dê uma chance para a bike!
Como fazer isso virar realidade?
Para que mais pessoas se sintam seguras se locomovendo através de bicicletas é necessário que as cidades tenham uma estrutura que propicie isso. O que se viu na Europa durante a pandemia foram governos incentivando o meio de transporte alternativo ao mesmo tempo em que anunciaram investimentos em ciclovias e outras medidas educacionais e de compartilhamento seguro das vias.
Em Paris, por exemplo, a cultura da bicicleta já é forte, mas a prefeita Anne Hidalgo aproveitou a oportunidade para ir além, prometendo que todas as ruas da cidade tenham uma via exclusiva para bicicletas até 2024. Bruxelas, a capital da Bélgica, também reduziu 40 quilômetros de vias que antes eram usadas para carros ou como estacionamentos, transformando-os em ciclovias.
Nos últimos anos a cidade de São Paulo também tem presenciado o número de ciclistas crescerem, principalmente devido ao aumento na malha cicloviária, que hoje corta boa parte dos bairros que abrigam os centros financeiros e de negócios do município. Atualmente a capital paulista tem 504 km de vias destinadas aos ciclistas, algumas são totalmente segregadas dos automóveis, outras são faixas demarcadas pelo compartilhamento da via. Apesar de não ter anunciado nenhum investimento que incentive mais pessoas a usarem a bicicleta como meio de transporte durante a quarentena e após a pandemia, o que foi informado nas últimas semanas é o retorno da ciclofaixa de lazer, que funciona aos domingos e feriados nacionais ligando diferentes ciclovias da cidade.
As cidades brasileiras ainda estão engatinhando quando o assunto é mobilidade urbana. No entanto, este parece ser um bom momento para repensar estratégias, inclusive quando uma estrutura tão simples como uma ciclovia pode ajudar a controlar problemas tão grandes, que vão desde os congestionamentos até o controle de uma pandemia.