Existe uma expressão muito comum entre os montanhistas que se aventuram nas montanhas de altitude: “Hiking High, Sleep Low”. Na prática isso significa: caminhar em grande altitude e dormir em baixa altitude. Essa é uma estratégia de aclimação muito eficiente. Segundo o guia de montanha, Eduardo Sartor, este é um estilo de aclimatação muito bem aceito pela fisiologia individual de quase todos os montanhistas. Aplicar essa estratégia é um jeito eficiente de adaptar o corpo e responder melhor aos efeitos da altitude.
Eduardo explica como o “Hiking High, Sleep Low” funciona na prática: “colocar o corpo exposto à altitude durante as caminhadas força uma adaptação. Para se recuperar deste esforço, voltando para dormir em altitude mais baixa, o organismo descansa melhor e se adapta à assimilação do ar rarefeito”.
A prática de caminhar por grandes altitudes e voltar para descansar em locais mais baixos é usada em praticamente todas as altas montanhas do mundo. No Everest, por exemplo, é comum que os montanhistas passem dias indo entre um acampamento e outro no que é conhecido como “ciclo de aclimatação”. Dessa forma, o avanço até os acampamentos mais próximos ao cume é feito de forma lenta, para que seja possível adaptar o organismo e evitar os maus da altitude.
Mas, não é preciso ir até a cordilheira do Himalaia para sentir os efeitos da altitude. Muitos países vizinhos ao Brasil já têm montanhas altas o suficiente para obrigar os montanhistas a usarem estratégias de aclimatação em suas expedições. O Equador é um desses locais e um ótimo destino para quem quer começar a expor o corpo à altitude para entender como o próprio organismo se adapta antes de avançar para destinos ainda mais altos.
“O Equador é um país ótimo para essa prática. Lá você sobe montanhas, principalmente vulcões, que estão entre 4.000 m e 5.000 m de altitude e pode voltar a Quito, com 2.700 m, para descansar e dormir”, explica o guia.
Essa facilidade em expor constantemente o corpo à altitude e poder se recuperar em ciclos constantes é tão eficiente, que existem grandes atletas e montanhistas equatorianos que se destacam em expedições de alta montanha justamente por sua fisiologia privilegiada, por estarem expostos à altitude em muitas montanhas do país.