Inspiração

O ano de 2019 foi mais um desafio na vida da médica e montanhista Karina Oliani. Não que isso seja um problema, afinal, são justamente os desafios que a movem e isso a gente já sabe há muito tempo. Mas, foi em 2019 que ela resolveu encarar uma das montanhas mais perigosas do mundo, o K2. Durante a temporada de escalada, alpinistas do mundo inteiro se deslocam até a região do Himalaia para escalar as montanhas mais altas do mundo. Karina Oliani estava nesse grupo. O planejamento estava perfeito, tudo caminhava bem, até que, ao chegarem próximo à área de ataque ao cume, uma avalanche acabou obrigando todos os montanhistas a retornarem ao acampamento base.

Dos mais de 100 expedicionários que estavam no K2, sobraram apenas 20, decididos a esperar por uma boa janela de tempo, para tentarem uma terceira e última chance de ascensão ao cume. Karina novamente estava entre eles. A temporada estava acabando e as chances de cume diminuíam a cada dia. Mas, eles estavam decididos e a natureza mandou um sinal, interpretado como uma benção de que daria tudo certo.

A própria Karina Oliani nos contou os detalhes dessa Memória de Montanha :

“Eu estava fazendo uma caminhada pelo glacial pra sair do acampamento base e chegar ao acampamento base avançado do K2. Estava tudo começando a derreter, porque já era final de julho, já estava esquentando muito e a camada de gelo, já bem mais fina, acabou quebrando na hora em que eu pisei. Eu afundei a perna na água do lago que estava congelado, molhei toda a minha bota. Por causa disso, eu parei no meio do glacial para poder tirar a bota e toda a água que estava dentro dela.

Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

Nessa hora que eu parei, eu vi pela primeira vez na vida um arco-íris reto, lindo! Eu nunca tinha visto um arco-íris sem ser em forma de ‘arco’. E eu sempre amei arco-íris, sempre fui fascinada, desde criança. É uma coisa que eu olho, saio gritando de alegria, correndo atrás…

Aí, quando eu vi esse arco-íris reto, foi o sinal que eu precisava. Porque já tinha ocorrido aquela avalanche que varreu as duas cordas fixas, mais de cem pessoas já tinham desistido do K2 e apenas 20 pessoas, mais ou menos, ficaram para fazer a segunda tentativa de cume. Então, eu vi aquele arco-íris reto como um sinal pra eu entender assim: ‘tá, pode ir que vai dar tudo certo’!”

Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.