Superar limites é marca registrada de Pepe Fiamoncini. O atleta, que tem uma lista bem grande de feitos, estabeleceu dessa vez, um novo recorde em nível mundial. Foram percorridos 170 quilômetros em 33 horas na região de Uyuni, Bolívia. Tudo isso, claro, com uma razão social bem bacana por trás: arrecadar fundos para a Correndo por Eles. A organização sem fins lucrativos, incentiva a inclusão de pessoas com deficiência no universo da corrida.
No dia 28 de abril, Pepe desembarcou na Bolívia, e permaneceu cerca de uma semana na região de La Paz, para que seu corpo começasse o processo de aclimatação. Treinos em grandes altitudes, como na montanha Chalcantaya, foram primordiais para sua preparação.
O projeto, que leva o mesmo nome da ONG, Correndo por Eles, começou às 6h20 do dia 10 de maio, estrategicamente, em Llica, tendo como destino final a cidade de Uyuni. Isso porque, neste sentido os fortes ventos seriam evitados. As condições do Salar, no geral, são extremamente adversas. A altitude, o tempo seco e a amplitude térmica – temperaturas que variam de -10 a 22 graus – tornam o desafio ainda mais complexo.
A primeira maratona (40km) foi alcançada em quatro horas. O ganho de velocidade nos 10 quilômetros seguintes, gerou certo cansaço a Pepe. O pace ou ritmo médio, caiu de cinco para seis minutos. Daí em diante, o tempo começou a aumentar gradativamente.
Concluídos os 80 quilômetros, o corpo pediu um revezamento entre correr e andar. Já nos 100, a caminhada tomou conta do percurso. Apesar de sentir-se muito bem psicologicamente, o fortes dores nas articulações, deixavam o ritmo mais ameno: “A principal dificuldade foi regular a temperatura corpórea. Tinha que manter uma velocidade baixa para não suar, mas ao mesmo tempo, não podia sem lenta demais, se não, sentiria frio.” – conta Pepe.
O momento mais difícil aconteceu após 23 horas de prova. Era quase 05h da manhã, quando Pepe abrigou-se dentro do carro que o acompanhava. A chancela do Guinnes Book não permite que o atleta use o automóvel para se locomover, mas como apoio, é liberado: “Entrei dentro do carro, comecei a tremer e chorar. Estava com hipotermia. Fiquei ali, em pânico. Era difícil elaborar meus pensamentos e palavras. Permaneci abrigado por dez minutos, até que me senti novamente aquecido e pronto para retomar”.
O sol deu vida ao segundo dia! Já era possível ver a Praça das Bandeiras. O horizonte não tem fim. O principal ponto de referência, o Vulcão Tunupa, finalmente vai ficando de lado. A chegada ao Salar pediu reposição de água e uma pausa para as necessidades fisiológicas. Neste momento, a imprensa local já sabia o que estava acontecendo. A principal emissora da Bolívia, Unitel, esteve no deserto para entrevistá-lo. Tudo foi transmitido ao vivo com abrangência nacional!
A sequência final foi realizada em estrada de terra e a entrevista do atleta surtiu efeito. Pepe recebia incentivo de todos que encontrava no caminho. Gritos, aplausos, e muita energia boa o recepcionaram na cidade de Uyuni! O ponto final foi a Praça do Relógio. Fiamoncini finalizou os 170km com 33 horas e quatro minutos de prova. O governo local lhe entregou um certificado, reconhecendo seu feito. O recorde quebrado foi de 55 horas e as evidencias serão enviadas ao Guinnes Book, que logo deve ter o nome de mais um grande brasileiro em seus registros.
Até o momento, o projeto Correndo por Eles arrecadou R$6.000 reais e Pepe, que não para nunca, já tem mais um grande desafio pela frente. Dessa vez, subirá as maiores montanhas da Bolívia.