Uma ponte de treliça de mais de dois quilômetros de extensão, suspensa sobre o rio Danúbio, separa a Romênia da Bulgária. A treliça é um sistema de barras de aço entrelaçadas que, juntas, suportam uma grande quantidade de peso e se estendem por longas distâncias.

Sem acesso a pedestres e com movimento intenso de carros e caminhões, a bicicleta não era bem vinda e tampouco permitida por ali. Com pistas estreitas, não havia recuo para ultrapassagem, então  precisei ocupar a via inteira e conter o trânsito até chegar às cabines da imigração – o que me deixou tenso e frustrado por não poder aproveitar a vista daquela emblemática zona cinza entre fronteiras.

Na antiguidade, a atual Bulgária – que tem origem eslava – era conhecida como Trácia e, assim como a vizinha Romênia, também passou pelo domínio romano. O idioma búlgaro é escrito no alfabeto cirílico, que muitos chamam equivocadamente de russo. Batizado em homenagem ao filósofo Cirilo, o alfabeto foi criado e desenvolvido a partir de 864 D.C. durante o Primeiro Império Búlgaro e suas letras derivam do grego.

Após me embriagar com Auroras Boreais na Escandinávia, iniciei uma fuga do inverno, que começou na Finlândia – após atravessar o país de norte a  sul – e passou por Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Bielorrússia, Ucrânia, Moldávia e Romênia. Chegar à Bulgária representou um significativo marco. Se até  então a minha bússola mirava predominantemente rumo ao sul, a partir dali eu avançaria pela primeira vez em direção ao leste. A Turquia estava literalmente no horizonte.

Apesar de estar distante apenas 290 km da fronteira, ainda havia um desafio que demandava extremo cuidado com o clima. Antes de sonhar com o oriente e com a Rota da Seda, havia uma cadeia de montanhas para atravessar.

Desde que entrei na Estônia, para ganhar tempo, a travessia do continente se deu por caminhos que evitavam ao máximo as regiões montanhosas, mas para chegar à Turquia, não havia como desviar da Cordilheira dos Balcãs. O momento pedia atenção e disciplina, pois uma nevasca poderia chegar a qualquer momento ou a pista poderia estar com uma traiçoeira camada de gelo, condição que tive a infelicidade de provar algumas semanas antes.

Com seis graus negativos, saí cedo de um vilarejo chamado Targovishte para atacar o Passo Kotel, uma serra de apenas 650 metros de altitude. Coincidentemente o inverno europeu começava oficialmente naquela terça-feira. Não subestimei a baixa altitude pois, mesmo em modestas montanhas, há surpresas que a previsão do tempo não pode antecipar.

A estrada era pouco movimentada, havia um bom acostamento e o impecável asfalto estava seco e agarrava bem o pneu. A paisagem se revelava espetacular: detrás dos campos brancos de neve, uma floresta se erguia sobre a serra num tom mais acinzentado, carregando bolas de gelo nos galhos como se fossem seus frutos. O rio pelejava para romper placas congeladas e navegar rumo a oeste. O silêncio dobrou o frio no cotovelo daquelas curvas; depois absorveu o som do giro dos pedais até diluir os meus próprios pensamentos, me transformando também  em parte daquele cenário.

Dos sonhos das Auroras Boreais, na Escandinávia, à fuga para a Rússia via Finlândia – atravessando a própria sombra – em menos de dois meses eu mal podia me reconhecer. Fantasmas ficaram para trás, assim como quase quatro mil quilômetros percorridos desde a Lapônia. 

Mas algo mais tangível que as emoções ocorreu quando cheguei ao passo Kotel e encostei a bicicleta no guardrail. Tirei o gorro e as luvas, depois o anorak e a calça impermeável. Conhecedor dos próprios sinais, era difícil de acreditar no que a pele tentava dizer. Tirei o termômetro da bolsa de guidão para ter certeza: ele marcava espantosos quatro graus positivos.

Era como se a espinha daquela cordilheira estivesse segurando os ventos gelados do norte, enquanto pela outra face das montanhas chegava a brisa do litoral. O encontro das massas de ar polar e oceânica fez daquele local uma atmosfera única e aconchegante.

Encontrei um lugar espetacular para acampar e celebrar aquele momento. Em cima de uma úmida estrutura de concreto abandonada, havia um platô onde começava um pequeno bosque. Decorado de neve, mas com aquela temperatura positiva e suficientemente distante da rodovia, encontrei uma superfície plana e seca para armar a barraca. Um tronco de árvore deitado no chão serviu de banco para sentar e cozinhar e, enquanto esperava a comida ficar pronta, fiz algumas fotos que ilustraram a minha breve e bem sucedida passagem pela Bulgária. 

Um dia de viagem me separava da Turquia, país número 23 daquela aventura sobre duas rodas.

Cânions do Brasil – Piauí & Alagoas

O Brasil tem uma diversidade imensa de cânions, embora a maioria sejam desconhecidos como atração turística dos destino nacionais. É bem provável que tu tenhas ouvido falar ou conhece os Cânions do Sul (será nosso próximo post sobre esse projeto), mas para esse destino, vamos para o Nordeste; especificamente para o Piauí e Alagoas.

Sabe aquele ditado: “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”? – Então, ele define bem a “tradução” quando falamos sobre Cânions. De forma resumida, a formação deles envolve erosão fluvial, ação de calor, vento, chuva e desmoronamentos. As modificações tem suas feições ao longo do tempo e obviamente estamos falando de milhões de anos para que hoje fosse possível vê-los dessa forma.

O Nordeste possui “tesouros escondidos” entre a Caatinga e o Sertão. Paisagens que se modificam conforme a transição das estações  mostram como a natureza é adaptável e sabe o que faz.

Eu e mais dois amigos fotógrafos (@cassio.aranovich e @rodrigobarretophoto) viajamos por 20 dias explorando cenários e paisagens deslumbrantes ‘redescobrindo o Brasil’. Então se liga nas dicas e já salva esses lugares para sua próxima aventura.

Cânion do Rio Poti

Localizado no município de Buriti dos Montes, a 230km de Teresina; encontra-se o Cânion do Rio Poti. Acredita-se que a paisagem tenha se formado através de uma falha geológica provocada por um terremoto há 400 milhões de anos.

Em sua extensão de 8km de leito do rio, é possível fazer canoagem, navegação de barco (voadeira como eles chamam), trilhas na parte superior até rapel. Há alguns pontos onde o barco para e é possível fazer uma escalaminhada chegando à parte superior e assim seguir as trilhas que levam a uma cachoeira. Há a possibilidade de acampar na fazenda do Enjeitado, que é o ponto de acesso ao Cânion.

Como a época de chuvas no Piauí deixa o acesso ao cânion um pouco mais difícil e a água mais “barrosa”, o melhor período para visitar a região é depois desse período (mais precisamente entre julho à dezembro). Nossa visita foi em abril, e na noite que acampamos na fazenda, o mundo desabou em água (risos de nervoso). Na manhã seguinte, o dia amanheceu nublado com alguns resquícios de sol durante o dia. Para qualquer atividade, é preciso contratar guias e pagamos o valor de R$300 no aluguel do barco para o dia todo (R$100 por pessoa).

A pequena cidade que abriga os Cânions possui pouca infra estrutura, mas é possível comer um PF por R$15 e hospedar-se em um quarto individual por R$80 no Canyon Poty Hotel.

O barco chega ao ‘ponto final’ onde tem várias rochas caídas entre os paredões com mais de 60 metros de altura. A cachoeira fica 3km desde esse ponto e só é acessível via trilha. Nós acabamos não fazendo devido ao volume grande de água e pedras bem escorregadias pela umidade.

Em 2016, a UNESCO já havia sinalizado em transformar o cânion do rio Poti e a natureza ao redor em um Geoparque, que, de acordo com informações do CPRM, é uma marca atribuída pela Rede Global de Geoparques, por meio da UNESCO, onde sítios do patrimônio geológico representam parte de um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável.

Em 2017, o governo estadual publicou um decreto em que criou o Parque Estadual do Cânion do Rio Poti, compreendendo uma área de mais de 24 hectares de superfície e de 118 de perímetro.

O parque é uma unidade de preservação ambiental que, além do cânion, protege cerca de 1.400 espécies de animais que o espaço abriga e áreas com vegetação de caatinga e de arte rupestre.

Dentro do Parque Nacional Serra da Capivara e o Sítio João Pimenta (propriedade particular anexo ao parque) temos vários desfiladeiros. Para alguns, pode-se considerar Cânions por suas formações rochosas; embora chamem o lugar de “Baixão das Andorinhas”, pois na hora do pôr do sol milhares visitam o lugar.

Há trilhas acessíveis na parte de baixo para visitação de grutas e cavernas. Para ter acesso ao parque, é necessário guia, então atente-se a isso. São diversas trilhas e circuitos possíveis de fazer e cá entre nós, 3 dias de visitação é pouco para conhecer tudo o que a região oferece.

Cânions do Viana

 

Localizado em Bom Jesus ao sul do Piauí, encontramos os Cânions do Viana, 600km da capital Teresina. O maior encanto desse passeio é, sem dúvida, a imensidão do local e a paisagem que mais parece cenário de filme. O ideal é ir sem pressa, observar todos os lados e se encantar com os paredões formados há milhões de anos graças às ações da água e dos ventos.

A estrada até os cânions é uma grande aventura. Feita em zigue-zague para acompanhar a formação das falésias, em diversos pontos do caminho a impressão que se tem é a de que ela chegou ao fim, mas é só seguir adiante para perceber que ainda tem muita coisa pela frente. O percurso total dos cânions é de 30 km, acessível apenas por veículos 4×4 e o ideal é começar bem cedo para aproveitar.

Dica valiosa: geralmente, quando a manhã está acabando, as muralhas fazem sombras imensas, que diminuem o calor. A região dos cânions é conhecida também por ser fresca, devido aos ventos constantes, então não precisa se preocupar: o calor estará presente, mas haverá sombra e vento para melhorar a situação (ou não rs).

Só é possível ter noção da dimensão desse lugar, fazendo um sobrevoo ou voando drone. Obviamente ao passar entre os paredões pela estrada de chão com bancadas de areia, fica-se maravilhado ao vê-los com seus mais de 100m de altura e uma estrada que parece não ter fim.

Ainda não há nada ‘exploratório’ dentro dos cânions como trilhas, apenas uma “caverna” em um determinado ponto da estrada perto de algumas fazendas.

Outra característica do local é o fato de que, em cima das formações rochosas, a vegetação não é muito alta, e o contraste de cores deixa a paisagem ainda mais bonita – e se é de beleza que você gosta, a região dos Cânions do Viana tem muitas palmeiras aos pés das formações rochosas, garantindo um cenário cinematográfico.

Em alguns pontos acredito ter um potencial imenso de escalada e rapel. Acho que em breve, esse tipo de turismo será feito na região.

Como fotógrafo, meu trabalho se baseia na busca por novos lugares, novas experiências e novas histórias. E fico feliz em poder documentar essas paisagens ajudando na divulgação e promovendo turismo para região.

E aí, impressiona ou não esse lugar?

Cânion do Xingó

 

Os Cânions do Rio São Francisco (mas conhecido popularmente como Xingó, é devido a região ter esse nome). Porém, a formação aconteceu devido a usina hidroelétrica da região, concluída 1988 e, a partir disso, a paisagem nos cânions começou a mudar drasticamente.

De pouco a pouco, a represa foi enchendo e inundando os cânions, criando uma impressionante paisagem dominada pelo verde da água e pelo alaranjado dos paredões.

Em 2009, o governo brasileiro criou o Monumento Natural do Rio São Francisco para proteger uma área de, aproximadamente, 26.700 hectares entre os estados de Sergipe, Bahia e Alagoas.

Esta área de proteção ambiental abrange quatro cidades: Canindé de São Francisco, em Sergipe, Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado e Piranhas, em Alagoas, e Paulo Afonso, na Bahia.

Nessa região, a Caatinga rasteira é abundante e a fauna é rica e variada, incluindo inúmeras espécies de répteis, insetos e aves.

O cânion formado pelo lago da usina de Xingó tem 65 quilômetros de extensão e uma profundidade média de 50 metros. Em alguns pontos, a distância de um paredão a outro pode chegar a 300 metros.

Devo dizer que esse destino é muito turístico e gourmetizado. Hospedagens e passeios (Catamarãs e lanchas) bem caros. Entretanto, nós aventureiros sempre achamos alternativas para curtir a natureza.

Sem querer, através do google maps (em modo satélite), achamos umas “trilha” por cima dos Cânions e fomos em busca dela. Chegando, havia uma porteira de uma propriedade particular e a dona junto a outros turistas estavam saindo. Acabamos descobrindo que ali era um mirante para assistir ao pôr do sol, inclusive com essa proprietária conduzindo as pessoas.

Após alguns minutos de conversa, perguntamos se poderíamos acampar por ali. Ela liberou e como estava uma noite quente, acabamos fazendo bivaque.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poder acordar cada dia em um lugar diferente e levar a sua casa, literalmente, por onde for são dois motivos fortes para sonhar com um motorhome e uma vida na estrada. Nos últimos anos e até motivado pela pandemia, esse estilo “vanlife” de ser, tem conquistado cada vez mais adeptos.⁠

Mas, como será que é a vida real de quem conquistou toda essa liberdade? Quais são os prós e os contras de ter a vida inteira resumido em poucos metros quadrados?⁠

Foto: GetOutsideBr

Para entender um pouco melhor a dinâmica, os prazeres e os desafios de viver em um motorhome, nós conversamos com dois casais muito experientes nesse assunto e que estão cheios de dicas para dar.⁠

O nosso “quarteto fantástico” é formado pelo Ale e Duda, do @getoutsidebr, e pela Ana e o Gio, do @roadtrippersbr. ⁠

Preparem-se porque essa conversa promete! O link para o episódio está na bio 😉⁠

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou no Diário Oficial a Instrução Normativa nº 2, que tem como objetivo promover e incentivar a prática das atividades de escalada dentro dos Parques Nacionais.

De acordo com o documento, o esporte pode ser liberado em suas diversas modalidades considerando as condições naturais e de preservação de cada unidade. Além de facilitar a abertura de novas vias, a normativa também permite que os parques usem o esporte para desenvolver atividades que retornam em renda para ser aplicada nas próprias unidades, como a locação de equipamentos, cursos de escalada e visitas guiadas.

O documento faz parte de um projeto nacional de incentivo ao Ecoturismo focado nos parques, com o intuito de fomentar diferentes práticas esportivas ao ar livre, além de promover o desenvolvimento econômico e sustentável.

Foto: Vinicius Popoh / Arquivo Pessoal

Conforme descrito na Instrução Normativa, os parques e visitantes poderão desenvolver projetos específicos que incluam escalada em rocha nas suas mais diferentes formas. Mas, não é permitida a criação de paredes artificiais ou de escalada em árvores.

A partir dessa regulamentação, entidades ligadas ao esporte, comunidades de atletas e a própria administração das unidades de conservação ganham mais opções para incentivar a prática de escalada em território nacional e oferecer mais opções de atrativos aos visitantes.

Clique aqui para acessar a Instrução Normativa nº 2 na íntegra.

Não é todo dia que os brasileiros podem sentir a neve caindo estando dentro do próprio país. Mas, a massa polar que chegou ao Brasil na última quarta-feira (28) veio com força total e trouxe neve para 31 cidades do sul do país, chuva congelada em outros 27 municípios e sensações térmica negativa em várias localidades.

Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foram os estados mais frios. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, a pior situação foi no Paraná, que chegou a ter sensação térmica de -20,5ºC. Mas, a neve caiu forte no RS e em SC.

Na região sudeste as temperaturas mais baixas ficaram em São Paulo, sendo que na própria capital os termômetros marcaram 4,7ºC, com sensação térmica negativa.

A previsão é de que as temperaturas continuem em uma média baixa devido à massa polar até o dia 1 de agosto. Neste meio tempo, vale lembrar que o segredo para não passar frio e conseguir aproveitar as aventuras e passeios de inverno é usar camadas de aquecimento.

Foto: Gabriel Tarso

CAMADAS DE AQUECIMENTO

Quando falamos de camadas, a primeira delas é a segunda pele, o que inclui também as meias e luvas, essenciais para qualquer aventura. Como o nome já diz, ela vem em contato direto com o corpo, é extremamente leve e tem caimento justo. O tecido é feito com tecnologia que proporciona aquecimento, ao mesmo tempo em que permite à pele respirar e maximiza a evaporação do suor, para que você fique sempre seco.

Na sequência das camadas, uma sugestão é usar um fleece. Eles são leves e proporcionam aquecimento médio, podendo ser usados ainda quando os termômetros começam a subir. Se a viagem é para um lugar muito frio, a terceira camada pode ser uma jaqueta com isolamento térmico sintético, como a ThermoBall Eco, ou em pluma de ganso.

Que o @CarlosSantalena é um montanhista e tanto, todo mundo já sabe. Mas, a relação dele com os cumes mais altos do mundo ultrapassa os limites do esporte e tem raízes muito mais profundas.⁠

Em suas primeiras idas à montanha, diante daquela imensidão toda sua maior conexão era com o próprio pai. É ali que eles se encontram!

Foto: Reprodução

⁠Depois que eles mesmo se tornou pai, chegar ao topo do mundo ganhou uma dinâmica diferente e os primeiros pensamentos vão direto ao Zeca! ⁠

Estar longe dele é um desafio, mas a vontade de mostrar o mundo inteiro ao filho é ainda maior.⁠

 




📽️ @mathviotti | @leocavazzana | @gtarso_

O Atacama é um dos desertos mais áridos do mundo, mas também é dos destinos mais incríveis para diversas aventuras. Mesmo sendo um deserto, a região oferece paisagens muito distintas, que vão desde lagos até vulcões em atividade. O solo vermelho faz o Atacama ser comparada à Marte e lá é um dos melhores pontos do mundo para se observar o sol.

O deserto chileno se estende por uma área de mais de 100 mil km2 por onde estão espalhadas montanhas, dunas, vulcões, floresta de cactos, cânions, salinas, gêiseres e uma série de outras formações geológicas que atraem turistas do mundo inteiro.

Foto: Reprodução/Martin Heck

Todas essas maravilhas foram registradas pelas lentes do fotógrafo Martin Heck e transformadas em um timelapse de tirar o fôlego. São pouco mais de cinco minutos com paisagens que vão desde o deserto de sal e areia até a via láctea em um espetáculo único da natureza, eternizados em um vídeo com resolução 8k.

Vale a pena conferir esse trabalho incrível:

https://youtu.be/x2D7jHfitzk

O Pico da Neblina é o ponto mais alto do Brasil. Localizado no coração da floresta amazônica, na Serra do Imeri, seu cume está registrado a 2.999 metros de altitude. Apesar de toda a sua importância para o montanhismo nacional e por ser um local desejado por montanhistas do Brasil e do mundo, o Pico da Neblina ficou fechado a turistas durante 16 anos. Somente em março de 2020 ele foi reaberto à visitação.

Mas, o fato de estar aberto não significa que seja um pico fácil de ser alcançado. As expedições ao Pico da Neblina são longas e demandam de diversos desafios. Recentemente a médica e multiesportista, Karina Oliani, teve a oportunidade de chegar ao cume mais alto do Brasil em uma viagem juntamente com o Exército Brasileiro.

A imagem aérea mostra a beleza da Floresta Amazônica. | Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

Ela nos contou todos os detalhes dessa expedição. Confira a entrevista na íntegra:

The North Face Brasil: Quanto tempo levou essa expedição e como é o roteiro até o cume do Pico da Neblina?

Karina Oliani: A expedição demorou 5 dias. Eu fui como convidada de uma missão de patrulhamento de fronteira do Exército Brasileiro, então eu e aminha equipe fomos junto com um time de aproximadamente 20 soldados, que já estavam em uma missão de patrulhamento. A gente saiu de Manaus, pegou um voo até São Gabriel da Cachoeira. No dia seguinte saímos de São Gabriel da Cachoeira já com o pessoal do exército, voamos de helicóptero até Maturacá, que é onde está o 5º Pelotão de Fronteira do Exército Brasileiro, dormimos lá e no dia seguinte pegamos duas horas de barco, às 5h da manhã, e fomos até o início da trilha.

Neste dia do barco, nós andamos mais 8 horas para chegar até o primeiro acampamento. No segundo dia, nós andamos 10 horas, para chegar ao segundo acampamento de selva. No terceiro dia foram 12 horas de trilha para chegar em um lugar chamado de “Bacia de Gelo”, que é como se fosse o acampamento base do Pico da Neblina. Nós passamos a noite neste local e no dia seguinte acordamos, fizemos o ataque ao cume e dormimos lá, no cume do Pico da Neblina. Nós descemos no outro dia e voltamos dali de helicóptero junto com o pessoal do Exército, direto para Maturacá.

Trecho atravessado por barco em meio à selva. | Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

The North Face: Um dos grandes motivos que fizeram o Pico da Neblina ser fechado por tanto tempo foi a preocupação com as comunidades locais. Você teve algum tipo de contato com as comunidades indígenas que habitam a região?

Karina Oliani: A gente teve diversos tipos de contatos com comunidades indígenas, inclusive, tem 5 etnias diferentes que estão presentes no Exército Brasileiro, muito bem integradas, com soldados que falam em suas línguas nativas e fizeram uma saudação linda de boas-vindas quando a gente chegou lá com a nossa equipe, foi muito emocionante. Não tem como você não ter contato, porque na região só tem as comunidades indígenas e o Exército. Então, a gente tem muito contato, é muito legal. Muitos deles trabalham para o Exército e os que não trabalham ali, de alguma maneira vão até o pelotão em busca de auxílio médico e coisas do tipo, então, está todo mundo muito integrado. Nessa região, de São Gabriel da Cachoeira, 90% da população é indígena. É um lugar com muitas etnias e muita riqueza indígena.

The North Face Brasil: O Pico da Neblina está localizado no coração da floresta amazônica, uma região marcada pelas chuvas tropicais. Como foi o clima durante a expedição?

Karina Oliani: O Pico da Neblina está muito próximo da fronteira com a Venezuela, fica nessa região chamada de ‘Cabeça do Cachorro’, que é embrenhado no meio da Amazônia. A gente sobrevoou ali no momento da volta para Maturacá e você não vê uma clareira, nada, é mata fechada o tempo todo. O Pico da Neblina tem esse nome por um motivo, que é justamente a chance de você pegar o clima fechado com neblina ser muito grande, acho que de 90 a 95%. Mas, a nossa equipe deu muita sorte e, como a gente insistiu e conseguiu dormir lá no cume, a gente pegou um momento que o abriu o tempo e deu para ver tudo lá de cima, 360º. Foi muito especial. Mas, é um local que chove demais e, realmente, a parte mais desafiadora é você ficar molhado o tempo todo. A partir do momento que você entra na selva, você se molha, logo nos primeiros minutos, e aí você não consegue secar mais até o final da expedição. Então, você fica úmido o tempo todo.

Céu aberto no cume do Pico da Neblina. | Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

The North Face Brasil: O percurso tem alguma parte técnica? Qual é o nível de dificuldade?

Karina Oliani: A expedição ao Pico da Neblina é composta por um trekking intenso na selva, definitivamente não é para iniciantes. Você vai com uma mochila que pesa, no mínimo 20 kg, porque você tem que carregar a sua comida, equipamentos, barraca, roupas, kit médico, enfim, tudo. A gente vai muito pesado e andando em um solo em que a maior parte é charco, você afunda nesse solo de argila movediça, quase até a cintura. Eu cheguei, inclusive, em um momento até a perder a bota e não saber se ia conseguir recuperar, porque eu, literalmente, atolei. A parte mais difícil é você aguentar esse tranco um dia após o outro, após o outro… Então, é bem desafiador fisicamente. Você precisa estar bem preparado para realizar esse trekking. Tem muitas pessoas que não conseguem finalizar essa expedição.

O Pico da Neblina está localizado no coração da Amazônia. | Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

The North Face Brasil: Qual foi a parte mais interessante dessa viagem?

Karina Oliani: Tiveram muitas partes interessantes dessa viagem, a oportunidade de fazer esse voo com o Exército, ser recebido com o Hino Nacional e saudações indígenas muito emocionantes… mas, eu acho que a parte mais interessante foi a troca mesmo. Porque eles são especialistas em guerra na selva, em andar na selva e tudo, e a gente tem esse conhecimento de montanha. E o Neblina mistura selva com montanha, então, a gente pôde trocar realmente muitas experiências, histórias, conhecimento e somar um com o outro.

Karina Oliani junto com a equipe do Exército Brasileiro. | Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

The North Face Brasil: Você já tinha conhecido o Pico da Neblina? Como foi pra você essa experiência pessoal?

Karina Oliani: Eu não conhecia o Pico da Neblina. É engraçado até, porque eu já estive duas vezes no topo do mundo, lá no Everest, estive no topo do K2, que é a segunda montanha mais alta do mundo e, no Pico da Neblina, que é o topo do meu país, eu nunca tinha estado. Então, o fato de eu ter tido a oportunidade, finalmente, de conhecer o Pico da Neblina foi uma honra. Eu tenho muita gratidão ao Exército, por ter tratado a nossa equipe muito bem e por terem nos aceitado como parte dessa missão de reconhecimento de fronteira.

Voo sobre a Floresta Amazônica junto com o Exército Brasileiro. | Foto: Karina Oliani/Arquivo Pessoal

 

Essa é uma dúvida muito comum, seja de quem está começando no montanhismo agora ou de um aventureiro mais experiente. Mas, afinal, existe uma norma para o peso da bagagem ideal para carregar na trilha? A resposta é simples: sim!

Se você não quer sobrecarregar a sua coluna, os joelhos e todas as articulações do seu corpo ou comprometer a sua viagem, é muito importante preparar a mochila com cuidado. Escolha apenas o que é necessário e viaje sempre o mais leve possível, principalmente se a sua caminhada for longa. Nos trekkings de vários dias você será cobrado por essas escolhas durante um bom tempo. Então, use sempre a máxima do “Mogli” e leve apenas o necessário.

Existe uma “norma padrão” que te ajuda a definir o peso da mochila. Mas, esse montante é totalmente pessoal, afinal, isso é algo que varia de acordo com o próprio peso da pessoa e com o tempo da viagem. Em geral, a regra básica é: uma mochila cargueira para trekking não deve pesar mais do que 20% da massa corporal de quem irá carregá-la. As mochilas de hiking, para aventuras de um dia ou menos, não devem ultrapassar os 10% do peso da pessoa, isso porque a necessidade de roupas, alimentos e equipamentos para um dia é bem menor.

Nos casos de trekkings longos, os cuidados com o preparo da mochila devem ser ainda maiores. Se você viaja solo, leve em consideração que terá que carregar todos os equipamentos e alimentos sozinho. Então, na hora de montar a mala já inclua tudo o que você utilizará na trilha. Se houver necessidade, reduza a quantidade de roupas e vá retirando os itens supérfluos.

trekking
Escolha roupas versáteis, compressíveis e leves, que ocuparão pouco espaço e peso na bagagem. – Foto: Ian Momsen.

Uma dica importante para viajar sempre leve é escolher o vestuário e os equipamentos de forma inteligente. Escolha roupas versáteis, compressíveis e leves, que ocuparão pouco espaço e peso na bagagem. Outro ponto importante é ter peças com tecnologia de secagem rápida, como o FlashDry.

Os equipamentos também podem ser leves, principalmente quando se trata de barracas, que podem ter um peso representativo e variações consideráveis entre os modelos e marcas. Os sacos de dormir também merecem atenção. Quanto mais compressíveis eles forem, melhor será. Então, saiba qual é a variação climática do local visitado e escolha a barraca e o saco de dormir mais adequados para o peso da sua bagagem e as condições do clima.

Outra preocupação dos trilheiros de longas distâncias é com a comida e o peso que ela representa na mala. Por isso, opte sempre que possível por alimentos fáceis de transportar e leves de carregar. As frutas desidratadas, barrinhas e comida liofilizada (clique aqui para saber mais) são ótimas alternativas para quem busca refeições completas, nutritivas e que somam pouco peso na bagagem.

Colocar a mochila nas costas e sair para a trilha é uma aventura extremamente democrática e prazerosa. Poder passar um tempo em contato intenso com a natureza e desconectado de toda a loucura do dia a dia é uma válvula de escape e uma verdadeira terapia. A prática do trekking e hiking está cada vez mais comum e é muito fácil encontrar opções interessantes de trilhas perto das cidades que vão durar algumas horas ou até alguns dias.

Mas, você já pensou na possibilidade de encarar meses numa trilha? Passar dezenas ou até centenas de dias tendo como principal companhia os próprios pensamentos e os sons dos passos e da natureza? É mais ou menos assim que é a vida de um thru-hiker, os trilheiros que encaram trilhas de longa distância pelo mundo a fora.

A Pacific Crest Trail é uma das trilhas de longa distância mais famosas do mundo. | Foto: Kelly Bork / Unsplash

Existem algumas trilhas neste formato que já são bem famosas, como a Appalachian Trail , Pacific Crest Trail, Great Trail… enfim, são muitos nomes e milhares de quilômetros. Para entender um pouco mais de tudo o que envolve esse universo de trilhas de longas distâncias, o papo é com a Elaine Bissonho (@elainebrazilnut), uma brasileira casca-grossa e que tem milhares de quilômetros de trilhas no currículo.

O Parque Nacional da Serra do Cipó foi criado oficialmente em 1984. Com uma área de 33.800 hectares e localizado a apenas 100 km de Belo Horizonte, é uma excelente opção para quem está em busca das mais diversas atividades ao ar livre, desde mountain bike até escalada. Um dos programas mais recomendados dentro do parque é a Travessia Alto Palácio – Serra dos Alves, em um roteiro que pode levar até 3 dias.

O guia do projeto piloto, publicado pelo ICMBio, traz todos os detalhes para quem tem interesse em fazer esse trekking. O e-book, disponível gratuitamente on-line neste link, tem informações sobre a fauna, flora, detalhes históricos e geográficos da região, dicas de como se preparar para essa trilha, quais rotas seguir, boas práticas e onde ficar dentro do parque durante a travessia.

O Parque Nacional da Serra do Cipó foi criado em 1984. | Foto: Fayson Merege

O roteiro da travessia sugere uma divisão de percurso percorrido em três dias. O primeiro trecho, “Alto Palácio – Casa de Tábuas”, tem início na Sede do Alto Palácio e vai até a Lapa dos Veados. São 18 quilômetros de trilha, com trechos que passam por diferentes paisagens, mirantes e córregos. O acampamento é feito no entorno da Casa de Tábuas, que, apesar do nome, serve mais como um abrigo de passagem e área de convivência. Não é possível pernoitar na casa, mas os turistas podem utilizar o espaço para preparar refeições. Apesar da pouca estrutura, é um local que possibilita muitas memórias e tem um charme histórico muito especial.

O segundo dia de travessia conta com um percurso de 11 km, e vai da Casa de Tábuas a Casa dos Currais. Esse trecho é marcado por pontos com vistas panorâmicas e 360º que dão ao trilheiro a noção da imensidão da natureza ao seu redor, além de uma série de curiosas árvores e plantas, como a canela-de-ema-gigante, uma planta endêmica que pode chegar a sete metros de altura e é considerada muito rara e única. Assim como acontece na Casa de Tábuas, não é possível pernoitar na Casa dos Currais. Ambas as estruturas são muito antigas e anteriores à criação do parque, portanto são bem rústicas e usadas como área de apoio aos turistas e base para os brigadistas.

O terceiro e último dia também conta com um percurso de 11 km de extensão, começando na Casa dos Currais e indo até a Serra dos Alves. O primeiro trecho é marcado pelo cruzamento de uma serra de pradarias, com relevo predominantemente plano, mas com fácil acesso a alguns cumes que servem de mirante à região e valem uma parada e desvio no caminho. O trecho final é a descida até a Serra dos Alves, com direito a passagem por cânions e cachoeiras.

A travessia acaba com a chegada ao povoado de Serra dos Alves, onde os trilheiros podem aproveitar e estender a visita para mergulhar um pouco mais na cultura local, explorando um vilarejo que surgiu no ano de 1850.

O Parque da Serra do Cipó pode ser visitado durante todo o ano. Saiba mais aqui.

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A meditação é um dos assuntos da vez e não é de hoje. Apesar de ser uma prática muito antiga, a meditação tem se espalhado pelo campo científico em um período mais recente, com cientistas, fisiologistas, psicólogos e outros especialistas estudando a influência dessa prática nas mais diversas áreas, desde o mundo corporativo até os esportes de alto rendimento. Uma das descobertas proporcionadas por essas pesquisas é a relação direta entre meditação, força e desempenho esportivo e nós vamos explicar o porquê disso.

Para começar a entender como essa relação acontece, nada melhor do que uma experiência prática. Foi justamente isso o que um grupo de pesquisadores do departamento de Neurofisiologia da Universidade de Ohio fez. A equipe levantou voluntários dispostos a participarem de um experimento pelo período de quatro semanas, cujo intuito era mensurar a influência da meditação na força física.

O estudo contou com 29 voluntários, sendo que 15 pessoas ficariam durante as quatro semanas sem realizar atividades físicas e sem meditar. Enquanto isso, o restante do grupo faria sessões de meditação visual cinco vezes por semana. Esta técnica se baseia em exercícios que incentivam os participantes a se visualizarem realizando movimentos físicos, desde os exercícios aeróbios, até alongamentos e descansos. Esta meditação não inclui a prática das atividades físicas, em si. Os voluntários apenas se imaginavam nestas situações.

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Ao fim do período de avaliação, todos os participantes foram submetidos a avaliações físicas e tiveram seus resultados iniciais e finais comparados. De acordo com os cientistas, o grupo que não meditou perdeu 45% da força nos braços em relação ao início do estudo. Já o grupo que meditou, perdeu 25% da força física. O resultado estabelece uma relação direta entre a meditação e o desempenho físico.

Os pesquisadores explicam que isso acontece porque o nosso cérebro tem influência direta nos nossos músculos. Trabalhando este tipo de meditação é possível “treinar” o cérebro e o restante do corpo para manter a memória física e ainda aprimorar movimentos e a respiração. Segundo os cientistas, é um erro muito comum achar que a força depende exclusivamente do tamanho do músculo. O sistema nervoso, especificamente quando se trata da memória, é um fator chave para a força muscular e a meditação é uma ferramenta extra para manter tudo funcionando da melhor maneira possível.