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A travessia Petrópolis x Teresópolis é uma das mais famosas e bonitas do Brasil. Localizado no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, esse roteiro atrai montanhistas de todo o país que estão em busca de uma boa dose de desafios, experiências únicas e uma paisagem natural incrível.

Para se ter uma noção da imensidão de possibilidades que essa travessia proporciona é preciso conhecer um pouco do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O local é uma unidade de proteção federal devido à sua importância para a biodiversidade brasileira. Por uma área de 20 mil hectares existem mais de 200 quilômetros de trilhas para todos os níveis de dificuldade, lá estão alguns dos melhores picos de escalada do Brasil (e do mundo), 462 espécies de aves, 105 mamíferos, 103 anfíbios e 83 répteis, isso apenas entre as espécies catalogadas. A imensidão da cadeia de montanhas garante espetáculos diários, como as manhãs que começam praticamente “sobre” as nuvens e noites que, com o céu claro, permitem apreciar a vista da baixada fluminense e da cidade do Rio de Janeiro.

Esses são apenas alguns detalhes que tornam essa travessia tão especial. Mas, nós separamos mais algumas informações que vão lhe fazer querer parar tudo, arrumar as malas e partir rumo a Petrópolis agora mesmo.

Petrô x Terê

Essa travessia costuma ser feita em 3 dias. Apesar de possuir, em média, 30 km de extensão, uma distância razoavelmente curta, ela é cheia de desafios e os longos quilômetros subindo a serra fazem o trajeto ficar mais desgastante e cansativo.

Para fazer essa travessia é necessária a presença de um guia experiente, ter bom preparo físico e estar com os equipamentos adequados, inclusive os equipamentos de segurança para escalada, como corda e cadeirinha. Além disso é preciso pagar uma taxa e ter autorização prévia para fazer o roteiro. (Clique aqui para mais informações)

Os montanhistas que decidem fazer a travessia ainda precisam respeitar as normas do parque em relação às áreas de camping. Em alguns trechos é proibido acampar para garantir a preservação ambiental, principal em locais já afetados pela atividade humana nos últimos anos.

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Por uma área de 20 mil hectares existem mais de 200 quilômetros de trilhas para todos os níveis de dificuldade. | Foto: Reprodução/Facebook – Parnaso

O começo

A indicação é iniciar a travessia partindo de Petrópolis, indo rumo a Teresópolis. A sugestão deve-se principalmente pela paisagem e beleza do trajeto. A portaria onde a aventura começa está localizada no bairro de Bonfim. Logo no primeiro dia a recomendação é de que os trilheiros cheguem ao Castelo do Açú. São, em média, 6 horas de caminhada em pouco mais de 7km de extensão. O trecho inicial está a 1.100 metros do nível do mar e ao final do primeiro dia, o camping está a 2.245 metros de altitude. A subida é longa, mas o resultado compensa. Em dias com o céu claro, é possível ver da barraca as luzes do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense.

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Para fazer essa travessia é necessária a presença de um guia experiente e ter bom preparo físico. | Foto: Reprodução/Facebook – Parnaso

O segundo dia

Aqui o dia já começa com um sol que faz tudo valer a pena. Este é o trecho mais técnico da travessia. Por causa da altitude, é comum o dia começar com muita neblina. Por causa disso, muitas pessoas se perdem nas trilhas, que ocorrem predominantemente em trechos de altitude. Portanto, nessa parte é imprescindível contar com a presença de um guia que conheça muito bem a região.

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A travessia Petrópolis x Teresópolis costuma ser feita em 3 dias. | Foto: Franklin Zembruski – Reprodução/Facebook – Parnaso

Após uma hora e meia de caminhada, passando por mirantes, cachoeiras e riachos onde é possível encher as reservas de água e se refrescar, chega-se ao Elevador. Essa escada de ferro exige muito cuidado e equilíbrio para ser atravessada com as grandes mochilas cargueiras nas costas. A caminhada que segue vai até o Morro do Dinossauro, de onde é possível ver a Pedra do Sino, e depois segue na descida até o Vale das Antas.

Continuando a caminhada é possível avistar a maior parede de escalada do Brasil, onde estão as famosas vias Franco-Brasileira e Terra de Gigantes. O roteiro segue em uma descida técnica até uma grota e continua até o paredão que leva à Pedra do Sino. Esta subida, conhecida como Cavalinho, é o ponto mais perigoso da travessia. Para passar por ele é necessário usar equipamentos de segurança, como cadeirinhas, cordas e mosquetões. Depois disso a trilha segue até a Pedra do Sino, o ponto mais alto da travessia e de toda a Serra dos Órgãos, a 2.263 metros de altitude. É proibido acampar no cume da Pedra do Sino, mas ali perto está o abrigo 4 do parque.

Acabando com chave de ouro

O último dia da travessia é relativamente tranquilo. São 11 quilômetros de caminhada, mas em uma descida relativamente leve e com belas vistas. Antes de pegar a trilha para Teresópolis, no entanto, é altamente recomendado uma última subida à Pedra do Sino para ver o sol nascer. Esse é um esforço que vale cada passo.

Descendo para o fim da travessia, os trilheiros podem reparar uma mudança na vegetação, assim que chega abaixo dos 2.000 metros de altitude. As trilhas começam a ter mais bromélias e orquídeas, além de passagens por cachoeiras e pelo antigo abrigo 3, que agora está desativado e se camufla em meio à mata.

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Apesar de possuir, em média, 30 km, essa travessia é cheia de desafios. | Foto: Reprodução/Facebook – Parnaso

O que levar?

Devido à altitude, distância e dificuldade do percurso, a travessia Petrópolis x Teresópolis exige roupas, calçados e equipamentos mais técnicos. Além da barraca, da mochila e da comida, a lista de viagem inclui muitas outras coisas.

Clique aqui e baixe o checklist completo feito pelo montanhista Maximo Kausch, com tudo o que você precisa levar para fazer a travessia em segurança.

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Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.