Ao todo foram mais de três anos e meio viajando pelo mundo. Uma jornada onde visitamos os lugares mais incríveis. Um casal, um carro, uma missão: dirigir de São Paulo até o outro lado do planeta.
Nessa série inédita de dez artigos, nós, Leo e Rachel Spencer, vamos relembrar as conquistas, os desafios, os momentos de alegria e superação que envolveram a maior viagem de nossas vidas.
Os primeiros passos
Sem saber nada de carro e mecânica e tendo acampado só duas vezes na vida, não tínhamos o perfil do casal que teria sucesso em tal empreitada. Mas isso não era o suficiente para nos desanimar.
Ao longo de doze meses dedicamos todas as horas livres para entender como conseguiríamos colocar de pé tal projeto. E assim, no final de 2012, nascia o Viajo logo Existo – uma aventura pelos cinco continentes do mundo.
O carro escolhido foi a Land Rover Defender 110, um ícone do Overland. Era essencial que tivéssemos um carro que fosse confiável, mas ao mesmo tempo, simples de consertar em qualquer lugar do mundo. Colocamos uma barraca de teto, armários e cozinha. O carro agora seria o mais próximo de uma casa nos anos seguintes de nossas vidas.
No começo de 2013 tomamos coragem e pedimos demissão de nossos bem-sucedidos trabalhos. Ali deixávamos para traz quase uma década trabalhando para o Citibank, um dos maiores bancos do mundo. Não tem jeito, para cada escolha, uma renúncia.
Trinta dias antes de nossa partida nos casamos. Celebramos nossa união ao mesmo tempo que nos despedíamos de amigos e familiares.
Agora era hora de cair na estrada!
Rumo a Patagônia
Assim como muitas pessoas, nós também tínhamos o sonho de visitar a região da Patagônia. Mas com o sonho de percorrer os quase quatro mil quilômetros que separam São Paulo de Ushuaia, vinha um desafio: sair da capital paulista no início do mês de maio, e chegar a terra do fim do mundo antes das nevascas de inverno fecharem as estradas da região.
O primeiro marco da viagem acontece no nono dia de estrada, quando cruzamos a nossa primeira fronteira, entre o Brasil e o Uruguai. Pelas nossas contas, poderíamos levar no máximo trinta dias para chegar em Ushuaia. Para os matemáticos de plantão, isso dá em torno de 130km de estrada por dia, o que parece pouco, certo? Mas não se você pretende curtir o caminho, parar nas Cataratas do Iguaçu ou charmosa Colonia del Sacramento.
Aí o tempo já começa a ficar curto.
A nosso favor sabíamos que uma vez que cruzássemos a cidade de Bahia Blanca, o vazio tomaria conta do caminho e só nos restaria dirigir e dirigir rumo a Patagônia. Por isso, passamos a puxar quatrocentos, quinhentos quilômetros por dia.
Começamos a desbravar a Patagônia na Península Valdez, patrimônio da Humanidade da UNESCO por conta da sua rica diversidade natural. A região é famosa por seus pinguins, guanacos e baleias. Por ser começo de inverno, não havia ninguém, só nós dois. Isso significa horas e horas sem ver uma única alma viva. A previsão era de frio intenso nos próximos dias e resolvemos não perder mais tempo no caminho, era preciso chegar logo ao extremo sul.
Enfim, o fim do mundo chamado Ushuaia
Começamos a subir e tudo começou a ficar branco ao nosso redor. À primeira vista estávamos no Passo Garibaldi, região famosa por ser a ponta de entrada para Ushuaia. A paisagem nevada confirmava que já estávamos muito longe de casa. Paramos diversas vezes, fizemos dezenas de fotos com aquele cenário todo branco em nossa volta. Era a primeira que víamos tanta neve em nossas vidas! Contudo, nunca vamos nos esquecer do momento que Ushuaia aparece em nossa frente, ali ao pé da montanha e banhada pelo mar gelado.
Nós conseguimos!
Agora era dirigir até o final da famosa rota 3, o lugar onde acaba a estrada. Dali em diante, só de navio rumo a Antártida.
O que fazer em Ushuaia, sul da Patagônia?
- Explorar o parque nacional Tierra del Fuego
- Passeio de barco pelo canal beagle
- Conhecer a região do Serro Castor
- Dar uma volta no trem do fim do mundo
- Ver o Glaciar Vinciguerra e Laguna dos Tempanos
- Kaiak sunset
- Visitar as colonias de pinguins
Apesar do frio, que tornava o ato de acampar impossível, nada se comparou ao que viveríamos anos depois no extremo norte da Europa (tem post aqui sobre essa trip). Por fim, acabamos nos hospedando em um hotel baratinho e foi a melhor decisão.
A volta ao mundo continua….
Não perca o próximo artigo sobre a Volta do mundo de carro do Viajo logo Existo. Nele, contaremos sobre as belezas de Torres del Paine, El Calafate e do desafio de dirigir até o misterioso Deserto do Atacama, no norte do Chile.