Viajar é sempre muito enriquecedor porque nos proporciona conhecer novos lugares, culturas, pessoas e viver experiências memoráveis. Nunca voltamos para casa da mesma maneira que saímos, pois há sempre um novo aprendizado que agregamos.
Mas qual a diferença de uma viagem comum e uma expedição fotográfica?
Expedições fotográficas são viagens com uma imersão específica em tudo o que o destino pode oferecer. Normalmente a expedição é preparada com bastante antecedência e começa com a visita prévia do fotógrafo responsável para uma inspeção. Esta visita tem como objetivo mapear o destino com olhos especializados.
“Quando planejo uma expedição fotográfica, a primeira coisa que faço é escolher o destino de acordo com o potencial de imagens e experiências que ele oferece. Cultura, pessoas, paisagens, aventura, vida selvagem e incríveis fenômenos da natureza são as principais diretrizes, além de priorizar também roteiros exclusivos”, explica Cristiano Xavier, fotógrafo responsável por alguns dos grupos da OneLapse Expedições Fotográficas.
Outro fator importante é identificar características específicas das locações, como o período mais adequado do ano, as condições meteorológicas, a estrutura hoteleira e a logística que coloque os entusiastas da fotografia nos melhores lugares e na hora certa, pois muitas vezes o momento ideal para a fotografia é completamente diferente do horário do turista comum, proporcionando ao participante de uma expedição fotográfica uma experiência visual muito mais produtiva e intensa.
Cristiano conta que o processo de pesquisa que faz para gerar um roteiro contém diversas características importantes a serem observadas: “Após a escolha do destino, inicio um intenso processo de pesquisa sobre todas as características da região. No caso de expedições com o tema de paisagens – minha especialidade – levo em consideração o clima, regime de chuvas, época do ano com a melhor luz, vegetação, distâncias a serem percorridas, fases da lua etc. Para as expedições de vida selvagem é importante saber o comportamento das espécies, período migratório e de reprodução, hábitos alimentares e o quão próximo conseguiremos nos aproximar para definir o tipo de equipamento fotográfico mais adequado. No caso de destinos onde as populações tradicionais e a cultura são os temas, procuro estudar os costumes, o modo de vida, a religião, possíveis restrições que possam impactar nosso trabalho de alguma maneira e até a situação política atual. Todas estas informações visam proporcionar uma experiência completa e muito mais intensa que rendam imagens fortes e significativas, além de desenvolver a capacidade de observação de cada participante”. Após a viagem de inspeção, o fotógrafo faz um relatório detalhado e junto à equipe da agência traçam o roteiro final para a expedição em grupo.
Normalmente as expedições fotográficas são segmentadas por tipos de fotografias: Paisagens em destinos como Patagônia, Islândia e Noruega; Vida Selvagem, especialmente em destinos africanos como Tanzânia, Quênia e Uganda; Documental, que podem ser destinos mais urbanos como Índia ou com foco em tribos, como a Etiópia; Aventura em trilhas de tirar o fôlego no Nepal/Everest ou Bolívia; e, até, os novos segmentos de fotografia, como a subaquática em Tonga, na Polinésia, aonde o objetivo principal é fotografar as baleias jubartes. Independente do tema, o objetivo é sempre sair do lugar comum e permitir que o participante vivencie de forma única o que cada lugar do mundo tem a oferecer.
A promotora goiana Roberta Pondé nunca se perguntou por que resolveu fazer uma expedição fotográfica, mas trocou as viagens convencionais por esse novo segmento de viagem. “Claro, gosto de fotografia e viagens. Mas só isso não explica. As expedições fotográficas são para quem quer abandonar a zona de conforto, os conceitos, os preconceitos – fotográficos ou não”. Roberta acredita que suas escolhas foram feitas principalmente pelos motivos abaixo:
“Em primeiro lugar, uma expedição fotográfica retira a mesmice”
Você vai visitar às 5 da matina a feira que nenhum turista costuma ir, subirá a montanha que poucos se atrevem, verá rituais em tribos distantes e sentará por horas dentro de uma mesquita à espera da melhor luz refletida nos vitrais. Acredite, você sai tanto do óbvio que pode ir a um lugar que já tenha visitado e ele se mostrará um outro, novo e instigante, tanto para seus olhos quanto para suas lentes.
“Uma expedição fotográfica retira certezas”
Você verá que aquela técnica que aprendeu às vezes não servirá de nada diante do imponderável. E o imponderável está sempre à espreita, na fotografia de rua, na de natureza, no retrato. Nessa hora, você contará com alguém ali do lado, para auxiliar nas escolhas técnicas, para apurar o olhar, para trocar experiências ou mesmo para, junto com você, ter novas (in)certezas. A troca não é só com o fotógrafo profissional que nos acompanha. Há uma interação tão bacana entre os participantes que ouso dizer que aprendemos uns com os outros tanto quanto com o profissional que nos conduz.
“Uma expedição fotográfica afasta a rotina”
Ela é feita para quem não se importa em dispensar o café da manhã no hotel porque a luz ideal, de um amanhecer, não espera um despertar preguiçoso. É feita para quem troca o almoço no restaurante estrelado por uma “lunch box” que será devorada à sombra de uma árvore na savana africana. Afinal, os bichos possuem hábitos e é você quem tem que se adaptar a eles se quiser uma boa imagem. É para quem carrega nos ombros, feliz, uma mochila com equipamentos que pesam não menos que oito, dez quilos e que, como em um passe de mágica, rápido como a luz tênue do crepúsculo se vai, fica leve assim que você constata que fez “a foto do dia”.
Quem pode participar?
As viagens não são limitadas. São pensadas para todos os entusiastas da fotografia. Até para aqueles que estão começando e levam apenas um celular. “Há muitos viajantes que não sabem ainda o que significa ISO, RAW e tantos outros termos que esse pessoal tanto fala, porque no fim não importa o equipamento que você carrega em mãos, a imersão é o que conta, feita para todo aquele que quer ser tirado de si mesmo para, com as lentes e com a retina, lançar um novo – e vibrante – olhar para o nosso mundo”, conclui Roberta.
A direção e o acompanhamento de um fotógrafo especialista é o que permite intensificar toda essa experiência. Com o olhar treinado é ele quem toma as decisões e conduz o grupo de acordo com o clima, a luz e o momento para que as melhores imagens sejam captadas. Durante todo o roteiro, o fotógrafo acompanha, instrui e analisa as imagens produzidas pelos participantes, independente do nível de experiência fotográfica e do equipamento de cada pessoa, pois todo entusiasta da fotografia entende que o aperfeiçoamento é constante.
“A fotografia nos faz mais observadores e curiosos, desenvolvendo nossa atitude para explorar lugares aonde turistas dificilmente passam, nos deixando mais propensos a experiências diferenciadas. Todo este conjunto faz com que uma expedição fotográfica seja uma viagem infinitamente mais rica e memorável”, finaliza Cristiano.