Considerada a maior montanha da Europa, o Monte Elbrus e seus 5642m, pode ter seu título questionado quando o continente é segmentado entre oriental e ocidental. Por esta divisão, o Elbrus passa a ser a grandiosa da Europa Oriental e o Mont Blanc, o maior da Europa Ocidental. Bom, a verdade é que as duas montanhas valem a visita e a investida!

“Minha admiração por essa expedição, começa assim que pouso em Moscou. Extremamente limpa, a capital que possui cerca de 12,4 milhões de habitantes choca com tamanha organização. Certamente a mais impecável que já visitei. Não se vê lixo na rua. Gramados e floreiras de encher os olhos, percorrem toda extensão da cidade. Existe amor a própria terra, amor a cultura. A capital guarda além das histórias de guerra – se orgulham por terem combatido o nazismo e o fascismo – muita cultura literária, artística, esportiva e nos traz uma sensação incrível de estarmos sem comunicação. Dificilmente encontramos alguém que fale bem inglês. O português, então, nem se fala.

De Moscou, pegamos mais um avião, que em quatro horas nos deixou em Mineralnye Vody, região da Balkaria. De lá, seguimos por mais quatro horas em um transfer, e após passarmos pela fronteira administrativa, chegamos em Terskol.  A partir deste vilarejo que começaríamos nossa ascensão do Elbrus.

O processo de aclimatação começa em Mt. Cheguet, zona fronteiriça com a Geórgia. Após o primeiro dia do processo, partimos rumo a Elbrus. Por lá, fizemos mais dois dias de aclimatação para então, ascendermos ao cume.

A Rússia é um país enorme, possui uma vasta história sobre seu território, inclusive a existência da antiga União Soviética. O cantinho conhecido como Balkaria – Cabardia, possui uma administração própria. A cultura dessa região destoa do restante do país, já que a religião predominante é o islamismo.  Os loiros russos que estamos acostumados a ver em filmes, dão lugar aos morenos que mais se assemelham aos turcos.

As saladas russas feitas como batatas, iogurte, pepinos, tomate e claro, funcho como tempero, compõe a alimentação local, bem como os bolinhos de carnes e frango, que são uma delícia! Pela manhã, mingau de aveia que mais parece aquele mingauzinho de vó. Conhaques e vinhos da Geórgia, que são verdadeira iguarias, também merecem ser lembrados!

Muitos dizem que o Elbrus é fácil ou talvez a mais fácil entre os 7 cumes, mas desde que estive aqui a primeira vez, pude perceber que é uma montanha tinhosa. As mudanças bruscas de clima fogem das previsões mais assertivas, provando que a natureza não é exata e que nós, seres humanos, devemos ser versáteis e pacientes para encontrar o melhor momento para a subida. Qualquer alta montanha exige respeito, entrega e treinamento específico.

Havíamos programado uma expedição que contabilizava quatro dias na montanha. Chegamos ao refúgio alto, que está a 4100m de altitude para aclimatação final e o clima parecia instável. No dia seguinte, subimos a Pashtuhov Rock que está a 4650m. Enfrentamos o frio de -15 celsius e ventos de 50km por hora. Tudo indicava que deveríamos ter paciência. Naquela noite o tempo mudou! A neve começou a cair com força, o frio se intensificou e ficamos seis dias estocados no refúgio, até podermos decidir que a única janela possível de cume seria em 08/09/2022. A cada dia a resiliência mental, a resistência corporal e o ânimo da equipe faziam com que continuássemos otimistas.

Durante os dias de refúgio, quatro deles estivemos sozinhos e nos últimos dois já tínhamos a presença de um iraniano e um russo, que visualizavam o dia de cume exatamente na mesma data que nosso grupo. A presença deles fez toda diferença para quebrar nossa monotonia e conseguirmos explorar novos assuntos e conhecimentos. Costumo dizer que a paciência é uma das maiores virtudes da alta montanha. Nesta experiência nitidamente a paciência foi o fator decisivo para o sucesso. Nestes dias presos, alteramos as passagens aéreas usando o pouco sinal que tínhamos. Estávamos dispostos a fazer o cume por mais que tivéssemos que esperar mais e mais.

No dia 07 o dia continuava horrível, neve intensa, frio intenso. Era impossível acreditar que iria melhorar para dia 08, ainda mais com as previsões de 50km de vento na altitude de cume e as nevascas ainda presentes em todos os modelos consultados. A decisão foi acordar por volta das 02h e analisarmos as condições. E foi o que fizemos. O clima estava calmo, céu estrelado, sem neve, frio normal para região. Como um passe de mágica, o clima estava perfeito. Foi neste momento sabíamos da grande chance de cume.

Saímos do refúgio as 04h, seguimos a altitude de 4800m com o apoio dos snowcats – comuns na escalada pelo lado sul – e de lá seguimos nossa escalada ao cume. A subida já começa com inclinação de 30 graus e com frio intenso. Elbrus é uma montanha sempre gelada e ventosa, devido a localização geográfica e mais especificadamente a latitude. Por isso, se faz necessário a utilização de equipamentos robustos que servem para montanhas de 8000 ou expedições polares.

Após duas horas de subida já havíamos contemplado o nascer do sol. Estávamos no colo que divide o cume oeste e o cume leste, ponto importante de parada e recuperação física. Nosso tempo de deslocamento estava excelente. Paramos por dez minutos para nos hidratarmos. Seguimos para parte mais inclinada que chega aos 45 graus e possui um trecho de cordas fixas como uma espécie de backup, evitando a queda pela encosta, que pode ser fatal.  Dali para cima fomos nos emocionando, nos conscientizando do sucesso e o quanto havíamos trabalhado para chegar onde estávamos! Ao pisar no topo, nos abraçamos, choramos, comemoramos, fizemos fotos e iniciamos nossa descida sem pressa, contemplando toda cordilheira do Cáucaso. Essa cordilheira é algo incrível! Montanhas escarpadas, piramidais, selvagens e pouco frequentadas. Um prato cheio para montanhistas de todo mundo.

Sabemos que a jornada, o caminho, é o que mais interessa, mas é inevitável reconhecer que atingir o cume e o objetivo final, nos dá um gosto especial e uma confiança maior em nós mesmos e nossas próximas expedições.

O Elbrus é uma montanha nos mostra que mesmo as montanhas que são julgadas simples do ponto de vista técnico, podem ser intensas e perigosas quando oferecem mau clima. Não existe montanha fácil, mas certamente elas se tornam mais acessíveis quando respeitamos sua grandiosidade e nos preparamos de forma correta.”

Criado em 1990 em Nova Iorque através do evento “Corrida pela Cura”, o Outubro Rosa tem como objetivos principais compartilhar informações e promover a conscientização do diagnóstico precoce do câncer de mama e, mais recentemente, do câncer de colo do útero.

No Brasil, a primeira ação do movimento aconteceu em 2002, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, quando o Obelisco Mausoléu ao Soldado Contitucionalista ganhou a iluminação cor-de-rosa.

Apesar de não existir uma prevenção comprovadamente eficaz para certos tipos da doença, há muitas formas de diminuir o risco de seu desenvolvimento:

  • Tenha uma alimentação saudável.
  • Inclua alimentos de origem vegetal na sua dieta e claro, evite os ultras processados;
  • Mantenha o peso adequado ao seu biotipo. Pessoas acima do peso estão mais propensas ao câncer;
  • Pratique atividades físicas. Faça algo que lhe dê prazer e a mantenha ativa de forma regular;
  • Evite a ingestão de bebidas alcoólicas.

 

 

Tão importante quanto as dicas acima, exames periódicos são fundamentais. A mamografia é o principal exame para se detectar o câncer de mama no estágio inicial. Quando descoberto no começo, os índices de cura chegam até 95%.

Neste mês e em todos os outros meses do ano, compartilhe informações, cuide-se e tenha hábitos saudáveis no seu dia a dia.

 

Juntas somos sempre mais fortes!

Os Lençóis Maranhenses compõem um dos mais paradisíacos cenários do território brasileiro. Seu nome oficial é Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e está distribuído entre diversos municípios do estado do Maranhão. E você sabia que é possível fazer um trekking incrível por ali? Todo o relato desse post é da Luisa Galiza, do Leve na Viagem, embaixadora da The North Face.

Trekking dos Lençóis Maranhenses: três dias de aventura

O trajeto total conta com cerca de 50 quilômetros, que são percorridos em três dias de muito suor, calor e areia, causando os melhores sentimentos! Esse é o roteiro dos três dias:

1º dia: Atins – Baixa Grande

2º dia: Baixa Grande – Queimada dos Britos

3º dia: Queimada dos Britos – Santo Amaro

Foto: Rodrigo Ruschel

Primeiro dia da Travessia

No primeiro dia, de Atins até Baixa Grande, são cerca de 14 km caminhando por 6 horas. A jardineira deixa os aventureiros no ponto onde não se pode mais entrar de automóvel.

No trajeto, passa-se por dezenas de lagoas e dunas. O interessante é que, por ser um local dentro do Parque que só pode ir a pé, não é possível ver ninguém. Só passa ali quem está de fato fazendo o trekking.

O primeiro oásis (nome das pequenas vilas no meio dos Lençóis) a ser alcançado é Baixa Grande. A chegada é na hora do almoço, com o restante do dia para descansar e curtir a beleza do local. No final da tarde, há sempre uma duna por perto para subir e ver o espetáculo do pôr do sol.

Para dormir, só no redário, ao lado de banheiros comunitários, e também ao lado do local onde são feitas as refeições. Aliás, almoço, jantar e café da manhã são os nativos que preparam para os trilheiros, então é comida caseira gostosa do rincão do Brasil.

À noite, apreciar o céu estrelado único é o ponto alto. O recomendado é que se durma cedo, pois o segundo dia de trekking é bem puxado.

Segundo dia da Travessia

No segundo dia, acorda-se por volta das 4h30 da manhã para tomar um café reforçado, arrumar as coisas e partir. É importante que as longas caminhadas comecem cedo, a fim de evitar muitas horas de sol a pino.

O segundo dia tem mais paraísos desertos ao longo dos 14km de trekking. O bom dessa caminhada é que é possível parar para lanchar, descansar e curtir as lagoas livremente, pois não há um roteiro específico. Existe, claro, um trajeto, mas não há rigidez quanto ao que fazer. O guia saberá te orientar muito bem!

Depois de mais 6 horas de caminhada, chega-se à comunidade Queimada dos Britos, um local super aconchegante e com nativos acolhedores. Uma das curiosidades é que por lá moram apenas cerca de 19 famílias. A alimentação é com comida caseira e gostosa, ao lado de um riacho corrente, onde é possível tomar banho e lavar roupa, caso precise. Como na comunidade anterior, há banheiro ao lado do redário.

Terceiro dia de Travessia

No último dia, o trajeto vai da Queimada dos Britos até Santo Amaro, o destino final. A saída é às 3h da manhã para começar o trekking ainda mais cedo. Como o trajeto do último dia é de cerca de 18km, quanto antes iniciar, mais seguro é.

Esse terceiro dia é intenso e, sem sombra de dúvidas, o mais cansativo. Além de a distância ser maior, há ainda menos paradas para chegar antes de o sol castigar. Por isso, esse trekking é para quem gosta e tem experiência em caminhadas, já que elas são bem longas, mesmo parando para descanso. Além disso, estar no “meio do nada” demanda uma boa preparação mental também.

É no terceiro dia em que se faz a parada mais bonita de todo o trekking, que é na lagoa mais profunda dos Lençóis. É lindíssima!

Chega-se à comunidade chamada Betânia, às margens do Rio Alegre, depois de 8 horas de caminhada. O barqueiro já está a postos, para conduzir os trilheiros até um restaurante para almoçar e, depois, ir de jardineira até Santo Amaro.

Dica:

Para fazer esse trekking, é essencial estar com roupas leves, que não aqueçam o corpo com a caminhada. A camiseta hyper é ótima para a ocasião, pois a tecnologia FlashDry ajuda a evaporar o suor e manter o corpo seco. Além disso, tem proteção ultravioleta FPU 50.

Sobre calçados, a melhor forma é caminhar descalço, mas para pés mais sensíveis, é aconselhável levar meias. Leve também bonés, biquíni/sunga para entrar nas lagoas e não esqueça de um filtro solar biodegradável!

Lembre-se que você tem 10% de desconto com o cupom levenaviagem.

 

 

Localizada na região serrana do Brasil, a Serra do Caparaó fica entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais e tem extensão aproximada de 50km. Estima-se que suas formações existem a mais ou menos 600 milhões de anos e que devido a inúmeros processos erosivos, as rochas “perderam altitude” ao decorrer do tempo. Caparaó  possui a segunda maior cota de altitude do Brasil, perdendo apenas para a Serra do Imeri, no estado do Amazonas.

Entre a abundância de natureza, belas cachoeiras, vales e montanhas está o Parque Nacional do Caparaó, que recém completou 60 anos e é administrado pelo ICMBIO. Parada obrigatória para os amantes do trekking e montanhismo, a região conta com a terceira maior montanha do país – o Pico da Bandeira e seus 2892m. Se a visita for feita através do Alto Caparaó (MG), a trilha começa na Tronqueira e tem extensão de 6.9km com subida fácil/moderada até o Pico da Bandeira, passando pelo Vale Encantado. Os últimos 2km são íngremes, com pequenas escalaminhadas. Para quem deseja explorar o lado capixaba, a trilha inicia na Casa Queimada e tem extensão de 4.3km com subida moderada/difícil até o cume – por este lado, está o Pico do Calçado (2849m), extraoficialmente a segunda maior montanha da região. Há também outras trilhas dentro parque, como o Morro da Cruz do Negro. De estrutura básica, o PNC possui quatro locais de acampamento distribuídos entre os dois estados.

Caparaó que significa “águas que nascem das pedras”, possui diversos afluentes e rios, dando origem a inúmeras piscinas e poços naturais. O banho é convidativo no verão (novembro – abril), quando a temperatura externa chega aos 30 graus, contrastando com a água gelada. As cachoeiras são especiais neste clima de altitude e possuem fácil acesso.

Os horários do Parque:

  • Com acampamento: 7h às 17h (terça a sexta) e 7h às 14h (finais de semana e feriados)
  • Sem acampamento: das 7h às 17h30
  • ‘Bate-e-volta’ ao Pico da Bandeira (retorno no mesmo dia): até 8h30min

Caso queira acampar no parque para assistir o sol nascer lá no cume do Pico da Bandeira, é preciso registrar-se no site do Parque.

Pico do Cristal – 2770m
Cachoeira do Aurélio
Pico do Calçado

 

 

 

 

 

PORTARIA DE PEDRA MENINA – DORES DO RIO PRETO – ES

Saindo de Vitória, siga pela BR-101 até Cachoeiro de Itapemirim (ES), até aí são 131 km. Partindo de Cachoeiro, são mais 75 km até Guaçuí (ES) e então, mais 37 km até Dores do Rio Preto (ES).

Saindo de Belo Horizonte, siga por 292 km, pela BR-262 (sentido Vitória), até o trevo de Reduto (MG). A partir daí, são 58 km até Espera Feliz (MG) e mais 10 km até Dores do Rio Preto (ES). Outra opção é seguir do Município de Espera Feliz até o distrito do Paraíso. São aproximadamente 25 km de estrada asfaltada. De Paraíso a portaria do Parque são mais 7 km de estrada pavimentada.

Embora conhecido por suas montanhas e cachoeiras, o Caparaó atrai turistas também por seu café e gastronomia. Atente-se: 90% do turismo acontece entre quinta a domingo.

 

PORTARIA DE ALTO CAPARAÓ – MG

Saindo de Vitória, siga pela rodovia BR-262, sentido Belo Horizonte (MG). 15 km após a divisa dos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, na BR-262, pegue, à esquerda, a rodovia para Manhumirim (MG) e Alto Jequitibá (MG). Em Alto Jequitibá, pegue, à esquerda, a rodovia para Alto Caparaó (MG), totalizando cerca de 225 km de distância da capital capixaba.

Saindo de Belo Horizonte, siga pela rodovia BR-262, vá no sentido Vitória (ES) até a cidade de Manhuaçu (MG), a 280 km de Belo Horizonte. Após a entrada de Manhuaçu, na BR-262, pegue, à direita, a rodovia para Manhumirim (MG) e Alto Jequitibá (MG). Em Alto Jequitibá, pegue, à esquerda, a rodovia para Alto Caparaó (MG), totalizando cerca de 330 km de distância da capital mineira.

 

 

 

Use roupas adequadas e tenha noção que por mais “fácil” que a trilha pareça, estamos falando de 2892m de altitude! Nesta altura, o vento é forte e gelado. Quem se arrisca ir para o nascer do sol certamente pegará temperaturas negativas durante a subida. Já no pôr do sol, a temperatura facilmente será abaixo dos 10ºC. Os riscos de hipotermia são reais, então esteja bem agasalhado.

 

 

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Por Luisa Mazarotto

“E a saudade que eu estava de uma escalada tradicional!? Me programei para ir à Florianópolis no feriado de 7 de setembro e a convite do Leandro Mathias, escalamos a via Tardes de Outono, na Barra da Lagoa. Considerada uma das 50 clássicas do Brasil, a via possui 96m em 4 cordadas e é graduada em 5º Vsup E1.

Nossa primeira investida aconteceu no sábado (10), mas o vento sul que varreu a ilha da magia na noite anterior, ainda mostrava sua força. Pela manhã, as rajadas estavam muito fortes, o que nos fez abandonar a subida ainda na metade do trajeto.

No dia seguinte, domingo, olhamos pela janela e vimos o famoso céu de brigadeiro. O vento estava com velocidade em torno de 15km/h, ou seja, as condições eram perfeitas para escalar! Arrumamos nossas coisas e partimos para a Barra da Lagoa, pegando a trilha sentido Ponta da Galheta.

A aproximação para o Setor 1 de escalada possui mais ou menos dois quilômetros de trilhas. Fizemos o acesso através ao setor pela parte mais alta e descemos o percurso que leva à base das vias.

Leandro inaugurou a escalada, guiando a primeira cordada. Esse início tem várias agarras e alguns trechos de aderência, mas achamos uma cordada até que tranquila. Logo chegou minha vez de ir para a ponta da corda: a segunda enfiada era de pura aderência e com alguns lances bem delicados.

Cheguei a um platô lindo, de onde pude montar a seg para Leandro subir. A terceira cordada foi dele e também era um tanto quanto encardida. Após uma diagonal para a esquerda, a sequência era de alguns lances delicados, mas muito bonitos. A quarta e última cordada foi minha, era uma rampa tranquilíssima de subir, dava quase para sair correndo.

 

 

A vista do setor é incrível! Escalamos o tempo todo de costas para o mar, ouvindo a água bater nas rochas. O famoso “vento suli” – como dizem os manézinhos da ilha – esteve sempre presente, mas com velocidade tolerável.

Fazia tempo que eu não encarava exposição na escalada, e confesso que foi um tanto quanto radical! Aderência é minha “disciplina” favorita, por isso, foi gostoso demais conquistar mais esse desafio!”

 

 

A escolha dos equipamentos fez toda a diferença para o conforto durante a caminhada e escalada. Equipe-se com a The North Face!

Motivation High Rise 7/8

– Regata Ruby Hill

Fleece Summit L2

Bota Vectiv Exploris Mid Futurelight

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– Boné Horizon

 

CHEGAVA A HORA DE COMEÇAR A SUBIR, E DIRIGIR DE USHUAIA AO ATACAMA DE CARRO, UM TRAJETO DE MILHARES DE QUILÔMETROS. AO LONGO DE QUASE DOIS MESES O QUE NÃO FALTOU, FORAM BELOS CENÁRIOS E BOAS HISTÓRIAS De ESTRADA.

Depois de alguns dias de frio em Ushuaia, tínhamos a sensação de ter conquistado nosso primeiro objetivo da volta ao mundo de carro. Acima de tudo, nosso maior receio em visitar a Patagônia no começo do inverno era com a possibilidade de pegar muita neve nas estradas. Apesar do nosso cuidado todo, as próximas semanas seriam desafiadoras.

Saímos de Ushuaia rumo a cidade de Punta Arenas, no extremo sul do Chile. O trajeto se divide em estradas de terra e rípio (cascalhos) e raramente cruzamos alguém no trajeto. Sabendo disso, carregávamos água, comida e combustível extra, para uma eventual emergência.

Bem vindos ao Chile!

Punta Arena é uma cidade portuária, e ponto de partida para quem vai conhecer o maravilhoso parque de Torres del Paine. Porém, nessa época do ano nada acontecia por aquelas bandas. Chegamos na entrada do parque com a previsão de clima nublado e muito frio para os próximos dias.

Passamos a primeira noite na entrada do parque, dormindo em nossa barraca no teto do carro e relativamente preocupados com relatos de panteras pumas na região. Claro que hoje, mais experientes, sabemos que era um receio desmedido, uma vez que é raro avistar pumas em qualquer lugar do mundo.

Durante os três dias em Torres del Paine, fomos abençoados com todos os climas possíveis: sol, chuva, nublado, neve, vento e o que mais você possa imaginar. Que lugar maravilhoso! O recorte das paisagens, as texturas, os campos ou as montanhas, fazem de Torres del Paine um dos lugares mais bonitos do mundo.

Orbitando as fronteiras

De Torres del Paine dirigimos um dia inteiro para El Calafate, novamente na Argentina. Já conhecíamos essa região, mas queríamos visitar o impressionante glaciar Perito Moreno, patrimônio mundial da humanidade.

El Calafate é um dos nossos destinos preferidos na Patagônia. Além da cidade ser um charme, de lá você pode navegar pelo lago argentino, ver glaciares de perto, visitar El Chalten, ir ao museu do gelo ou simplesmente caminhar pelos arredores da sua hospedagem para apreciar o visual.

Acima de tudo, cada dia que passava, o frio chegava com mais veemência a região. Acampar se tornou impossível e era comum nevar durante as noites. Seguimos para o norte, fugindo do frio e alternando entre pequenas cidades entre o Chile e a Argentina.

Um dos destaques foi o trajeto conhecido como Carreteira Austral do lado chileno. Um trajeto pelas montanhas, com mirantes, glaciares, cachoeiras e paisagens de tirar o fôlego. O clima frio, somado a poucas horas de sol, não nos permitiu aproveitar a região da forma devida.

Por fim passamos rapidamente por Bariloche e São Martin de Los Andes. Apesar de ser inverno, estação que traz vida e turismo para essas cidades, acampar era impossível e gastar com hotéis caros não estava nos planos.

Ushuaia ao Atacama de carro

Olha, é o Oceano Pacífico!

 Uma viagem de carro pelo mundo, como a nossa, é cheia de simbolismos. Cidade mais ao sul, mais ao norte, país mais distante, diferentes religiões, etc. – e chegar ao Oceano Pacífico era um deles.

Depois de visitar a charmosa cidade de Pucon e sua região vulcânica, nós seguimos para a pacata cidade litorânea de Pichilemu. Foi lá que vimos pela primeira vez na viagem o sol se pondo no mar, deixando o oceano pacífico todo colorido.

Em Puchilemu queríamos fotografar a onda de Punta de Lobos, famosa por ser o palco de ondas gigantescas no país. Não tivemos sorte com as ondas, mas achamos o local lindo.

De Ushuaia ao Atacama são quase cinco mil quilômetros, mas agora faltavam meros mil quilômetros para o nosso segundo objetivo.

Do Ushuaia ao Atacama 

Ao todo foram quase 45 dias de estrada até o momento que avistamos a placa de São Pedro de Atacama, o pequeno vilarejo que serve como um dos pontos de partida para explorar o deserto mais árido do mundo.

O Deserto do Atacama é um lugar mágico, lindo e que todos deveriam visitar pelo menos uma vez na vida. Vales recortados, picos nevados, salares, termas e geysers. Some a isso o charme da cidade de São Pedro de Atacama com ruas sem carro, bons restaurantes, hotéis descolados e um clima leve.

A cidade tem um camping próximo ao centrinho, e optamos por ficar por lá. A infra é ruim, mas dá para viver. Como era a nossa segunda vez na região, e agora com nosso próprio carro, revisitamos vários lugares sem a pressa de estar dentro de uma excursão. Éramos os primeiros a chegar e os últimos a partir.

Foi só no Atacama, depois de quase três meses, que começamos a relaxar, parar de ter pressa e aproveitar o dia a dia da viagem. Isso tem um pouco a ver com o clima, com os dias mais quentes. Chegamos no Salar de Atacama às 14h, abrimos nossas cadeiras e ficamos ali lendo nossos livros. Vários ônibus com turistas chegaram para ver o pôr do sol e logo se foram. Pudemos apreciar as estrelas surgirem e então, por volta de 21h juntamos tudo, ligamos o carro e voltamos para o camping.

Ali, talvez, começou de verdade a nossa volta ao mundo de carro.

Ushuaia ao Atacama de carro

A volta ao mundo de carro!

— Esse é o segundo artigo sobre a volta ao mundo de carro do Viajo logo Existo, onde falamos sobre ir de Ushuaia ao Atacama. Não perca o primeiro capítulo aqui! O próximo desafio é cruzar o Peru, Equador rumo a cidade de Cartagena, no norte da Colômbia.

“Mashallah – do Ártico à Ásia de bicicleta” conta parte da jornada do escritor e parceiro da The North Face, Isra Coifman, que saiu do sul do Brasil e pedalou mais de 27 mil km através de 31 países entre 2016 e 2019.

O livro é uma mescla de diário de bordo, narrativa de aventura, história e reflexões das experiências vividas em 19 países: Dinamarca, Finlândia, Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Bielorrússia, Ucrânia, Moldávia, Romênia, Bulgária, Turquia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão. É um manifesto sobre como não se aprisionar no próprio grito de liberdade e permanecer no sonho, mesmo que a viagem acabe.

Encante-se:

“Estávamos em nosso primeiro istão, mais precisamente na região dos sete istãos — ou seven stans. O sufixo stan vem do persa e é equivalente ao inglês land. Significa terra, território ou nação, assim como encontramos em Iceland, Ireland, Scotland etc. Dos sete istãos, cinco estão na Ásia Central: Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Quirguistão. Completam a lista Afeganistão e Paquistão, localizados no sul do continente, mas que fazem fronteira com alguns dos vizinhos mencionados. O prefixo kozak em russo também é encontrado como kazak em turco e, em ambos os idiomas, tem o mesmo significado: nômade, homem livre, errante. Se nos aprofundarmos nas origens das línguas indo-europeias, vamos encontrar ainda mais referências ao estilo de vida que escolhi levar. Em tcheco, stan significa barraca; em búlgaro, acampamento, e em russo, assentamento. 

Como dois cazaques que carregam o próprio istão na bicicleta, eu e Pascal (o meu amigo suíço da foto) seguimos atravessando aquele deserto rumo à Pamir Highway.”

“A fusão de contemplação e sofrimento atingiu seu ápice na manhã seguinte, quando cheguei ao ponto mais alto do Wakhan. Com indisposição e dores de cabeça por conta da altitude, avancei os oito quilômetros restantes e alcancei o passo Kargush, 4.344 metros acima do nível do mar. Há muitas viagens dentro da Pamir. A experiência é um paradoxo repleto de clichês, como o desejo de chegar logo versus a excitação de não querer que a viagem termine. Uma antirromantização do sofrimento, que traz à flor da pele mais ódio do que amor. E que nos faz ver beleza nas pequenas vitórias — como conseguir prender a barraca no chão e não se abalar por perder parte do jantar após um dia de sacrifícios. O temido Wakhan Valley havia ficado para trás. Uma viagem espetacular que redefiniu os meus limites. Apesar de devastado, saí dele mais forte.”

 

 

 

A pré-venda do livro está acontecendo no link abaixo:

https://benfeitoria.com/projeto/mashallah

 

Bons ventos!

Ao todo foram mais de três anos e meio viajando pelo mundo. Uma jornada onde visitamos os lugares mais incríveis. Um casal, um carro, uma missão: dirigir de São Paulo até o outro lado do planeta.

Nessa série inédita de dez artigos, nós, Leo e Rachel Spencer, vamos relembrar as conquistas, os desafios, os momentos de alegria e superação que envolveram a maior viagem de nossas vidas.

Os primeiros passos 

Sem saber nada de carro e mecânica e tendo acampado só duas vezes na vida, não tínhamos o perfil do casal que teria sucesso em tal empreitada. Mas isso não era o suficiente para nos desanimar.

Ao longo de doze meses dedicamos todas as horas livres para entender como conseguiríamos colocar de pé tal projeto. E assim, no final de 2012, nascia o Viajo logo Existo – uma aventura pelos cinco continentes do mundo.

O carro escolhido foi a Land Rover Defender 110, um ícone do Overland. Era essencial que tivéssemos um carro que fosse confiável, mas ao mesmo tempo, simples de consertar em qualquer lugar do mundo. Colocamos uma barraca de teto, armários e cozinha. O carro agora seria o mais próximo de uma casa nos anos seguintes de nossas vidas.

No começo de 2013 tomamos coragem e pedimos demissão de nossos bem-sucedidos trabalhos. Ali deixávamos para traz quase uma década trabalhando para o Citibank, um dos maiores bancos do mundo. Não tem jeito, para cada escolha, uma renúncia.

Trinta dias antes de nossa partida nos casamos. Celebramos nossa união ao mesmo tempo que nos despedíamos de amigos e familiares.

Agora era hora de cair na estrada!

Rumo a Patagônia

Assim como muitas pessoas, nós também tínhamos o sonho de visitar a região da Patagônia. Mas com o sonho de percorrer os quase quatro mil quilômetros que separam São Paulo de Ushuaia, vinha um desafio: sair da capital paulista no início do mês de maio, e chegar a terra do fim do mundo antes das nevascas de inverno fecharem as estradas da região.

O primeiro marco da viagem acontece no nono dia de estrada, quando cruzamos a nossa primeira fronteira, entre o Brasil e o Uruguai. Pelas nossas contas, poderíamos levar no máximo trinta dias para chegar em Ushuaia. Para os matemáticos de plantão, isso dá em torno de 130km de estrada por dia, o que parece pouco, certo? Mas não se você pretende curtir o caminho, parar nas Cataratas do Iguaçu ou charmosa Colonia del Sacramento.

Aí o tempo já começa a ficar curto.

A nosso favor sabíamos que uma vez que cruzássemos a cidade de Bahia Blanca, o vazio tomaria conta do caminho e só nos restaria dirigir e dirigir rumo a Patagônia. Por isso, passamos a puxar quatrocentos, quinhentos quilômetros por dia.

Começamos a desbravar a Patagônia na Península Valdez, patrimônio da Humanidade da UNESCO por conta da sua rica diversidade natural. A região é famosa por seus pinguins, guanacos e baleias. Por ser começo de inverno, não havia ninguém, só nós dois. Isso significa horas e horas sem ver uma única alma viva. A previsão era de frio intenso nos próximos dias e resolvemos não perder mais tempo no caminho, era preciso chegar logo ao extremo sul.

Enfim, o fim do mundo chamado Ushuaia

Começamos a subir e tudo começou a ficar branco ao nosso redor. À primeira vista estávamos no Passo Garibaldi, região famosa por ser a ponta de entrada para Ushuaia. A paisagem nevada confirmava que já estávamos muito longe de casa. Paramos diversas vezes, fizemos dezenas de fotos com aquele cenário todo branco em nossa volta. Era a primeira que víamos tanta neve em nossas vidas! Contudo, nunca vamos nos esquecer do momento que Ushuaia aparece em nossa frente, ali ao pé da montanha e banhada pelo mar gelado.

Nós conseguimos!

Agora era dirigir até o final da famosa rota 3, o lugar onde acaba a estrada. Dali em diante, só de navio rumo a Antártida.

O que fazer em Ushuaia, sul da Patagônia?

  • Explorar o parque nacional Tierra del Fuego
  • Passeio de barco pelo canal beagle
  • Conhecer a região do Serro Castor
  • Dar uma volta no trem do fim do mundo
  • Ver o Glaciar Vinciguerra e Laguna dos Tempanos
  • Kaiak sunset
  • Visitar as colonias de pinguins

Apesar do frio, que tornava o ato de acampar impossível, nada se comparou ao que viveríamos  anos depois no extremo norte da Europa (tem post aqui sobre essa trip). Por fim, acabamos nos hospedando em um hotel baratinho e foi a melhor decisão.

 

Contudo Patagoniia

A volta ao mundo continua….

Não perca o próximo artigo sobre a Volta do mundo de carro do Viajo logo Existo. Nele, contaremos sobre as belezas de Torres del Paine, El Calafate e do desafio de dirigir até o misterioso Deserto do Atacama, no norte do Chile.

O montanhista brasileiro Moeses Fiamocini acaba de voltar do Paquistão. A missão muito bem executada resultou, dessa vez, no cume das montanhas Broad Peak e Gasherbrum II em apenas SETE dias!  Essas duas montanhas com mais de 8 mil metros de altitude, fazem parte de um circuito de 14 montanhas que ele almeja conquistar.

Confira agora a entrevista exclusiva para o blog da The North Face Brasil.

Como foi seu processo de decisão para criar o Projeto Himalaias 8000?

Comecei a escalar montanhas nos Andes em 2009 e cheguei a minha primeira de 8000, o Manaslu (8.156 metros), em 2018. Até aquele momento, embora já tivesse uma boa experiência em escalada em rocha e gelo, eu imaginava que montanhas de 8000 mil estivessem muito distantes de mim. Depois do Manaslu, decidi que no ano seguinte subiria o Everest (8.848 metros). Manaslu e Everest não são montanhas técnicas e foi assim que percebi minha capacidade para algo mais desafiador.

Como usei pouco oxigênio e somente nas partes mais próximas ao cume, concluí que seria possível subir montanhas mais difíceis e sem oxigênio.

Já saí do Everest com o projeto definido.

 Em que fase está o projeto? Quantas montanhas você já escalou?

Até o momento escalei seis montanhas de 8000 mil metros, mas apenas quatro delas estão dentro do projeto, já que as duas primeiras terei que escalar novamente, sem oxigênio suplementar. As montanhas K2 (8.611 metros), Nanga Parbat (8.126 metros), Broad Peak (8.051 metros) e Gasherbrum II (8.035 metros), já foram conquistadas sem oxigênio. Ou seja, faltam 10!

Quais dessas 14 montanhas você considera as mais desafiadoras?

Todas! Rsrsrs Eu sempre digo que nenhuma 8 mil é fácil. Cada montanha tem uma geografia própria, que torna sua escalada difícil e perigosa de maneira diferente. Cada temporada apresenta variáveis, de acordo com o clima daquele ano. É um grande jogo de xadrez.

Quando escalei o K2, em 2019, que é a segunda montanha mais alta do mundo, achei que seria uma das mais difíceis. Acabo de voltar do Pasquistão e o Broad Peak é incrivelmente desafiador, porque é super íngreme desde sua base até o cume. Ele não dá descanso. Já o G2… uau, o G2 até o momento foi a mais perigosa.

Então, não tem um padrão. Essas ultimas possuem menor altitude entre as 14, mas foram puxadíssimas!

Conta pra gente um pouco mais da experiência no Broad Peak esse ano?

Essa temporada no Paquistão foi complexa. A intensa onda de calor que atingiu boa parte do hemisfério norte, deixou as montanhas ainda mais perigosas. Temperaturas acima do normal fazem com que blocos de gelos e pedras se desprendam mais facilmente. Houve vários acidentes, e infelizmente, alguns foram fatais. Durante os 40 dias que passei na região, o clima intercalou entre semanas com fortes nevascas e semanas de calor extremo. Uma combinação terrível para escalar.

A estratégia que escolhi para minimizar os riscos, foi subir para os campos altos durante a noite – quando as temperaturas estão mais baixas – e descansar durante o dia.

As ascensões ao Broad Peak nessa temporada foram especialmente tumultuadas. Um paquistanês sofreu um acidente um pouco antes do cume, onde há uma crista que exige muita atenção para ser ultrapassada, chamada rock summit.  O rapaz caiu desse local e desapareceu em um abismo de mais de 2500 metros. O Broad Peak fica na fronteira entre o Paquistão e a China e sua queda foi para o lado chinês da montanha. Um helicóptero realizou algumas buscas, mas não encontrou o corpo.

Alguns dias depois houve outro acidente fatal com um inglês, no mesmo local, um dia antes da minha chegada ao cume. Assim como o paquistanês, ele também caiu do rock summit, mas a dessa vez foi para o lado do Paquistão. Todos nós vimos do campo 3. Quando você presencia algo assim, precisa de um foco absurdo para não desistir do que está fazendo.

Embora eu estivesse escalando o Broad Peak sozinho e sem ajuda de carregadores, na noite do ataque ao cume, escalei próximo a um grupo de quatro pessoas, três delas de diferentes nacionalidades. Apesar da queda do inglês, decidimos subir e ver com os próprios olhos como estaria essa parte do rock summit. O grupo usava oxigênio e todos eram fortes. Devido as condições da montanha, me obriguei a acompanhá-los, independente da força que tivesse que fazer. Não queria chegar sozinho ao trecho do rock summit, seria muito mais seguro ter outras opiniões sobre a condição do local. Quando chegamos, estávamos bem e com energia para manter a atenção, então decidimos continuar e felizmente deu tudo certo. Chegamos no cume ao amanhecer e o dia estava lindo.

Na descida, eu e um nepalês que estava guiando uma inglesa, juntamos forças e instalamos 100 metros de cordas fixas, o que tornou nossa descida bem mais segura.

E como foi a experiência no Gasherbrum II?

Minha ascensão ao G2 foi rápida. A previsão do tempo sinalizava apenas cinco dias seguidos de clima bom e eu não queria perder essa janela. Após fazer cume no Broad Peak, descansei um dia e depois caminhei 12 horas até chegar ao campo base do G2.

Soube que sete pessoas de diferentes nacionalidades começariam a subir a montanha naquela mesma noite. Me juntei ao grupo. Isso me ajudou muito, pois dividi com eles as barracas nos campos altos. Pude subir com a mochila um pouco mais leve. Alguns também tentariam o cume sem oxigênio.

O desafio no G2 já começa ao sair do campo base. Cruza-se um glaciar de 12 km para chegar ao campo 1. Foram exatamente 11 horas caminhando no meio de paredes de gelo com crateras abismais. Quase toda a extensão de cordas fixas que anteriormente haviam sido instaladas, tinha sido soterrada pela neve ou arrancada por avalanches. Ficamos sabendo dessas condições por pessoas que haviam escalado nos dias anteriores.

Assim como a estratégia usada no Broad Peak, decidimos sempre avançar a noite e descansar durante o dia, para diminuir a chance de sermos atingido por blocos de gelo que se desprendem com o calor do sol.

Entre o campo 1 e o campo 2 escalamos uma parte chamada Banana Ridge, um paredão de gelo super íngreme de 500 metros de altitude. Na noite seguinte subimos do campo 2 ao campo 3 e o problema desse trecho são as frequentes avalanches. Fomos atropelados por uma, que não nos causou danos, mas arrebentou as cordas fixas. Após algum tempo, outra avalanche passou perto de nós. Essa acabou atingindo um mexicano, que estava bem próximo a mim. Ele ficou soterrado até o pescoço e eu o desenterrei. Foi outro susto e maior desta vez. Levamos sete horas para chegar ao campo 3. Uma caminhada difícil, porque a neve estava profunda.

Na noite seguinte, às 19h horas saímos do campo 3 – que está a 7 mil metros de altitude – rumo ao cume. Esse é um trajeto complexo pois há uma travessia difícil, caminhamos por seis horas em neve profunda, nos mantendo na mesma altitude. Nesse trajeto temos que cruzar de um lado para o outro da “pirâmide” e a chance de avalanche é enorme. Para piorar, o clima fechou nesse dia, então, além de não haver cordas fixas, não tínhamos visibilidade.

Levamos 15 horas para chegar ao cume, e apesar da alegria da conquista, estávamos tensos. Sabíamos que descer não seria simples. Durante a travessia da pirâmide para descer, fomos pegos por uma outra avalanche que nos arrastou por 30 metros. A sensação foi de estar flutuando em uma onda. De qualquer forma tivemos sorte. Se fosse uma avalanche mais intensa, poderia ter nos arrastados até um abismo de 3 mil metros de altitude.

Saímos do campo base em oito pessoas e fizemos cume em quatro. Os demais desistiram em diferentes partes da montanha. Quando chegamos ao campo 3, decidimos apenas fazer uma pequena pausa e descer direto até o base. Tudo o que queríamos era deixar a montanha o mais rápido possível.

Posso dizer que o Gasherbrum II foi a montanha mais perigosa que eu já escalei até o momento. Nunca imaginei que fosse dizer isso após já ter tentado escalar duas vezes a perigosa Annapurna, mas o G2 conseguiu superar.

Inclusive, meu objetivo esse ano era escalar Broad Peak, o Gasherbrum II e o Gasherbrum I. O G1 está ao lado do G2 e eu já estava ali, aclimatado. Seria “tão simples” apenas subir. Na verdade, o G1 é mais técnico que o G2 e dada as condições, que também não estavam nada animadoras, achei que já havia tido bastante risco para uma temporada. Além do mais, desde o Broad Peak, eu estava com uma tosse muito forte e não estava me sentindo 100%.

 

Como lidar com a parte psicológica para não desistir diante dos riscos?

Confesso que há momentos que nem mesmo eu entendo. Acho que o que me faz não desistir é o tamanho do meu desejo de terminar esse projeto. Tenho certeza da minha capacidade de realizá-lo.

O preparo psicológico também é algo que vai se aprimorando a cada nova vivência nas montanhas. Embora já tenha chegado ao cume de seis montanhas de 8 mil metros, estive em outras cinco expedições, onde não fiz cume. Foram duas tentativas no Annapurna, duas no Dhaulagiri e uma no Lhotse. Isso dá um total de 11 expedições de 8 mil. Peguei tempestade perto do cume do Lhotse. Na descida, um montanhista búlgaro morreu nos meus braços. Sofri uma queda de 50 metros no Dhaulagir.  Perdi grandes amigos para as montanhas.

É um processo que, aos poucos, vai te deixando mais forte. Todos esses acontecimentos me deixaram abalado e ainda me deixam, mas acredito que é como o trabalho de um médico ou de um bombeiro. Você vê coisas terríveis e o tempo te ensina a conviver com elas.

Como você tem custeado as expedições que já realizou?

Eu tenho uma empresa que organiza grupos de trekkings de altitude e expedições para algumas montanhas. É de onde vem a renda que invisto no projeto. Tenho alguns apoiadores também, como a The North Face que me ajuda com os equipamentos.

Tem previsão para a conclusão do projeto?

Com patrocínio eu poderia concluir em 2023. Sem patrocínio realmente fica mais difícil prever.

Qual será o próximo desafio?

Nesse segundo semestre de 2022, vou para o Nepal e talvez invista no Cho Oyu, que é uma montanha de 8 mil, com acesso apenas pela China. Os nepaleses irão tentar abrir uma rota pelo Nepal esse ano. Pode ser que eu tente o Dhaulagiri. Vamos ver como ficam as coisas.

 

Se você quiser acompanhar o montanhista Moeses Fiamoncini, siga suas páginas no Facebook e Instagram: @moesesfiamoncini e @projetohimalaias8000.

 

Um dos atrativos naturais mais surpreendentes do Rio de Janeiro, está localizado no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e carrega muita história.

Conquistado em 1912, por José Texeira Guimarães, Raul Carneiro e os irmãos Acácio, Alexandre e Américo Oliveira, o Dedo de Deus e seus 1600 metros de altitude, marcam o início do montanhismo no Brasil.

Hoje em dia, a rota feita pelo quinteto é utilizada, principalmente, para a descida do cume, através da prática de rapel. Já a via mais frequentada, fica a Leste Maria Cebola. Diversificada, possui diversos estilos de escalada, como fendas, chaminés, diedros e aderência.

Importante ressaltar que seja qual for a via escolhida, o Dedo de Deus não é uma montanha para iniciantes. A trilha íngreme, possui trechos de escalada em cabo de aço e várias partes vertiginosas até chegar na base. De lá, são mais 07 cordadas (divisões de uma via, possuem cerca de 30m em cada seção) e 240m de escalada até o cume.

O percurso que pode levar de 12 a 24 horas, deve ser iniciado durante a madrugada, mantendo uma margem de tempo para eventuais imprevistos.

 

DICAS

  • Preencha o termo do parque antes de escalar qualquer montanha na Serra dos Órgãos.
  • Treine, independente do grau que você escala, será um dia longo de exercícios.
  • Se precisar, contrate um guia de escalada.

EQUIPAMENTOS:

  • Corda dinâmica de 60m.
  • 8 costuras longas.
  • 2 paradas completas.
  • 1 jogo de Camalots do #.5 ao #4.
  • Joelheiras para chaminés.
  • Luvas para o trecho de cabo de aço.

 

 

No dia 19 de agosto, comemora-se o Dia Mundial da Fotografia. Independentemente de você ser profissional ou amador, vou deixar 5 dicas de lugares incríveis que além de proporcionarem experiências únicas, proporcionam também belíssimas fotos!

5 destinos paradisíacos para fotos perfeitas

Deserto do Atacama – Chile

Localizado na cidade de San Pedro, o Deserto do Atacama é um prato cheio para quem gosta de fotografias e quer aproveitar uma aventura inesquecível. O imponente Vulcão Licancabur por si só já traz uma visão de encher os olhos, mas o tour astronômico da região é marcante e incomparável. Tido como o céu mais limpo do mundo, inclusive sendo, por isso, base de diversos estudos astronômicos, o Deserto do Atacama é um cenário paradisíaco para registros únicos. No Leve na Viagem tem um roteiro completo pelo Atacama, com registros também lindos, que vale a pena a leitura.

Bonito – Brasil

No Centro Oeste brasileiro, no Mato Grosso do Sul, está um dos principais destinos de ecoturismo do país: Bonito. O município é absurdamente lindo, justificando perfeitamente o nome que recebe. A 300km da capital, Campo Grande, Bonito se tornou um lugar muito buscado pelos turistas que prezam pelo contato com a natureza, devido a toda a riqueza de fauna e flora que existe lá. Tudo isso é apresentado aos visitantes de uma forma absurdamente encantadora: são rios de flutuação cristalinos, grutas com lagos e cachoeiras com trilhas deliciosas. A Gruta do Lago Azul é a que rende fotos mais bonitas para os turistas! É impressionante e imponente, com o azul da água formando um espelho surreal. Mesmo sendo uma visita apenas contemplativa, é tão bonito que vale a pena.

Lençóis Maranhenses – Brasil

Cartão postal do Maranhão, os Lençóis Maranhenses talvez formem o mais belo e diferente cenário dessa lista. Com dunas de areias branquíssimas e lagoas para banho e mergulhos, os Lençóis Maranhenses rendem um cenário de fotografia arrebatador! Aliás, a Lagoa Bonita é maravilhosa, ainda mais quando se assiste ao pôr do sol de lá. Atividade mais que recomendada nesse cantinho de paraíso do país.Se você for mais aventureiro, o que acredito que sim, o trekking de travessia dos Lençóis, além de uma vivência esplêndida, proporciona visuais diferenciados e, claro, fotografias únicas!

yoga nos lençóis

Torres del Paine – Chile

Outro lugar especial na América do Sul, o Parque Nacional Torres del Paine fica na região de Magalhães, no sul da Patagônia. Declarado Reserva da Biosfera pela UNESCO, é um dos mais impressionantes da América do Sul, e isso é plenamente justificável: lagos, cascatas, rios, glaciares e vegetação harmonizam perfeitamente, formando paisagens inesquecíveis. O destino é perfeito para quem ama trilhas e trekkings aliados a um cenário estonteante. É uma região de montanha que vai te proporcionar não somente fotos maravilhosas, como também recordações únicas! Para visitar Torres del Paine, é preciso ir para Puerto Natales, cidade mais próxima da região.

Monte Roraima – Tríplice Fronteira Brasil, Venezuela e Guiana

Para fechar com chave de ouro essa lista de destinos tão lindos e incríveis, o imponente Monte Roraima, definitivamente, não poderia ficar de fora. Com porções de terra entre três países – Brasil, Venezuela e Guiana -, a montanha tem um dos trekkings mais incríveis da América do Sul. Lá quase não houve intervenção humana, então a natureza é mais selvagem. É de Pacaraima, em Roraima, que chega ao Parque Nacional Monte Roraima. São dias de trilha e exploração para chegar ao cume, mas a chegada é recompensadora e exuberante, não só pelo resultado final, mas por tudo o que se vive ao longo do trajeto. 

 

O Ski Alpino atrai diversos turistas que querem aproveitar o dia na montanha e curtir tudo o que a estação tem para oferecer. Mas engana-se quem acha que a prática de ski se limita apenas a essa modalidade.
Conheça as mais diversas maneiras de se praticar o esporte, e quem sabe, romper barreiras para criar novos desafios.

Ski Alpino

É a modalidade que mais atrai os turistas e claro, a mais popular. Aqui você sobe a montanha até o ponto desejado, através de um lift (teleférico), e desce a pista fazendo curvas. Quanto ao equipamento utilizado, as botas ficam totalmente encaixadas no ski, são rígidas e possuem cano longo. Isso proporciona grande estabilidade. Já os bastões, auxiliam na coordenação e equilíbrio.

Telemark Skiing

Muito semelhante ao Ski Alpino, no Telemark Skiing as botas não são totalmente presas no ski. Para essa modalidade, que também tem como objetivo chegar ao final da montanha, os calcanhares ficam soltos para garantir maior flexibilidade. Dessa forma, as curvas realizadas tornam-se muito mais técnicas.

Cross Country

Os teleféricos saem de ação, dando lugar única e exclusivamente à você. Isso mesmo! Essa modalidade que faz parte dos jogos olímpicos de inverno, consiste em subidas e descidas feitas caminhando pela neve. Aqui prevalece totalmente a resistência física. O trecho a ser percorrido tem distâncias variadas, podendo chegar a 300km de travessia. Os esquis utilizados são mais finos e leves, enquanto a bota é mais maleável e macia.

Ski Jumping

Praticado apenas em competições, o atleta toma impulso através de rampas para saltar o mais longe possível e aterrisar de maneira precisa. Essa modalidade exige muita coragem e técnica. Nas provas, os juízes avaliam não só a distância, como o estilo de voo. Os skis utilizados são bem maiores que os tradicionais, podendo chegar a 3m (isso dependerá totalmente da altura do atleta).

Ski Freestyle

Nessa modalidade o que importa são as manobras e saltos realizados durante as descidas pela montanha em alta velocidade. O Freestyle, que apesar de ter nascido em 1960, só foi incluído nos jogos olímpicos de inverno em 1992. Quanto a avaliação, a nota dada pelos juízes aos atletas, refere-se ao grau de dificuldade das acrobacias realizadas.

Freeskiing

Muito parecida com a Freestyle, mas com cultura própria, o Freeskiing também envolve saltos, manobras e grandes acrobacias. De maneira mais livre, o atleta é avaliado por sua criatividade na hora de executar seus movimentos e não por sua precisão.

Speed Skiing

Se você já domina o Ski Alpino e busca mais adrenalina, essa pode ser sua próxima modalidade no esporte. O objetivo aqui é riscar a neve e chegar na base da montanha o mais rápido possível! Extremamente perigosa, o recorde mundial de velocidade atingido nessa modalidade até agora, foi de 250km/h.