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O K2 é considerado uma das montanhas mais perigosas do mundo. Com o cume localizado a 8.611 metros de altitude, esse é o segundo pico mais alto do planeta, ficando atrás apenas do Everest. No entanto, seu maior desafio não é apenas a altura. Escalar o K2 é uma missão que depende totalmente das condições climáticas e de muita técnica. É preciso ter muito preparo físico, mental e experiência em escalada, principalmente em gelo.

Diferente do Everest, o K2, localizado entre a China e o Paquistão, não é uma montanha tão comercial e, portanto, não tem a mesma estrutura em suas rotas e acampamentos. Quem decide se aventurar por essa montanha, precisa se preocupar ainda mais com a quantidade de equipamentos e alimentos levados para a expedição. Para se ter noção disso, em sua terceira tentativa do K2, o brasileiro Waldemar Niclevicz contratou 142 carregadores para darem suporte ao seu grupo, que contava com três alpinistas (clique aqui para saber mais sobre essa expedição).

A fama de ser uma das montanhas mais mortais do mundo não veio à toa. Todas essas dificuldades e exposição climática, que acaba ocasionando enormes avalanches, faz com que a taxa de mortalidade no K2 chegue a 25%. Em várias temporadas, nenhum alpinista conseguiu chegar ao cume da montanha e este ainda é o único pico acima de 8 mil metros de altitude que nunca foi escalado durante o inverno. Para se ter noção, durante a janela de verão, que vai principalmente de julho a agosto, as temperaturas na montanha ficam em média a 30 graus negativos, podendo ser até mais baixas.

Cume do K2 visto do acampamento base. | Foto: Arquivo Pessoal/Karina Oliani

A primeira conquista e o brasileiro no topo

Apesar de ter sido “descoberto” em 1856, o K2 só foi oficialmente conquistado quase cem anos depois. Após muitas expedições fracassarem, uma missão italiana com 13 integrantes alcançou o cume do K2, no dia 31 de julho de 1954, às 6 da tarde. Desde então, menos de 350 pessoas chegaram ao topo dessa montanha, enquanto no Everest mais de 4.000 alpinistas já fizeram cume.

Entre os brasileiros, Waldemar Niclevicz é o único que já conquistou o K2. A história dele com a montanha mais perigosa do mundo é recheada de superação e muita paciência, afinal, foi apenas em sua terceira tentativa, no ano de 2000, que as condições do clima permitiram que ele ultrapassasse os acampamentos e partisse rumo ao cume. Mesmo tendo sobrevivido a avalanches durante a subida, Waldemar teve certeza de que chegar ao topo do K2 não significa que a expedição foi finalizada com sucesso. A descida foi ainda mais desafiadora do que a sua subida. Ele passou a noite ao relento pouco abaixo do topo da montanha, viu seu amigo tendo congelamentos nos dedos, mas seguiu forte para concluir a expedição nos acampamentos mais baixos, se tornando assim a 175ª pessoa a subir o K2 em toda a história.

Clique aqui e confira mais detalhes sobre a trajetória de Waldemar Niclevicz.

Uma brasileira no K2

Após subir o Everest pelas duas faces, o desafio da vez na vida de Karina Oliani é escalar o K2. Ela já está na montanha e tem realizado os ciclos de aclimatação para que o corpo se adapte à altitude. Nos próximos dias, ela e a sua equipe vão iniciar o ataque ao cume, que está previsto para acontecer no dia 17 de julho.

Assim como em outras montanhas com mais de oito mil metros de altitude, no K2 os ataques ao cume costumam acontecer em uma janela de tempo muito pequena. Isso acontece devido às condições climáticas. Os alpinistas aguardam o momento perfeito para fazerem a ascensão da forma mais segura possível. Nesta montanha, em específico, além de esperarem por dias sem tempestades e com poucos ventos, os meteorologistas também monitoram as chances de avalanches, que são muito comuns no K2.

Karina Oliani pretende ser a primeira mulher sul-americana a chegar ao ponto mais alto da “montanha da morte”. Se realizar esse feito, ela vai marcar mais uma vez o seu nome na história, assim como aconteceu em suas duas conquistas do Everest.

Karina Oliani em ciclo de aclimatação. | Foto Arquivo Pessoal

Moeses Fiamoncini e os 8.000+

O paranaense Moeses Fiamoncini teve a sua experiência com uma montanha acima dos 8 mil metros de altitude apenas no ano passado, quando escalou o Manaslu. Desde então, ele tem investido todos os seus esforços em ser o primeiro brasileiro a completar todas as 14 montanhas acima dos oito mil metros.

Moeses Fiamoncini foi o primeiro brasileiro a chegar ao cume do Nanga Parbat. | Foto; Arquivo Pessoal

Seu projeto teve início em 2018 com o Manaslu, mas o que mais impressiona são os seus feitos recentes. Há pouco mais de um mês Moeses estava no cume do Everest (relembre essa história aqui), após quase ter conseguido fazer também o cume do Lhotse sem uso de oxigênio complementar.  Na última semana o alpinista, junto de seu parceiro Sergi Mingote, se tornou o primeiro brasileiro a conquistar o Nanga Parbat, com seus 8.125m. Na sequência, Moeses foi direto para o K2. Na última quinta-feira (11) ele chegou ao acampamento base do K2, onde se encontrou com Karina Oliani. Assim como ela, Moeses também já se prepara para aproveitar a janela e tentar o cume do K2 nos próximos dias.

Moeses Fiamoncini no Nanga Parbat. | Foto: Arquivo Pessoal

O Portal Extremos está fazendo a cobertura completa da expedição em que os dois brasileiros estão. Clique aqui para acompanhar as últimas novidades.

 

 


Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.