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CHEGAVA A HORA DE COMEÇAR A SUBIR, E DIRIGIR DE USHUAIA AO ATACAMA DE CARRO, UM TRAJETO DE MILHARES DE QUILÔMETROS. AO LONGO DE QUASE DOIS MESES O QUE NÃO FALTOU, FORAM BELOS CENÁRIOS E BOAS HISTÓRIAS De ESTRADA.

Depois de alguns dias de frio em Ushuaia, tínhamos a sensação de ter conquistado nosso primeiro objetivo da volta ao mundo de carro. Acima de tudo, nosso maior receio em visitar a Patagônia no começo do inverno era com a possibilidade de pegar muita neve nas estradas. Apesar do nosso cuidado todo, as próximas semanas seriam desafiadoras.

Saímos de Ushuaia rumo a cidade de Punta Arenas, no extremo sul do Chile. O trajeto se divide em estradas de terra e rípio (cascalhos) e raramente cruzamos alguém no trajeto. Sabendo disso, carregávamos água, comida e combustível extra, para uma eventual emergência.

Bem vindos ao Chile!

Punta Arena é uma cidade portuária, e ponto de partida para quem vai conhecer o maravilhoso parque de Torres del Paine. Porém, nessa época do ano nada acontecia por aquelas bandas. Chegamos na entrada do parque com a previsão de clima nublado e muito frio para os próximos dias.

Passamos a primeira noite na entrada do parque, dormindo em nossa barraca no teto do carro e relativamente preocupados com relatos de panteras pumas na região. Claro que hoje, mais experientes, sabemos que era um receio desmedido, uma vez que é raro avistar pumas em qualquer lugar do mundo.

Durante os três dias em Torres del Paine, fomos abençoados com todos os climas possíveis: sol, chuva, nublado, neve, vento e o que mais você possa imaginar. Que lugar maravilhoso! O recorte das paisagens, as texturas, os campos ou as montanhas, fazem de Torres del Paine um dos lugares mais bonitos do mundo.

Orbitando as fronteiras

De Torres del Paine dirigimos um dia inteiro para El Calafate, novamente na Argentina. Já conhecíamos essa região, mas queríamos visitar o impressionante glaciar Perito Moreno, patrimônio mundial da humanidade.

El Calafate é um dos nossos destinos preferidos na Patagônia. Além da cidade ser um charme, de lá você pode navegar pelo lago argentino, ver glaciares de perto, visitar El Chalten, ir ao museu do gelo ou simplesmente caminhar pelos arredores da sua hospedagem para apreciar o visual.

Acima de tudo, cada dia que passava, o frio chegava com mais veemência a região. Acampar se tornou impossível e era comum nevar durante as noites. Seguimos para o norte, fugindo do frio e alternando entre pequenas cidades entre o Chile e a Argentina.

Um dos destaques foi o trajeto conhecido como Carreteira Austral do lado chileno. Um trajeto pelas montanhas, com mirantes, glaciares, cachoeiras e paisagens de tirar o fôlego. O clima frio, somado a poucas horas de sol, não nos permitiu aproveitar a região da forma devida.

Por fim passamos rapidamente por Bariloche e São Martin de Los Andes. Apesar de ser inverno, estação que traz vida e turismo para essas cidades, acampar era impossível e gastar com hotéis caros não estava nos planos.

Ushuaia ao Atacama de carro

Olha, é o Oceano Pacífico!

 Uma viagem de carro pelo mundo, como a nossa, é cheia de simbolismos. Cidade mais ao sul, mais ao norte, país mais distante, diferentes religiões, etc. – e chegar ao Oceano Pacífico era um deles.

Depois de visitar a charmosa cidade de Pucon e sua região vulcânica, nós seguimos para a pacata cidade litorânea de Pichilemu. Foi lá que vimos pela primeira vez na viagem o sol se pondo no mar, deixando o oceano pacífico todo colorido.

Em Puchilemu queríamos fotografar a onda de Punta de Lobos, famosa por ser o palco de ondas gigantescas no país. Não tivemos sorte com as ondas, mas achamos o local lindo.

De Ushuaia ao Atacama são quase cinco mil quilômetros, mas agora faltavam meros mil quilômetros para o nosso segundo objetivo.

Do Ushuaia ao Atacama 

Ao todo foram quase 45 dias de estrada até o momento que avistamos a placa de São Pedro de Atacama, o pequeno vilarejo que serve como um dos pontos de partida para explorar o deserto mais árido do mundo.

O Deserto do Atacama é um lugar mágico, lindo e que todos deveriam visitar pelo menos uma vez na vida. Vales recortados, picos nevados, salares, termas e geysers. Some a isso o charme da cidade de São Pedro de Atacama com ruas sem carro, bons restaurantes, hotéis descolados e um clima leve.

A cidade tem um camping próximo ao centrinho, e optamos por ficar por lá. A infra é ruim, mas dá para viver. Como era a nossa segunda vez na região, e agora com nosso próprio carro, revisitamos vários lugares sem a pressa de estar dentro de uma excursão. Éramos os primeiros a chegar e os últimos a partir.

Foi só no Atacama, depois de quase três meses, que começamos a relaxar, parar de ter pressa e aproveitar o dia a dia da viagem. Isso tem um pouco a ver com o clima, com os dias mais quentes. Chegamos no Salar de Atacama às 14h, abrimos nossas cadeiras e ficamos ali lendo nossos livros. Vários ônibus com turistas chegaram para ver o pôr do sol e logo se foram. Pudemos apreciar as estrelas surgirem e então, por volta de 21h juntamos tudo, ligamos o carro e voltamos para o camping.

Ali, talvez, começou de verdade a nossa volta ao mundo de carro.

Ushuaia ao Atacama de carro

A volta ao mundo de carro!

— Esse é o segundo artigo sobre a volta ao mundo de carro do Viajo logo Existo, onde falamos sobre ir de Ushuaia ao Atacama. Não perca o primeiro capítulo aqui! O próximo desafio é cruzar o Peru, Equador rumo a cidade de Cartagena, no norte da Colômbia.


Escrito por

viajologoexisto

Leo e Chel Spencer estão na estrada desde 2013, quando largaram tudo em São Paulo para dar uma volta ao mundo de carro. Já visitaram mais de 125 países, escreveram 4 livros e seguem explorando os lugares mais bonitos do mundo.