O Brasil é extenso e existem trilhas e aventuras para todos os tipos e gostos. Algumas delas, inclusive, estão pertinho das grandes cidades e muitas vezes acabam passando despercebidas pelos próprios moradores locais. O Pico do Jaraguá, o ponto mais alto da cidade de São Paulo, é um desses exemplos e uma ótima opção para quem está em busca de aventura na cidade.
Localizado na região noroeste da capital paulista, o seu cume está a 1.135 metros de altitude e, além de ser um mirante incrível da metrópole, é também uma reserva importante de Mata Atlântica. A Trilha do Pai Zé, que leva ao topo do Pico do Jaraguá, é excelente para quem está começando e a altimetria torna o local perfeito para os treinos de trail running e para preparações para trilhas mais longas.
De acordo com o Governo de São Paulo, o Pico do Jaraguá abriga uma área de 492 hectares de mata preservada, por isso, é tão importante cuidar deste, que é um dos últimos remanescentes na região metropolitana. Por estar tão perto da “cidade”, este é o destino perfeito para quem está em busca de uma aventura rápida para curtir no final de semana.
Foto: Chensiyuan/Wikimedia Commons
É possível chegar ao cume do Pico do Jaraguá por uma estrada asfaltada, muito usada por ciclistas para treinos de resistência, e também pela famosa Trilha do Pai Zé. O nível de dificuldade é baixo. Apesar de ter muita subida, não é um percurso técnico e a rota completa, ida e volta, tem 3,6 km de extensão. Por causa disso, e pela boa estrutura e sinalização da trilha, ela é acessível e indicada inclusive para ser feita com crianças.
Para chegar ao cume do Pico do Jaraguá, no famoso ponto onde estão instaladas as antigas antenas de TV, ainda é preciso encarar mais 242 degraus ao fim da trilha. O esforço vale a pena e é recompensado por uma vista incrível da cidade de São Paulo.
Foto: Arquivo Pessoal/Mari Britto
Existem alguns itens essenciais que precisam estar na mochila de qualquer aventureiro na hora de fazer uma trilha. O guia de montanha, Carlos Santalena, fez um vídeo explicando certinho quais são esses itens e porque eles são tão necessários na hora que você está isolado na natureza.
A região de São Bento de Sapucaí oferece diversas opções de trilhas curtas. | Foto: Mari Britto / Arquivo Pessoal
Vale
lembrar, que apesar de serem indicações para uma trilha de um dia, todos esses
itens também devem constar em trekkings mais longos e travessias. A diferença é
que em aventuras maiores, outros equipamentos precisarão ser acrescentados,
como barraca, saco de dormir, isolante térmico, fogareiro, entre outras coisas.
Isso significa que além de ter uma lista maior, você precisará também de uma
mochila maior. Mas, este é assunto para outro vídeo.
Por enquanto, se ligue no vídeo abaixo, prepare a mochila e bora trilhar esse mundão!
Com um mundo cada vez mais conectado, as novas gerações passam a ter o contato com as tecnologias desde muito cedo e o tempo gasto em frente às telas, seja do celular, do computador ou da televisão, tende a ser cada vez maior. Para evitar o sedentarismo, o isolamento e todos os outros problemas que eles trazem, é muito importante incentivar as crianças a aproveitarem a natureza e o tempo ao ar livre.
Para ajudar nesta missão, nós separamos algumas dicas que podem ser úteis na hora se aventurar com os pequenos.
Respeite os limites e esteja aberto a mudanças
É muito importante não sobrecarregar demais as crianças, principalmente nos primeiros contatos delas com esse mundo de aventura. Apesar de terem muita energia, eles tendem a se cansar das longas caminhadas e até mesmo da monotonia que uma trilha pode oferecer. Portanto, esteja atento aos sinais de cansaço, faça pausas, ande no ritmo das crianças e, principalmente, esteja aberto às mudanças. Pode ser se o caminho planejado não seja concluído ou que o roteiro mude no meio do caminho. Essas mudanças não devem ser enxergadas como algo negativo e, sim, como oportunidades para fazer diferente.
Deixe as crianças viverem as suas próprias experiências
É óbvio que estar em uma trilha exige muita vigilância, mas tenha cuidado para não sufocar as crianças. Permita que eles façam suas próprias descobertas e aproveitem experiências próprias, que não sejam induzidas pelos hábitos ou visões dos adultos. As crianças têm uma imaginação enorme e podem criar oportunidades e aventuras próprias maravilhosas. Deixe-as livres para terem seus próprios momentos.
Foto: Ian Momsen
Demonstre entusiasmo e valorize as conquistas
O humor dos adultos se reflete diretamente no comportamento das crianças. Portanto, mesmo nos momentos mais tensos, foque nas coisas boas. Mostre às crianças que estar em meio à natureza é algo maravilhoso e que toda essa imensidão é motivo para muita felicidade. Esteja sempre entusiasmado e incentivando-os a descobrir e experimentar coisas diferentes. No meio disso tudo, lembre-se sempre de valorizar o esforço e cada conquista, por menor que sejam.
Depois dos
nossos 14 dias de quarentena na região de Bariloche, finalmente pudemos ter a
sensação de estar em novos ares. Bariloche é uma cidade localizada ao norte da Patagônia,
no parque nacional Nahuel Huapi, nos arredores da Cordilheira dos Andes. De
acordo com informações da Secretaria de Turismo da Argentina, em 2012 a cidade
foi declarada a capital nacional do turismo de aventura e, na nossa opinião,
Bariloche faz jus ao título.
Tivemos o privilégio de esquiar 7 dias no Cerro Catedral, uma das estações de esqui que abriram na Argentina durante essa pandemia. Pegamos o fim da temporada e esquiamos no início da primavera em um ano que teve muita neve. Sorte a nossa. Apenas um parênteses para dizer que fizemos o porta malas do nosso motorhome grande basicamente para levar os esquis do Ale. Então, ele não via a hora de poder passar alguns dias esquiando. Já a Duda pôde aproveitar esse tempo para aprender a esquiar e, modéstia parte, já terminou esses dias descendo as pistas vermelhas.
Dias de neve no cerro Catedral, em Bariloche. | Foto: Get Outside Br / Arquivo Pessoal
Esses dias fizemos um vídeo sobre porque subimos a montanha. Esquiar é um bom motivo, mas a sensação de estar lá em cima é muito especial. O cume do Cerro Catedral fica a 2.180 metros de altitude e, poder aproveitar a vista da Cordilheira dos Andes e do lago Nahuel Huapi lá de cima, com os condores voando, é muito mágico. Outra programação que fizemos em Bariloche e recomendamos foi a trilha para conhecer a Cascada de los Duendes, o Mirador Lago Gutiérrez e a Playa Muñoz. O início da trilha fica na Villa Los Coihues, um bairro bem verde, à beira do Lago Gutiérrez. A trilha é encantadora, o caminho é lindo, em algumas partes com vista para o Lago Gutiérrez e as montanhas nevadas atrás. A primeira parada da trilha foi na Cascada de los Duendes, uma cachoeira que fica em um bosque de coihues, uma espécie de árvore típica dessa região dos Andes. De lá seguimos para a segunda parada, o Mirador do Lago Gutiérrez. O Mirador do Lago Gutiérrez permite ter uma vista linda do Lago e das montanhas. A última parada da nossa trilha foi na Playa Muñoz, uma praia muito linda, de águas cristalinas. No total foram 14.2km de trilha.
Vista do Mirador Lago Gutiérrez. | Foto: Get Outside Br/Arquivo Pessoal
Imagino que
tenha dado para perceber que queríamos aproveitar ao máximo os novos ares.
Estamos encantados com a beleza da cidade. Tem outras duas coisas de Bariloche que
nos ganharam: a boa cerveja e os chocolates artesanais. Enfim, depois de 7 dias
de esqui e uma trilha puxada vamos ter que tirar uns dias para colocar o
trabalho em dia e dar uma folga para o corpo.
Fazer trilhas é bom em qualquer idade. Os benefícios do contato com a natureza e da própria atividade física são sentidos por qualquer pessoa, desde os menorzinhos até os mais velhos. No entanto, alguns pais ainda têm receios de levar as crianças para esse tipo de aventura. Por isso, nós separamos algumas dicas que podem te ajudar a se programar e aproveitar ao máximo todas as maravilhas de uma trilha em família.
Não vá muito longe
Não são todas as crianças que se adaptam bem às longas viagens de carro. Além do desconforto e da ansiedade, passar horas na estrada é desgastante e pode comprometer todo o restante do dia. Então, principalmente quando os filhos ainda são pequenos ou estão entrando no mundo das trilhas agora, escolha opções próximas a você. O ideal é que a distância máxima nesta introdução às trilhas seja de no máximo 1h30 de viagem. Uma opção interessante é começar com as próprias trilhas dento dos parques urbanos. As crianças bem pequenas vão se acostumando aos poucos com a caminhada, os obstáculos e o cansaço. Com o tempo vá buscando opções mais desafiadoras.
Escolha terrenos fáceis
Além da distância, atente-se também ao tipo terreno que a trilha tem. Caminhos com muitas raízes, pedras ou inclinação não são indicados para crianças muito pequenas. Eles ainda estão desenvolvendo habilidades motoras e podem cair e se machucar com facilidade. Além disso, muitas vezes, as crianças ainda não têm preparo físico suficiente para transpor os obstáculos com facilidade. Então, quanto mais simples for o caminho, menores são as chances de ter imprevistos que comprometam a aventura.
Mantenha as crianças entretidas
Qualquer pai ou mãe sabe que o segredo para o sossego é manter as crianças entretidas. Nas trilhas não seria diferente. Se a criança for apenas andar, andar e andar, rapidamente ficará entediada e a chance de querer voltar será bem pequena. Portanto, crie situações em que elas estejam entretidas. Pequenos desafios, curiosidades, paradas para observar as plantas e bichos são apenas algumas das opções de entretenimento. Por menores que as crianças sejam, elas não precisam de brinquedos para brincarem na natureza. Incentive-as a fazerem novas descobertas e usarem a imaginação.
Incentive as crianças a fazerem novas descobertas e usarem a imaginação.
Respeite o ritmo
Crianças têm o seu próprio ritmo e isso precisa ser respeitado. Faça paradas constantes para o descanso, hidratação e alimentação. Também fique atento às necessidades fisiológicas e esteja preparado para este “desafio”. Às vezes um caminho que o adulto faz em poucos minutos, serão completados em horas por uma criança e isso é normal. Não se preocupe em bater recordes, as passadas serão bem lentas, mas cada uma delas garantirá uma descoberta, pode apostar.
Esteja com os equipamentos e roupas certos
Não é necessário ter todos os equipamentos de um montanhista profissional. Mas, usar um calçado adequado, roupas confortáveis e ideais para o tipo de atividade e condição climática, são fatores essenciais para o conforto, segurança e bem-estar na trilha. As botase jaquetasimpermeáveis, por exemplo, fazem toda a diferença
Se você é apaixonado por trilhas, certamente já ouviu falar de rotas icônicas ao redor do mundo. Appalachian Trail, Pacific Crest Trail, Caminho de Santiago, Highlands… esses são apenas alguns dos nomes mais famosos quando o assunto são trilhas de longas distâncias. No Brasil existem algumas poucas opções de rotas que se encaixam neste perfil, como a Trilha Transcarioca, os Caminhos da Serra do Mar a Rota dos Faróis, entre outros. Mas, a realidade é que nós ainda estamos longe de termos a eficiência e estrutura aplicada na Europa e América do Norte. No entanto, isso pode mudar graças a uma iniciativa da sociedade civil, que ganhou apoio e oficialização governamental, a Rede Trilhas.
O
projeto foi oficializado em 2018 e tem como grande objetivo trazer para o
Brasil o mesmo tipo de estrutura aplicado nas famosas trilhas de longas
distâncias pelo mundo a fora. Conforme informado no site oficial do projeto, a
associação é o “agrupamento de voluntários dedicado a implementar, manter e
apoiar o Governo na gestão das trilhas brasileiras”.
Além
de contar com as comunidades locais e aventureiros espalhados pelo país para a
abertura de novas trilhas, um dos trabalhos mais urgentes e que já vem sendo
aplicado é conectaras rotas já existentes, ampliando as opções e criando novos
corredores de turismo de aventura que passam por diferentes paisagens, biomas e
culturas.
Para
exemplificar o poder que as trilhas de longa distância têm para fomentar o turismo,
a preservação ambiental e, principalmente, a economia, o site traz os exemplos
estrangeiros bem sucedidos. Na França, por exemplo, onde existem 180 mil
quilômetros de trilhas sinalizadas, o governo identificou que, apenas no ano de
2013, mais de 20 milhões de pessoas usaram desses caminhos para atividades de
turismo de aventura, resultando na venda de mais de 4,7 milhões de botas para
caminhada. Em 2017, o Caminho de Santiago recebeu, em média, 301 mil
visitantes, que ajudaram a manter uma rede inteira de comércio e hotelaria
espalhados por suas centenas de quilômetros.
O potencial brasileiro é enorme, visto que nós temos uma das maiores riquezas em biodiversidade do mundo. Assim, criar novas trilhas e conectar as já existentes para maximizar a sua extensão e deixá-las ainda mais atrativas pode trazer diversos benefícios econômicos para as comunidades locais, promover a criação de novos parques e áreas de conservação, motivar mais e mais pessoas a viajarem pelo Brasil, além de colaborar para a conscientização da população em geral sobre a preservação das áreas verdes e de toda a riqueza natural que existe no país.
Parque Nacional de Itatiaia. | Foto: Santiago Guimarães/Arquivo Pessoal
Apesar
de ter ganhado o aval do governo apenas em 2018, desde então, muita coisa já
foi feita. De acordo com o site oficial da Rede Trilhas, em um ano e meio, “foram
implementados 3.000 quilômetros de trilhas de longo curso no Brasil, em um
ambicioso projeto de criar trilhas regionais como o Caminho da Serra do Mar, a
Trilha Transcarioca, o Caminho de Cora Coralina, o Caminho das Araucárias, a
Transespinhaço, a Trilha Chico Mendes entre outras dezenas de trilhas
projetadas para conectar as unidades de conservação brasileiras, promovendo
também a possibilidade de movimentação de fauna entre elas. Além da Trilha
Nacional Trilha Transmantiqueira.”
Assim
como acontece nas trilhas famosas do mundo, por aqui as rotas também ganharam
uma sinalização especial. As trilhas são demarcadas com a marca de pegadas. Em
um sentido as pegadas são amarelas sobre um fundo preto, e no sentido contrário
as cores também se invertem, sendo a pegada preta sobre um fundo amarelo. Essa
sinalização já foi aplicada na Trilha Transcarioca, considerada a primeira
Trilha de Longo Curso do Brasil.
Antes
da criação do sistema de Trilhas de Longo Curso, o Brasil contava com apenas
300 km de trilhas sinalizadas dentro dos 75 milhões de hectares das Unidades
Federais de Conservação. Hoje, são 3.500 quilômetros de caminhos sinalizados e
a meta é de chegar a 10.500 quilômetros nos próximos cinco anos, conforme
informações do site oficial do Ministério do Turismo.
O site da Rede Trilhas traz detalhes sobre as diversas trilhas já demarcadas e informações sobre voluntariado, unidades de conservação, dicas e muito mais. Acesse aqui.
Não é
à toa que a Noruega é um dos países com a população mais feliz do mundo. Além
de ter ótimos índices de igualdade social, existe uma filosofia de vida que é
aplicada por quase todos os noruegueses desde a infância: Friluftsliv. A ideia
por trás deste conceito é muito simples: aproveitar a vida ao ar livre.
De
acordo com a história local, a palavra Friluftsliv foi usada pela primeira vez
em 1859, em um poema escrito por Henrik Ibsen, em que ele associava o conceito
de se isolar na natureza como uma ferramenta para limpar a mente e clarear os
pensamentos.
Mesmo
antes dos estudos científicos que relacionam os benefícios de passar tempo na
natureza para combater estresse, depressão e diversos outros problemas de
saúde, o autor já iniciava, sem nem saber, um movimento em prol dessa vida ao
ar livre como estratégia para viver melhor. Mais de 150 anos depois, a
filosofia de vida ainda é colocada em prática pela população e incentivada pelo
governo e também pelas organizações privadas.
A
imersão na natureza é algo tão intrínseco à cultura norueguesa, que existem
matérias sobre o tema nas escolas (algumas até usam a própria palavra
Friluftsliv) e cursos universitários nas principais instituições do país.
Através deste trabalho informativo e por influência da própria família, as
crianças são incentivadas desde pequenas a caminharem em trilhas, acamparem e
realizarem diversas outras atividades externas, mesmo que isso signifique simplesmente
brincar no jardim de casa ou em um parque do bairro. Assim, quando crescem, os
noruegueses continuam com a prática.
Para que tudo isso seja possível, no entanto, além do histórico cultural, o governo da Noruega possui políticas públicas que facilitam o contato da população com a natureza. Diferente do que acontece no Brasil e em muitos outros países, os noruegueses podem acampar em qualquer ambiente natural, mesmo que a área esteja dentro do perímetro de uma propriedade privada. Basta respeitar uma distância mínima caso exista uma construção no local. Além disso, existem cabines disponíveis para visitantes em diversas trilhas, áreas para descanso, as famosas saunas ao redor dos lagos e muito mais.
A Noruega é um dos países mais felizes do mundo. | Foto: Leo Cavazzana
Por
parte das empresas, o incentivo ocorre principalmente na flexibilidade de
horários, para que os funcionários possam optar por aproveitar parte do dia
para o lazer. Como parte do conceito Friluftsliv também pode ser aplicada
dentro das próprias cidades, algumas companhias até oferecem bonificações aos
trabalhadores que optarem por fazer o deslocamento ao trabalho usando bicicleta
ou caminhando.
A filosofia de vida norueguesa, baseada na simplicidade da vida ao ar livre, já se espalhou por diversos países escandinavos e poderia ser replicada em todo o mundo. Os benefícios que a natureza fornece à saúde são comprovados cientificamente e custam muito menos do que tratamentos hospitalares e muitas terapias alternativas.
Eu sei, estamos todos cansados e
querendo se jogar em uma viagem. Parece que este momento crítico não acaba
nunca e tenho quase certeza que a sua pergunta é a mesma que a minha: “Pra onde
podemos ir agora?”. Sabemos que o momento é ideal para uma road trip para
lugares isolados. Vamos combinar que lugares como o litoral norte de São Paulo,
por exemplo, estão claramente sofrendo com a superlotação. E por que não
dirigir até a Serra da Canastra? Se você, assim como eu, está em São Paulo, são
apenas 390 km até a charmosa São João Batista do Glória, porta de entrada de
toda a região da Serra da Canastra, que possui
200 mil hectares e abrange vários municípios.
Berço do rio São Francisco, ela abriga cachoeiras exóticas, rios, trilhas e animais selvagens. É tudo mesmo bem deslumbrante. A região tem um cenário privilegiado, que não integra nosso cotidiano na metrópole cansativa de São Paulo. Dos cinco dias que separei para explorar o parque, (estenderia para o dobro facilmente aliás!) deixo aqui minhas dicas do que fazer por lá:
A Serra da Canastra está localizada a pouco menos de 400 km da capital paulista. | Foto: Flavia Vitorino/Arquivo Pessoal
TREKKING
Eu curti muito descer pela Serra do Roncador
até a cachoeira Casca D’Anta, em uma caminhada de 3 horas. Aquele mergulho
inesquecível num poço, que parecia uma panela de imersão mágica, me revigorou
para caminhar pelo resto do dia. Depois, encarei uma subida até Morro das
Cruzes, onde tive uma visão 360º do horizonte vendo o sol se por e a lua
nascer.
MOUNTAIN
BIKE
Prepare-se, porque a sua bike vai rodar muito! As opções são infinitas e ideais para todos os níveis de habilidade. O pedal da Serra Branca até o Chapadão da Babilônia é um dos mais legais, porque você pedala em um vale que abriga a maior jazida de diamantes do mundo. Outro pedal, com trechos técnicos e alguns batidöes que vale muito, é lá na Serra do Letreiro, um sítio arqueológico datado de 14 mil anos.
Não faltam opções de trilhas para quem curte mountain bike. | Foto: Flavia Vitorino/Arquivo Pessoal
RAPEL
Foi pendurada pelas cordas do rapel no Vale do Céu que vi uma das paisagens mais incríveis dali: as quedas de duas cachoeiras lindas canyon adentro, cobertas por árvores, que mesclavam seus tons de verde ao intenso azul do céu. Este rapel tem 3 metros de corda a menos e acaba com um salto para o poço da cachoeira.
O rapel é uma das opções de aventuras para os mais corajosos. | Foto: Flavia Vitorino/Arquivo Pessoal
REMO
O famoso Mar de Minas, no Canyon de Furnas, forma muitos poços naturais ideais para remos, inclusive o mais surpreendente: Cascata e Cascatinha. Você consegue chegar remando até as quedas e a cor da água é fora do comum. Dá pra passar o dia inteiro por ali e ainda pegar o pôr do sol no lago ao final do dia.
A Serra da Canastra está cheia de cachoeiras que ajudam a renovar as energias no meio da aventura. | Foto: Flavia Vitorino/Arquivo Pessoal
O meu guia por lá é o Rafa Correa. Você
pode conversar com ele através do app Lyfx e planejar as suas aventuras.
Boa viagem!
Artigo escrito por Pedro Hauck
Até pouco atrás, o nome Ojos del Salado era algo totalmente desconhecido no Brasil, porém isso começou a mudar de alguns anos pra cá. Para quem ainda não sabe, este é o nome do vulcão mais alto do mundo, localizado na fronteira entre Chile e Argentina, no norte dos dois países, em uma área nuclear daquilo que chamamos da “Puna do Atacama”.
“Puna”, em quéchua,
a língua dos Incas, significa “lugar alto”, porém só as alturas não definem o
que é esta belíssima região geográfica, a qual tenho grande afinidade e
carinho, apesar de já ter quase morrido várias vezes por lá. A Puna é de fato a
região mais remota e hostil de nosso continente e, mesmo aquela vasta paisagem
já tendo sido palmilhada pelos incas e outros povos mais primitivos, ela nunca
foi ocupada de fato.
O motivo para isso é simples. A Puna é o começo (ou fim) do grande altiplano andino que tem sua área principal na Bolívia, no chamado “altiplano boliviano”. Mas, diferente de lá, a Puna é mais árida, venta mais e é mais seca, sem falar que as montanhas também são mais altas. Além do Ojos de Salado, que é a segunda montanha mais alta dos Andes, com 6.893 metros, lá está o Pissis, terceiro mais alto, com seus 6.795m, Bonete Chico, o quarto com 6.759m, Três Cruces Sur, quinto com 6.748m, Llullaillaco sétimo com 6.735m, Walther Penck, nono com 6.658m e muitas montanhas altíssimas. De todos os 6 mil andinos, pelo menos metade está ali.
Cume do San Francisco com o Incahuasi ao fundo. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Todas estas
montanhas, sem exceção, são vulcões. Eu poderia explicar a origem deles e do
próprio planalto andino, mas isso fugiria de minha narrativa. No entanto, o que
é preciso frisar é como essa região é selvagem, sem ter nenhuma cidade e as
poucas que existem em volta serem pequenas e pouco estruturadas. Poucos são os
caminhos asfaltados, geralmente servindo para atravessar de um país a outro, a
maioria dos caminhos nem estrada é, sendo apenas trilhas 4×4 cheias de perigos,
como a própria altitude, que não faz a perfeita combustão dos motores, seguido
pelas noites frias, capazes de congelar o aditivo anticongelante do sistema de
arrefecimento, passando pelos ventos fortíssimos, capazes que estilhaçar o
vidro dos carros. Isso sem falar no terreno, ora arenoso, que afunda os carros
em atoleiros mortais, ora pedregoso, capaz de rasgar os pneus ao meio, quebrar
o cardam e perfurar o cárter. Não, não é nada fácil dirigir na Puna, embora
seja convidativo após quilômetros de sofrimento conseguir chegar na base das
montanhas de carro.
O Ojos del Salado
fica no chamado Paso San Francisco, uma “sela” que permite a passagem dos
Andes, mas que atinge 4.720 metros de altitude, quase a mesma altitude do Mont
Blanc, montanha mais alta dos Alpes. Mais ou menos por ali passou no ano de
1535 o espanhol Diego de Almagro, que anos antes havia conquistado, junto com
Francisco Pizarro, a capital dos Incas, Cuzco e que, a partir daquela cidade,
lançou-se ao Sul, conquistando também a Argentina e o Chile. No total, Almagro
dispunha de 12.500 homens, mas devido ao frio, exaustão e falta de alimentos,
apenas 2.500 chegaram no outro lado. Bom, acho que já dá para entender o motivo
pelo qual ninguém nunca habitou a Puna.
Por outro lado, mesmo perigosa e remota, a Puna é uma paisagem absurdamente bela que nos deixa de queixo caído. Seus vulcões brancos, contrastam com as rochas negras dos basaltos, os andesitos vermelhos, contrastam com o céu azul do deserto. Os lagos endógenos acumulam sal branco em suas orilhas e suas cores vão do turquesa ao verde. Não falta vida selvagem: Condores rasgam o céu, vicunhas em bandos caminham pelos vales, raposas, pumas são os principais predadores.
Laguna Verde. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Apesar de tudo já citado, há opções de montanhas que são acessíveis a pessoas que já praticam trekking e montanhismo no Brasil, mas que desejam fazer um upgrade e escalar uma alta montanha. O San Francisco, com seus 6.018 metros, carrega o nome homônimo do passo onde ele está localizado, é um dos mais fáceis 6 mil dos Andes, embora fácil não signifique moleza.
Trekking no Cerro Siete Hermanas. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Desde 2015 levo
pessoas a escalar nesta região tão impressionante, e que me deu vários
capítulos em meu livro de vida. O destino é o Sanfra e o Ojos, como
carinhosamente chamo estas lindas montanhas. Já passamos muitos perrengues por
lá, mas neste último ano, em 2020, realizei uma das expedições mais lindas já
feitas na região. Nosso grupo era pequeno, mas com pessoas especiais. De Curitiba,
tínhamos a Bernadete, de São Paulo, o Junior, do Rio o Marcelo, de Salvador, o
Gustavo, de Macaé o Luiz, Além do alemão Joerg, do italiano Giuseppe e do
nipo-paulistano Antônio, de 72 anos!
Nossa aventura
começou em Copiapó, que fica a 300 quilômetros do Ojos e que, com cerca de 150
mil habitantes é uma importante cidade no norte do Chile, tendo até aeroporto. Após
deixarmos essa cidade, famosa pela mineração, começamos a subir os Andes por um
vale seco que disseca a Puna e nos permite através deles atingir o planalto,
que logo de chegada nos proporciona uma vista estonteante do maciço dos Três
Cruces. Todos param para ver, mas sou obrigado a alertar para não deixar a
porta do carro aberta, pois elas costumam voar por ali.
O destino do primeiro dia, no entanto é bem mais abrigado. É a Laguna Santa Rosa, um lago salgado repleto de flamingos, a 3.700 metros, que há poucos anos passou a ter um refúgio pago e bem estruturado, onde passamos as duas primeiras noites. Por ali, realizamos um trekking até os 4.500 metros no Vulcão Siete Hermanas com o objetivo de melhorar nossa aclimatação. No retorno ao refúgio somos presenteados com um churrasco de nosso guia argentino Sebastián, um gaúcho de pedigree. Tá, eu sei que comer algo pesado na altitude não é o melhor, mas comer uma proteína é bom para evitar a perda de massa magra e no nosso churrasco fazemos abobrinha, pimentão e outros vegetais na brasa que são tão bons quanto a carne argentina.
Churrasco em Laguna Verde. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Deixando a laguna
para trás, percorremos uma estrada poeirenta até cair na CH31, a estrada
internacional asfaltada recentemente em total contraste com a via anterior. Ali
precisamos passar por Maricunga, onde fica a distante aduana chilena, para
registrar nossa expedição. Felizmente sem demais burocracias finalmente estamos
livres para, cerca de 100 quilômetros depois chegar na Laguna Verde, uma lagoa
também salgada a 4.400 metros de altitude que é um paraíso no meio dos Andes.
A Laguna Verde é
cercada de montanhas, temos ao Leste o Vulcão Falso Azufre, a nordeste o remoto
Condor, no Norte o Vulcão Laguna Verde, a Noroeste os vulcões gêmeos Emitaño e
Peña Blanca, Oeste o Barrancas Blancas e, enfim, ao Sul o Mulas Muertas, que
apesar do nome pouco convidativo é nosso próximo objetivo no processo de
aclimatação.
Montamos um confortável acampamento ao lado do lago com uma enorme barraca refeitório, mesas e cadeiras e outra barraca cozinha, enquanto que cada integrante do grupo dividia uma barraca de 3 pessoas em 2. O supra sumo do acampamento são as águas termais provenientes da atividade geológica dos vulcões vizinhos. Com cerca de 38 a 40 graus é super relaxante e revigorante encarar estas águas após uma escalada.
Agua termal no acampamento Laguna Verde. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Com 5.900 metros de
altitude, o discreto Mulas Muertas passa despercebido no meio de tantas
montanhas belas, mas nele, nosso objetivo não é cume, mas sim atingir uma
altitude de 5.400 metros e fazer o corpo produzir mais glóbulos vermelhos. No
alto do mirante que atingimos nesta altitude podemos ver pela primeira vez com
nitidez o cume do San Francisco, ali pertinho.
Porém, antes de encarar
este desafio de 6.018 metros de altitude ainda fazemos mais uma rodada de
aclimatação e um dia depois, com nossos 4×4, percorremos a desafiadora trilha
que leva até o refúgio Tejos, a 5.940 metros de altitude que é o ponto de
partida para o cume do Ojos del Salado. Lendo parece ser fácil, mas chegar ali
é preciso muita perícia no volante. Fazer este caminho antes da investida final
ao Ojos é também uma estratégia, pois percorrê-lo requer, muitas vezes, saber
onde estão as piores pedras pelo meio do caminho.
Felizmente
conseguimos atingir esta altitude, permanecer por lá por cerca de duas horas (o
suficiente para induzir a produção de glóbulos vermelhos) e retornar para
descansar, comer e hidratar em Laguna Verde.
No dia seguinte, como de tradição, aparecem no acampamento base nossos amigos gaúchos Tiago e Luciana, que neste ano apareceu com o Ediceu de São Paulo e dando uma folga ao Sebastián ficaram encarregados de fazer um churrasco para todos. Claro, tomando cuidado para se hidratar bem e tomar muito chimarrão. Neste dia precisamos apenas relaxar e dormir cedo.
Acampamento em laguna verde com o Mulas Muertas ao fundo. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
O ataque ao cume do
San Francisco começa às 2h da manhã. A 4.400 metros de altitude, no verão,
temos a agradável temperatura de 5 graus celsius. É um grande conforto poder
vestir as roupas de frio extremo num lugar tão aprazível e ainda vestir as
botas duplas sentados numa cadeira. Localizado a 35 quilômetros de distância,
nós dirigimos de madrugada rumo à fronteira e, exatamente na linha de divisa,
tomamos a trilha 4×4 pedregosa que começa a subir a montanha até os 5.200
metros, onde deixamos os carros estacionados e começamos a ascensão.
Ainda de madrugada,
o frio é forte e logo percebemos que a água dos mais descuidados congelou.
Porém a dificuldade passa a ficar menor ao passo que o sol surge no horizonte,
colorindo o céu de vermelho e tirando das sombras as montanhas infinitas que se
revelam sobre o solo seco da Puna. Mario, nosso outro guia, vai em frente com
os mais rápidos que tomam distância. Deixo Sebastian com o veterano Antônio e
vou acompanhando o grupo do meio.
Com a temperatura mais agradável, atingimos a cratera do vulcão e de lá, em terreno nevado, alcançamos o grupo da frente, com Mario, Marcelo, Gustavo, Luiz e Joerg que já começam o descenso. Eles fizeram cume em menos de 5 horas! Caminhando mais lentamente, enfim, Bernadete, Giuseppe, Junior e eu chegamos ao cimo, de onde se abre o horizonte e é possível ter uma visão privilegiada do Incahuasi, de 6.621 metros, a 11° montanha mais alta da cordilheira. Porém não é só isso, de lá podemos ver mais de 20 montanhas acima de 6 mil metros.
Amanhecer no ataque ao cume do San Francisco. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Ficamos cerca de
uma hora e logo Sebastián e Antônio despontam no cume. Com 72 anos, esta foi
uma das maiores aventuras de Antônio que se emociona no cume. Ficamos
enormemente agradecidos e felizes por proporcionar uma experiencia incrível ao
veterano que voltou a sonhar como uma criança.
Apesar de ser alto,
realizar o descanso e a ascensão ao refúgio Tejos é o segredo para permitir uma
melhor aclimatação e garantir cume neste gigante andino, que não pode ser
ignorado. Nenhum 6 mil é fácil, mas o Sanfra é certamente um dos melhores para
se começar em alta montanha.
No dia seguinte,
desço com Antônio até Copiapó. Como seu objetivo era apenas escalar o Sanfra, a
expedição dele acabava por ali. Retorno no dia seguinte com notícias e a
previsão de tempo atualizada, agora o desafio é bem mais difícil.
Um dia mais tarde
estávamos repetindo o ritual de vestir as roupas de cume, porém uma hora mais
cedo. Com a trilha 4×4 já reconhecida, adotamos a estratégia de partir para o
cume desde Laguna Verde e percorremos o perigoso e desafiador caminho no escuro
da noite. Com direito a perrengues, é claro!
Estacionamos o
carro a mil metros abaixo do cume. O frio era congelante. Satisfeita com a experiência, Bernadete
decide não ir ao cume ainda de noite. Mario desce com ela até as caminhonetes e
a deixa com abrigo e comida, enquanto caminha de volta para nos encontrar mais
adiante.
O começo do ataque ao cume é composto por um enorme zig zag, numa pendente inclinada. Ao ganhar altura, a neve, que até então era fofa, passa a ser dura, por estar congelada. Colocamos os crampons e conseguimos atravessar uma perigosa diagonal que, em alguns dias precisa de cordas fixas para evitar quedas. Esta travessia termina num escorial de rochas vulcânicas com pedras do tamanho de uma cadeira, onde literalmente fazemos um trepa pedra. Como as rochas são soltas, eventualmente uma destas pedras escorregam e dada a altitude o coração quase salta pela boca.
Chegando no trecho de escalada do Ojos del Salado. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Passado este
trecho, já com o azul do céu em nossas cabeças, realizamos uma segunda
transversal, mais longa e penosa que leva até a cratera do Ojos. Ali, Junior
começa a reclamar de dor de cabeça e exaustão, era a altitude fazendo efeito.
Fico para trás com ele, enquanto Mario e Sebastian acompanham os demais. Faço
com que Junior se hidrate e tome gel carboidrato. Melhor, vamos nos encontrar
com os demais que aguardavam protegidos do vento na cratera.
Daquele ponto até o cume, começa um trecho que não é longo, mas dado a altitude acaba sendo um grande desafio. Subimos uma crista e nela penetramos um vale estreito que termina numa parede inclinada, mas cheia de degraus, que leva até o afinado cume do Ojos del Salado. Ali começo a preparar a segurança do grupo, usando técnicas de escalada em rocha. Um a um eles chegam ao topo para deslumbrar aquele incrível visual montanhoso ainda com friozinho na barriga. São tantas montanhas no horizonte que é preciso as mãos de três pessoas para contar.
Cume do Ojos del Salado. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Infelizmente, já
cansado, Junior acabou preferindo descer e eu desdobro para alcança-lo e
acompanha-lo até o carro, onde encontramos Bernadete nos esperando. Foi meu
quarto cume no Ojos del Salado e nem por isso não deixo de guardar em minha
memória aqueles momentos de dor e prazer com direito no final a um pôr do sol
belíssimo de despedida dos Andes.
Longe dos holofotes, o Ojos e o San Francisco são montanhas que nos permitem uma experiencia recompensadora em alta montanha, uma para quem quer iniciar e outra para quem já possui mais experiência. A cada ano, nossas histórias ecoam pelo meio, e cada vez mais estas montanhas têm se confirmado como clássicos andinos, porém com aquele sentimento de solidão de um dos locais mais selvagens e belos de nosso continente.
Uma raposa com o maciço dos Três Cumes e a Laguna Santa Rosa. | Foto: Pedro Hauck / Arquivo Pessoal
Depois de cinco meses parados em uma mesma cidade em razão da pandemia, chegou a nossa hora de partir. Estamos escrevendo esse post de Dina Huapi, uma cidade muito próxima a Bariloche. Mas antes de falar sobre isso, queria contar para vocês da última experiência que tivemos antes de partir de El Calafate.
Fomos convidados por dois snowboarders para documentar a
descida de snow no Cerro Buenos Aires, uma montanha na região que tem ótimas
condições para acumular neve. O objetivo é atrair olhares para a
possibilidade de construção de uma estação de esqui na cidade. Seria uma
subida cansativa e com muita neve. Ale estava animado para esquiar e eu (Duda)
iria documentar a aventura.
Ainda estava escuro quando, no caminho para a base da montanha, passou um filhote de puma em frente ao nosso carro. Ficamos emocionados, procuramos pela mãe puma, mas não a vimos. Foi um momento muito especial. Começamos a trilha por volta das cinco da manhã. No caminho, vimos um nascer de lua incrível e depois a luz do dia começou a aparecer.
Subida do Cerro Buenos Aires. | Foto: Get Outside Br / Arquivo Pessoal
Depois de quatro horas de caminhada na neve, chegando mais ao topo da montanha, começou um vento muito forte. O tempo fechou e as condições climáticas ficaram muito ruins. Seguimos um pouco mais, mas em determinado momento vimos que não daria para continuar. Já tínhamos percorrido um bom caminho para chegar ao cume da montanha e tivemos que desistir. Temos que respeitar a natureza e nesse dia ela não deixou que nós completássemos o nosso percurso. Descemos a montanha com todo o respeito que ela merece. Acontece!
Quando a natureza fala, a gente obedece. | Foto: Get Outside Br / Arquivo Pessoal
Alguns dias depois, nosso amigos brasileiros que também estavam em El Calafate resolveram voltar para o Brasil. Nós não queríamos voltar, mas ao mesmo tempo sabíamos que era a hora de partir. Conseguimos a documentação necessária e seguimos rumo a região de Bariloche, que fica a aproximadamente 1500km de onde estávamos.
Foram três dias seguidos viajando em um país que teve uma das quarentenas mais restritas do mundo. Passamos por nove controles policiais e chegamos no nosso destino, onde teremos que cumprir uma quarentena obrigatória antes de poder transitar pela cidade. Estamos aproveitando esse tempo para fazer o roteiro e ver os lugares que queremos conhecer por aqui. Sentimos que estava na hora de partir e agora estamos felizes por poder começar esse novo ciclo em um lugar diferente e dividir um pouco mais das nossas aventuras com vocês aqui!
Passar tempo ao ar livre proporciona uma série de benefícios. Nós já falamos aqui sobre como a natureza pode ajudar a curar casos de depressão, pressão alta,estresse, déficit de atenção, entre outras coisas. Aproveitar os parques urbanos ou ir para as montanhas, inclusive, já é algo receitado por médicos como parte do tratamento para diversas doenças. Mas, quanto tempo é necessário estar em contato com a natureza para que o corpo realmente absorva todos esses benefícios? Um estudopublicado recentemente na revista científica Nature diz que o ideal é passar, pelo menos 120 minutos na natureza por semana.
O
líder do estudo, Dr. Ian Alcock explica como a pesquisa foi feita. Segundo ele,
os pesquisadores usaram dados coletados com 4 mil pessoas, na Inglaterra entre
os anos de 2014 e 2016. Os cientistas analisaram o tempo que essas pessoas
passavam na natureza e como elas se sentiam após esses eventos.
De acordo com a percepção de bem-estar reportada pelos participantes, os pesquisadores concluíram que são necessários, ao menos, 2 horas semanais de contato com a natureza, seja nos parques urbanos ou nas montanhas, para que as pessoas sintam melhora na saúde e na própria sensação de bem-estar.
Uma
das descobertas mais interessantes do estudo é o fato de que não importa se a
pessoa aproveita as 2 horas ou mais em um mesmo dia ou se esse período é
fracionado em porções menores durante o decorrer da semana. A mudança na saúde
dessas pessoas é representativa no período de 120 a 300 minutos. Após esse
período não identificou-se melhoras significativas extras. Mas, os
participantes que passaram menos de 120 minutos na natureza não sentiram a
influência positiva na saúde.
Outra
conclusão do estudo é que não importa se este tempo ao ar livre é passado em um
parque dentro das cidades ou em uma imersão total na montanha. As duas
situações se refletem positivamente no bem-estar pessoal de forma efetiva.
Recentemente a Thais publicou aqui no Blog um post super legal com dicas para quem quer meditar, mas não sabe como. Meditar é observar nosso estado mental, é estar consciente e capaz de observar os pensamentos que passam pela nossa mente. Para isso, é importante fazer da meditação um hábito e trazer essa prática para o nosso dia-a-dia. Você pode começar a meditar prestando atenção na sua respiração, mentalizando um mantra ou usando uma meditação guiada!
Foto: Get Outside BR / Arquivo Pessoal
Eu (Duda) separei alguns aplicativos que eu gosto e
que podem ajudar a te guiar na sua meditação:
Insight Timer:
Para mim o Insight Timer é um dos
aplicativos de meditação mais completos! Lá você encontra meditações guiadas,
cursos sobre diversos tópicos, músicas para ajudar a dormir e meditações para
fazer com as crianças. Além disso, pelo aplicativo você pode colocar um
cronômetro com algum som que prefira para delimitar o tempo da sua meditação.
Calm: O Calm é um aplicativo que disponibiliza várias
meditações guiadas e também pode te ajudar na hora do sono através de algumas
histórias relaxantes que estimulam um sono mais profundo e natural.
Headspace: No Headspace você encontra meditações guiadas para
todos os momentos! No aplicativo você também pode acessar um curso rápido para
compreender melhor os princípios básicos da meditação.
Zen: O Zen é um aplicativo que conta com programas de
meditação, além de outros conteúdos para te estimular no caminho do
autoconhecimento como podcasts e séries.
Todos esses aplicativos têm uma versão gratuita e
estão disponíveis em português.