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O Kilimanjaro é um dos sete cumes, sendo a montanha mais alta do continente Africano. Seu cume está localizado a 5.891 metros de altitude no coração da savana africana, no norte da Tanzânia. Mesmo com números expressivos, essa é uma montanha pouco técnica, portanto, é usada como uma primeira experiência para quem está começando em alta montanha.

O Eduardo Sartor, da Grade 6, acabou de voltar de uma expedição ao Kilimanjaro e contou alguns detalhes dessa montanha, falou sobre o preparo físico e também sobre os resíduos encontrados na montanha.

The North Face Brasil: Apesar de ser um dos 7 cumes, o Kilimanjaro não é uma montanha que exige muita técnica. Quais são as maiores dificuldades que os montanhistas encontram por lá?

Eduardo Sartor: A maior dificuldade que os montanhistas encontram no Kilimanjaro, que é uma montanha não técnica, é a questão da altitude. Porque, por se tratar de uma montanha isolada, qualquer ascensão em qualquer rota, começa em uma altitude mais ou menos de 1.800 metros e chega-se rápido ao cume, que tem 5.891 metros de altitude. Então, a maior preocupação e dificuldade seria no quesito fisiológico por atingir uma altitude grande em poucos dias.

The North Face Brasil: Qual é o melhor período do ano para subir o Kilimanjaro?

Eduardo Sartor: Como o Kilimanjaro está localizado na África e perto da linha do Equador, é uma montanha que não tem uma temporada muito definida. Você consegue fazer cume lá durante quase todo o ano, por isso ela está entre as montanhas de altitude mais escaladas do mundo, junto o Cotopaxi e o Mont-Blanc.

O Kilimanjaro é a montanha mais alta da África. | Foto: Eduardo Sartor/Grade 6

The North Face Brasil: Existe algum pré-requisito para participar de uma expedição ao Kilimanjaro? Como é o preparo para essa viagem?

Eduardo Sartor: O Kilimanjaro não tem nenhum pré-requisito técnico. A pessoa precisa estar, pelo menos, em uma boa condição física, com bom condicionamento. Então, para essa viagem, como é uma montanha que não tem nenhuma parte técnica de escalada, seria uma caminhada até o cume, a preparação é basicamente concentrada em exercícios aeróbios e de força, principalmente para membros inferiores e core, que inclui abdominal e costas. Isso porque durante a expedição é preciso carregar a mochila nas costas durante boa parte do percurso e por períodos longos durante o dia. São, em média, 11 quilômetros de trekking por dia.

A expedição total leva, em média 10 dias desde a saída do Brasil. Mas, em montanha são sete dias e seis noites.

The North Face Brasil: Neste ano vocês se depararam com uma montanha muito gelada. O cenário estava muito diferente das outras expedições?

Eduardo Sartor: Sim, estava bem diferente porque tinha nevado muito nos dias anteriores, então, a neve ficou acumulada em nosso caminho ao cume. Isso não deixou a expedição mais difícil, mas exigiu mais atenção, justamente porque, com a neve compactada, o terreno estava bem mais escorregadio.

Diferente de outras temporadas, em fevereiro de 2020 o cume do Kilimanjaro estava cheio de neve. | Foto: Eduardo Sartor/Grade 6

The North Face Brasil: Qual rota vocês fizeram?

Eduardo Sartor: A rota que a gente escolhe no Kilimanjaro chama-se Marangu, conhecida também como Coca-Cola. É a rota mais acessível. Lá é possível chegar carro de resgate até o segundo acampamento, portanto tem um diferencial de segurança. Além disso, essa é a única rota que a gente dorme em “cabanas”, o que possibilita mais conforto, é possível ficar em pé dentro do abrigo. Então, para uma primeira experiência em alta montanha, a gente usa essa rota por conta de todas essas facilidades.

O Kilimanjaro não é uma montanha muito técnica. | Foto: Eduardo Sartor/Grade 6

The North Face Brasil: Na expedição desse ano vocês tiveram uma outra missão até de alcançar o cume: retirar os lixos deixados na trilha. O que vocês encontraram por lá? Qual foi o saldo dessa experiência?

Eduardo Sartor: Nesse ano a gente levou uma série de ecobags, que nós já tínhamos levado também para o Everest. No caminho nós recolhemos os lixos que foram descartados inadequadamente na trilha e também os resíduos produzidos por nós mesmos. Nós encontramos bastante bitucas de cigarro, garrafas plásticas, papéis, lenços umedecidos, papel de bala… parte disso é de estrangeiros e parte dos próprios locais.

A experiência de ter começado esse trabalho em nossos trekkings, com mais consciência, menor consumo de plástico e recolhendo o lixo que outras pessoas deixaram para trás, torna o ambiente mais agradável e ajuda a manter a trilha saudável para que as gerações futuras também possam desfrutar desses locais. No Kilimanjaro foi uma experiência muito boa, apesar de termos encontrado bastante lixo, mas, de uma forma geral, a gente acredita que mantendo essa linha de raciocínio, a gente consiga só pelo gesto conscientizar outras pessoas que veem isso e participam de expedições em montanhas ao redor do mundo.


Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.