Inspiração

A presença de brasileiros praticando esportes de neve está cada vez maior. O Brasil pode até ser um país tropical, mas isso não tem nos impedido de desbravar as montanhas geladas e dominar as pistas nas mais diversas estações de esqui pelo mundo. De acordo com a Confederação Brasileira de Desportes na Neve, aproximadamente 500 mil brasileiros viajam para destino de neve todos os anos. O paulista Eric Patat é uma dessas pessoas. Duas vezes ao ano ele troca o skate pelo snowboard e aproveita muito todas as emoções do inverno nos dois hemisférios.

Quando está no Brasil, Eric se divide entre os trabalhos como modelo, produção de conteúdo e o skate. A modalidade escolhida por ele é o Carveboard, praticado com um skate mais longo, equipado com pneus e que consiste, basicamente, em realizar manobras e curvas em superfícies duras, como o asfalto. O esporte sobre rodas é uma ótima opção para simular manobras realizadas na neve e um jeito diferente de se preparar para quando a temporada de inverno chega.

 

 

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Ao contrário do que acontece com a maior parte dos brasileiros, o Eric não começou no surf ou skate e depois migrou para o snowboard. A trajetória dele foi totalmente inversa. Durante uma viagem de férias ao Chile ele teve o primeiro contato com o snowboard, sem ao menos saber andar de skate. Na estação de esqui ele nem fez aula. Pegou a prancha e foi para pista, na raça. Muitos tombos depois, ele foi pegando o jeito do esporte e não parou mais. “Eu não fiz aula, aprendi sozinho, na raça, ou seja, caí muito e me arrebentei muito. Por isso, sempre aconselho quem quer começar no esporte a fazer aulas, assim você aprende da maneira correta, mais rápido e sofre menos”, explicou o snowboarder e skatista.

Esse foi o primeiro passo para que as duas paixões surgissem: o amor pelas descidas na neve e pelo carveboard. Eric se envolveu tanto com os dois esportes que se tornou tricampeão brasileiro de Carveboard e foi convidado para ser um dos embaixadores da estação de esqui de Andorra, destino para onde ele vai todos os anos.

Sobre as duas modalidades, ele explica que existem muitas semelhanças, mas também algumas diferenças essenciais, que obrigam os atletas a treinarem bastante até se adaptarem. Em relação às manobras, para ele os dois esportes são muito parecidos. Os movimentos do corpo também são semelhantes tanto no asfalto, como na montanha. Entre as diferenças, além da temperatura e das roupas, um dos grandes destaques é a questão dos pés e do atrito: “No snowboard ficamos com os pés presos na prancha, já no skate/carve existe apenas a lixa que dá um grip, mas os pés ficam soltos. Até por isso, no snowboard ‘andamos’ apenas na descida, diferente do skate que é possível ‘remar’ e andar no plano. No snowboard, a prancha tem menos atrito com o solo, a neve no caso, onde é possível ‘deslizar’ com a prancha de lado com mais facilidade. Os tombos no asfalto machucam mais, pelos ralados, mas se a neve estiver dura também dói bastante”.

 

 

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Mesmo com as características singulares de cada esporte, poder usar modalidades “tropicais” para treinar para a neve é uma saída importante para os brasileiros que querem chegar nas estações de esqui com o preparo físico em dia e com a técnica apurada. “Ajuda muito. A base de prancha, o equilíbrio, essas coisas ajudam bastante. Cada modalidade tem sua particularidade, mas, sem dúvida, esse intercâmbio de modalidades é bem interessante. Skate, surf, snow, wake, carve…”, explica Eric. Ainda assim, ele complementa os treinos com exercícios específicos para ter mais força e, nos meses que antecedem as viagens de inverno, tem um cuidado extra com os outros esportes para evitar lesões.

Sobre os perrengues, como todo brasileiro acostumado com o calor, uma das maiores dificuldades de Eric quando começou a andar de snow foi o frio. Antes de saber exatamente qual roupa vestir, ele passou muito frio, principalmente por ficar molhado (clique aqui e saiba como evitar esse problema). Depois, já mais experiente, os perrengues também foram ficando diferentes. Um dos estilos que Eric mais gosta é o “freeride”, em que ele se aventura fora das pistas, mas essas “saídas” já resultaram em alguns perdidos e ele já chegou até a ficar preso na neve. Mas, nada disso atrapalha a diversão e prazer desse brasileiro que vive entre o asfalto e o snow.

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Snowboard em Andorra. – Foto: Eric Patat/Arquivo pessoal

Escrito por

Thaís Teisen

Jornalista, formada pela FIAM-FAAM, com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. É apaixonada por esportes, natureza, música e faz parte do time The North Face de Conteúdo Digital.